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Lutas

Brasileiro exalta a evolução do Taekwondo: 'Demos um grande salto'

Multicampeão no Taekwondo nas décadas de 80 e 90, brasileiro analisa situação do esporte no país, destaca evolução e faz projeções; confira a entrevista completa:

7 nov 2018 - 15h32
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Por Mateus Machado

Com 51 anos, o brasileiro multicampeão Milton Iwama tem uma vida dedicada ao Taekwondo (Foto: Divulgação)
Com 51 anos, o brasileiro multicampeão Milton Iwama tem uma vida dedicada ao Taekwondo (Foto: Divulgação)
Foto: Lance!

Uma vida dedicada ao Taekwondo. Assim pode ser resumida a trajetória de Milton Iwama. Atualmente com 51 anos, o paulista de Marília começou na modalidade em 1980 e, desde então, se dedicou integralmente ao esporte, onde conquistou diversos títulos e ajudou diretamente no desenvolvimento da arte marcial no Brasil e também nos Estados Unidos, onde está atualmente, analisando propostas de trabalho.

Hoje esporte olímpico, o Taekwondo evoluiu de forma constante nos últimos anos, diferente do que acontecia no período em que "Miltinho" começou. O brasileiro, então, fez um paralelo sobre as mudanças ocorridas no esporte até os dias atuais.

- Já demos um grande salto com o esporte no Brasil. O Comitê Olímpico trabalha diretamente com a Confederação Brasileira de Taekwondo, auxiliando até no gerenciamento de verbas, recursos... O Ministério do Esporte também vem contribuindo com a divulgação do Taekwondo a partir do momento que se tornou esporte olímpico, bem diferente da década de 80 e 90, quando se ouvia falar no esporte apenas em situações isoladas. Atualmente os atletas já tem certo apoio, e não precisam se preocupar tanto com certas despesas, ao contrário de anos anteriores - analisou.

Confira a entrevista completa:

- História com o Taekwondo e títulos

Tenho 51 anos e tenho contato com o Taekwondo desde 1980. Nasci em Marília (SP), cresci em SP, tive escolas de Taekwondo em Santo André e Campinas, sou formado em Processamento de Dados e fiz três anos de Educação Física. Minha primeira academia foi em Campinas, em 1983 e, logo na sequência, abri uma segunda unidade, em 1987. Após me formar, voltei para Campinas e abri minha terceira escola de Taekwondo. Eu fui 8 vezes campeão paulista, 7 vezes campeão brasileiro, sou vice-campeão do mundo, sou o primeiro brasileiro a conquistar a medalha de prata em mundiais. Tive três participações em US Opens de Taekwondo, sendo medalha de ouro em 1994, prata em 1995 e bronze em 1996. Também tive quatro participações em Pan-Americanos, sendo bronze em 1988, quinto colocado em 1990, prata em 1992 e prata em 1994. Sou campeão Sul-Americano de 1992, fiz parte da seleção All-Star em 1994 e 1998, que é formada por atletas de vários países e essa seleção faz turnê em diversos países para divulgar o esporte para o resto do mundo.

- Início com o Taekwondo no Brasil

Eu iniciei a prática em 1980, em Santo André (SP). Por um período, eu dei aulas na academia de Santo André e depois me transferi para Campinas, onde tive minhas escolas. Foi o período onde participei de basicamente todas as competições, de 1986 até 1996/1997. Fiz parte da seleção brasileira durante esse período e representei o país nos eventos internacionais. Atuei nesse período como atleta da seleção brasileira e técnico das minhas escolas nos eventos onde minha academia tinha representatividade. Em 1998, me mudei para os Estados Unidos para dar aula na Califórnia e perdi contato com o Taekwondo do Brasil. Meu regresso ao Brasil ocorreu em 2004 e voltei em 2011, como árbitro e coordenador de arbitragem da Confederação Brasileira de Taekwondo, até fevereiro de 2018.

- Diferença do Taekwondo para outras artes marciais

A diferença do Taekwondo em relação às outras artes marciais é a especialidade em chutes. Existe um treinamento específico para você ter técnicas bem flexíveis, plásticas e bonitas. Utiliza-se alguns golpes com a mão, porém, 70% das técnicas, basicamente, são utilizadas com os chutes.

- De que forma você procurou empregar o Taekwondo no Brasil?

Eu tentei utilizar da melhor maneira possível todo o conhecimento que adquiri como atleta, instrutor, técnico e no final, como árbitro, tentando proporcionar e levar a minha experiência através de seminários que foram solicitados. Eu estive presente na maioria dos estados brasileiros, divulgando e promovendo a arte do Taekwondo. Foi uma experiência muito boa, porque foi uma troca de informações, conhecimentos, experiências. Foi um aprendizado para todos nós. A modalidade no Brasil, basicamente, existe uma disparidade. Existem estados que tem muito mais recursos e apoios a nível de governo, então eu acho que existe um desequilíbrio de conhecimento e de desenvolvimento técnico devido a esse fator, que é a falta de recursos. Com isso também, eu acho que essas palestras que eu tive oportunidade de proporcionar para as federações que me solicitaram presença, eu pude proporcionar a esse pessoal um pouco mais de contato com o Taekwondo mais técnico, tático, realmente a nível de competição.

- Como o Taekwondo vem evoluindo no Brasil?

Na minha opinião, já demos um grande salto. O Comitê Olímpico trabalha diretamente com a Confederação Brasileira de Taekwondo, auxiliando até no gerenciamento de verbas, recursos... O Ministério do Esporte também vem contribuindo com a divulgação do Taekwondo a partir do momento que se tornou esporte olímpico, bem diferente da década de 80 e 90, quando se ouvia falar no esporte apenas em situações isoladas. A nível de apoio, o atleta hoje em dia já tem apoio, ele já não precisa se preocupar tanto com certas despesas, ao contrário de anos anteriores. Hoje, em alguns eventos, já não temos mais esse problemas. O atleta tem apoio para competir, já recebe recursos para treinar e competir. Mesmo com esse apoio, ainda falta oferecer condições para que o atleta se mantenha treinando, sem se preocupar com o meio de sobrevivência, porque muito atleta tem a passagem garantida, porém, ele tem que trabalhar para cumprir com suas obrigações pessoais, de vida mesmo. Ainda que tenha um certo apoio, ainda falta melhorar muita coisa.

- Como o Taekwondo vem sendo empregado nos EUA?

Eu vim para os EUA por motivos pessoais. Tenho alguns contatos aqui e, desta forma, recebi propostas para voltar a trabalhar com o Taekwondo a nível de dar aulas, ser técnico e também atualizar os atletas e até os professores em termos de arbitragem. É uma coisa que levanta muita curiosidade do pessoal aqui nos EUA, porque a visão que eles tem de Taekwondo, de competição, é um pouco diferente ao nosso. Nosso estilo Sul-Americano é diferente com o estilo Norte-Americano. Nosso estilo é mais agressivo, se treina mais pesado, então, num primeiro momento, causou um impacto positivo. O pessoal está bem animado com a possibilidade de eu poder auxiliar para o desenvolvimento deles em termos de competição.

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