Atletas creem que "tudo pode acontecer" com homens e mulheres juntos no TUF
Dana White tem se esforçado para consolidar o MMA feminino no Ultimate Fighting Championship (UFC). Para isso ele tem colocado a campeã Ronda Rousey em destaque nos eventos e já está colocando em prática uma nova ideia: fazer com que lutadoras treinem homens e mulheres no realty show The Ultimate Fighter (TUF). O programa, que vai ao ar nos Estados Unidos em agosto, certamente divulgará o MMA feminino, mas não somente pelo que acontecerá dentro do octógono. Fora dele, na casa em que todos ficarão confinados, os próprios lutadores apostam que "tudo pode acontecer", como afirmou a atleta Ana Maria Índia em entrevista ao Terra. A expectativa é que possam surgir relacionamentos amorosos no programa, inclusive entre mulheres. Até mesmo a questão do sexo antes das lutas tem sido discutida.
Hugo Wolverine e Rodrigo Damm são experientes quando o assunto é TUF - eles se destacaram na primeira temporada brasileira do programa, que foi ao ar no começo do ano passado. Ambos se animaram com o anúncio do novo reality show: "vai ser um marco no esporte. Vai ser bom pra mostrar a imagem do MMA feminino, mas sem tirar o charme e as características que as mulheres têm. Elas são grandes guerreiras, bem impetuosas, querem terminar a luta o mais rápido possível, bem diferente dos homens. Vai desmistificar muita coisa no esporte, é um momento importante", afirmou Hugo.
Já Rodrigo é irmão mais novo de uma das principais atletas do MMA feminino no Brasil, Carina Damm, que até tentou passar nas eliminatórias para o programa. E Rodrigo também ficou animado com a realização do programa: "espero que elas mostrem que vieram pra ficar. Tem que fazer um bom trabalho, mostrar técnica, garra e dar show principalmente", pediu Rodrigo.
Mas nem tudo será tão bonito no primeiro TUF feminino. A possibilidade de um relacionamento entre lutadores e lutadoras durante o reality show é real e desperta polêmica. Rodrigo, por exemplo, vê o tema com preocupação: "acho meio complicado. Tem que ter respeito, principalmente quem é casado, porque tendo mulher junto na casa é complicado. Acho que pode acontecer (sexo), porque o cara fica lá sem mulher, na porrada, então fica meio sensível na casa", afirmou o atleta, que é casado e se sentiu aliviado por não ter visto mulheres durante sua participação no TUF.
Mas a preocupação com beijos e sexo não é uma unanimidade. De acordo com Ana Maria Índia, uma das lutadoras mais experientes de MMA no Brasil, isso também pode ajudar: "acho que pode somar. Claro, sem pensar em sacanagem. Não tenho namorado, mas se tivesse alguém legal, duvido que o sexo me atrapalharia, porque seria uma energia positiva. Se tenho alguém que some, que vá me fazer carinho e de repente rola sexo, não acho que isso vá atrapalhar", afirmou ela, que estava sem lutar por três anos, mas retornou aos octógonos neste ano com vitória.
Se fosse participar do TUF, Ana afirmou que provavelmente não se envolveria com nenhum atleta na casa. Mas ela acredita que este comportamento não será uma regra: "conheço todo tipo de gente. Tem muitas lutadoras que aproveitam. Como já está aqui, aproveita e se diverte. E como o TUF é lá fora (nos EUA), as pessoas têm a cabeça mais aberta e tudo pode acontecer lá dentro".
Há também uma divisão de opiniões sobre as vantagens de namorar um lutador. Ana Maria, por exemplo, lembrou o ditado "onde se ganha o pão não se come a carne" para afirmar que prefere não se envolver com colegas de treino. Já Hugo Wolverine entende que é até mais fácil manter um namoro com alguém da mesma profissão: "já tive um (relacionamento com lutadora). Isso ajuda, porque elas compreendem nossa vida. Não é fácil a nossa rotina, e pessoas da mesma profissão se entendem melhor", apontou ele.
Uma das poucas mulheres que já entrou no octógono do UFC, Miesha Tate será treinadora no TUF "misto" e levantou outra abordagem sobre o reality show: ela acredita que também podem acontecer relacionamentos homossexuais, já que muitas lutadoras de MMA têm essa orientação sexual. Ana concorda com a americana e alerta sobre possíveis conflitos: "frequento muitos campeonatos e realmente tem muita menina que gosta de menina. Não tenho preconceito e algumas já ficaram na minha casa, mas não tive como conviver porque elas faltavam com respeito. Mas isso depende da pessoa, não do sexo ou da opção sexual", opinou Ana.
Polêmicas à parte, os lutadores entram em consenso sobre uma questão: não haverá qualquer preconceito dos homens contra as treinadoras. Afinal, nas academias é comum vê-los treinando juntos e sempre há muito respeito. Wolverine, por exemplo, relatou que já aprendeu boxe com a medalhista olímpica Adriana Araújo, além de ter praticado wrestling com Lais Nunes. E para as mulheres isso é ainda mais comum, uma vez que a quantidade de meninas lutando ainda é muito pequena.
"É muito natural. Praticamente nunca tive acesso para treinar com mulher. Então sempre fui única no meio de 50 homens e sempre tentei dar meu melhor, sempre tentei fazer tudo que eles faziam. A gente discute muito sobre treino e eles têm respeito pelo meu conhecimento", afirmou Ana Maria. Dessa forma, ela comprovou que, além de divulgar o MMA feminino, Dana White pode conseguir outros objetivos com o primeiro TUF feminino. Resta saber se todas consequências serão boas ou se as polêmicas dominarão o programa.