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Lutas

Com neto de Servílio, clã Oliveira festeja 50 anos de glória no boxe

Aos 70 anos, medalhista olímpico em 1968 acompanha o sucesso de Bolinha, sob cuidados do filho Pitu

28 jul 2018 - 17h12
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Em 1968, o boxeador Servílio de Oliveira, então com 20 anos, conquistou a medalha de bronze na Olimpíada do México. Cinquenta anos depois, o clã Oliveira está de volta aos ringues. Neste ano, Luiz Gabriel Oliveira, o Bolinha, neto de Servílio, já foi campeão de competição nos EUA e disputa vaga no time brasileiro de boxe para os Jogos de Tóquio de 2020.

São cinco décadas de grandes feitos da "família Oliveira" no boxe nacional. O clã ainda conta com Gabriel e Ivan, filhos de Servílio - dois dos maiores treinadores da modalidade no Brasil e responsáveis pela formação de vários boxeadores.

Ivan, o Pitu, reúne em sua casa na zona leste de São Paulo jovens pugilistas de todo o País e os treina diariamente na busca do aprimoramento técnico, físico e mental. "Eles têm regras e deveres diários. Treinamos para a formação de boxeadores. Alguns pensam diferente e não aguentam o ritmo", diz Pitu, que leva seus conhecimentos desde 2012 a lutadores também do MMA, como Demian Maia, ex-campeão do UFC.

Pitu foi o técnico do peso pena Valdemir Sertão Pereira, último campeão mundial do boxe brasileiro, em 2006, quando ele tinha apenas 25 anos. Olha para o garoto e vê um grande futuro.

Aos 17 anos, Bolinha coleciona bons resultados desde 2014. O último deles foi em maio, nos Estados Unidos, com direito à vitória sobre adversário anfitrião. "Quando fiz minha estreia no boxe profissional, tinha menos de 20 lutas. Ele já tem mais de 50", comparou Servílio. "O garoto tem muito mais preparo do que eu tive lá atrás."

Bolinha luta entre os moscas, assim como o avô, mas é bem mais alto do que ele. Dono de um estilo bonito, sabe se movimentar no ringue, aplica os golpes com precisão e luta em qualquer distância. Apesar da boa estatura, gosta do combate corpo a corpo. "A gente não se preocupa com o peso que ele possa vir a atingir com a idade. O importante é focar na parte técnica", disse Pitu, que faz palestras e dá treinos em todo o mundo.

Servílio tem orgulho do que deixou para a família, esse amor ao boxe. "É uma alegria grande ver meus filhos seguindo meus passos e tendo sucesso", afirmou ele, para muitos críticos o segundo maior pugilista do Brasil em todos os tempos, apenas superado por Eder Jofre.

Após a medalha olímpica, Servílio passou a profissional, mas um descolamento de retina em 1971 o impediu de continuar nos ringues. "Com certeza, ele seria campeão mundial", diz Newton Campos, presidente da Federação Paulista de Boxe.

FAMÍLIAS

O boxe é um esporte individual, exige treinamento duro e castiga fisicamente seus praticantes. Segundo estudo feito pelo canal norte-americano ESPN, é a modalidade mais difícil para ser praticada. Isso explica o fato de muitas famílias se dedicarem à carreira de seus sucessores. "Ninguém poderia ser melhor para estar ao meu lado, no córner, me orientando, do que meu pai", costuma repetir Eder Jofre, hoje com 82 anos.

No Brasil, o maior exemplo é dado pelos mais de 20 pugilistas do clã Zumbano-Jofre, que teve em Eder, maior peso galo da história, seu maior exemplo.

O boxe brasileiro tem boas esperanças de título mundial com os irmãos Esquiva e Yamaguchi Falcão, medalhistas na Olimpíada de Londres. Mas não é só no Brasil que clãs persistem. A categoria dos pesos pesados foi dominada por uma década neste século pelos irmãos ucranianos Vitaly e Wladimir Klitschko. O mexicano Saul Canelo Alvarez é um dos melhores boxeadores do momento. Ele vem de família de seis irmãos boxeadores.

Estadão
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