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Lutas Olímpicas

Derly enfrenta peso e ansiedade rumo aos Jogos de 2012

25 fev 2011 - 08h01
(atualizado às 11h00)
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Daniel Favero
Direto de Porto Alegre

Após mais de um ano parado por causa de duas cirurgias no joelho, João Derly, judoca bicampeão mundial enfrentou o aumento de peso, a ansiedade e a ociosidade para voltar aos tatames em busca de uma vaga para a Olimpíada de 2012 em Londres. "Depois da primeira cirurgia (em janeiro de 2010) sofri muito com ansiedade, descontei bastante na comida e engordei bastante", diz o atleta em conversa com o Terra, em seu segundo dia de treino na Sociedade de Ginástica Porto Alegre (Sogipa), após a recuperação.

"Tu tem um gasto calórico muito grande por estar em atividade e para de repente, não podendo nem praticamente andar. Tinha que andar em uma perna só, de muletas", explica. Após a primeira cirurgia em janeiro do ano passado, Derly teve que voltar à mesa de operação para realizar um procedimento corretivo no mesmo ligamento cruzado, em julho daquele ano, prolongando ainda mais seu afastamento.

"Mas agora estou bem motivado, acho que tem tempo ainda de chegar a essa Olimpíada para ver se busco a medalha que está faltando", diz o judoca. A mulher, Gabriela, que João conheceu nos tatames, confirma a motivação e diz que a experiência serviu para dar mais vontade de "voltar às competições e buscar resultados".

Com 73 kg de peso, que o colocam na categoria leve, Derly diz que está em forma e já enfrenta uma rotina diária de seis horas de treino, entre fisioterapia e tatame, já com os olhos voltados para a seletiva que será realizada no dia 25 de março na Bahia. Ele diz que mesmo com a possibilidade de não estar "em condições de ser bem competitivo", pelo pouco tempo que resta de preparação, vai entrar na seletiva da mesma forma.

Além disso, Derly diz que vai buscar sua vaga para os Jogos Olímpicos também com a pontuação obtida em competições internacionais que podem possibilitar uma boa colocação no ranking mundial. Dessa forma, as cinco maiores pontuações que forem obtidas são somadas, e os 22 melhores colocados de diferentes países conseguem uma vaga para Londres.

Rotina de treino
Após mais de um ano longe dos tatames, o atleta, que é surfista nas horas vagas, pegou gosto pela pesca, seu mais recente hobby. "Se deixar, passo a noite pescando", afirma Derly, que sofre agora com a rotina exaustiva treinos. São duas sessões de fisioterapia, além de um treino físico e outro técnico.

As maiores preocupações de Derly são perder o medo do joelho recém recuperado e recobrar a força, uma de suas características, conforme afirma o técnico Antonio Carlos Pereira, o Kiko, que o acompanha desde seu primeiro contato com o esporte. Nesse ano parado, até os dedos do atleta sentem a falta do quimono, afirma o judoca mostrando bolhas na ponta dos dedos. "Meu principal objetivo é voltar a competir".

O apoio da família e a religião são fatores importantíssimos para o atleta que teve o primeiro contato com o judô em 1988, aos sete anos (ano em que o judoca Aurélio Miguel conquistou o ouro nos jogos Olímpicos de Seul) por indicação médica. "Achei judô interessante porque era uma criança hiperativa e gastava muita energia . Também foi um ano importante para o judô, porque foi quando Aurélio Miguel conquistou a medalha olímpica, então tinha um ídolo a ser seguido".

Aos 17 anos, após conquistar um torneio na Itália, no qual enfrentou atletas de expressão internacional, Derly percebeu que o judô poderia lhe trazer muitas glórias na sua vida e passou a se dedicar ainda mais ao esporte. De acordo com o pai, João Derly, que chama o filho (o caçula da família) de Júnior, esta viagem foi paga pelo próprio filho. "Na época ele recebia uma bolsa do governo e juntou dinheiro por um ano para pagar a ida à Itália", lembra.

Derly casou há três anos com Gabriela, que conheceu nos tatames, após um ano de namoro. Segundo ele a experiência do casamento é muito positiva porque trouxe amadurecimento. A atividade principal de Derly é o judô, mas ele se divide ainda entre o Instituto Pódium, que dá aula para crianças da rede pública de ensino, e a faculdade de educação física, que vai fazendo aos poucos.

Sobre o incidente com o atleta português Pedro Dias, que após derrotar Derly nos jogos olímpicos de 2008, disse que o humilhou porque o brasileiro o teria traído com sua ex-namorada, Derly afirma que Dias se destruiu quando mandou uma carta retratando o que havia dito. "Ele se desmentiu quando mandou a carta reformulando o que tinha dito e dizendo que a imprensa valorizou. Não sei se ele quis apenas aproveitar a oportunidade e aparecer um pouco, não sei o que aconteceu direito, mas depois que ele mandou aquela carta, ele mesmo se destruiu", afirma o brasileiro. Segundo Derly, os dois se conheciam de competições e treinamentos, mas não tinham relações de amizade mais próxima.

Recuperado de cirurgia, João Derly volta aos tatames e corre atrás de uma vaga para a próxima Olimpíada
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Foto: Tárlis Schneider/Agência Freelancer / Especial para Terra
Fonte: Terra
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