Campeão dos médios lembra acidente que mudou sua vida
Lutador relembra período de reflexão que o levou a começar no jiu-jítsu e fala sobre motivação para conquistar cinturão do XFC
Em algum momento na vida, um "estalo" acontece e a pessoa se questiona sobre como deveria escrever seu nome na história do mundo. Para Alberto Uda, campeão da primeira temporada do XFC na categoria peso-médio (até 84kg), esse dilema veio após um acidente de moto em Blumenau (SC) e que foi responsável indireto pelo ingresso do jovem nos esportes. Após muitas dificuldades, inclusive financeiras, o lutador hoje espera pela oportunidade de disputar o cinturão da franquia em uma edição internacional, algo inédito.
Hoje com 30 anos, Alberto Uda lembra perfeitamente do dia que mudou sua vida. Em uma tarde andando de moto em Blumenau, cidade que fica a 152 km da capital Florianópolis, Uda foi surpreendido por um carro na contramão. O que poderia ser um acidente fatal transformou-se em longos meses "de molho". O tempo ocioso foi demais para o jovem agitado, que pensou: "Preciso achar um jeito de escrever meu nome na história". Dessa maneira, literalmente acidentalmente, Alberto começou a praticar jiu-jítsu, aos 20 anos de idade.
E foi somente no segundo campeonato de jiu-jítsu que disputou, e venceu, que Alberto Uda começou a convencer os familiares de que estava determinado a dar um jeito no próprio destino. Hoje faixa preta na arte suave, Uda divide seu tempo entre dar aulas de jiu-jítsu e muay thai na academia e nos treinos que o preparam para as lutas de MMA.
"Os ensinamentos e a disciplina do jiu-jítsu me fascinaram desde os primeiros contatos que tive com o esporte e que procuro passar para os meus alunos na academia. Aquele acidente de moto me fez mudar completamente de atitude porque decidi dar um rumo à minha vida e me tornar o campeão que sou hoje. Quebrei a perna, não cicatrizava nunca e isso foi me trazendo muita reflexão sobre o que eu deixava de fazer enquanto jovem. Hoje sou focado, determinado e gosto de competir em tudo que é campeonato. Mas eu tive que superar até a desconfiança da minha família no meu início no mundo dos esportes e, agora, eles são meus maiores fãs e incentivadores", conta.
Com apenas quatro anos como lutador de MMA, Alberto Uda permanece invicto com oito combates e oito vitórias. Após se destacar em eventos nacionais, o atleta participou da primeira temporada de torneios do XFC no Brasil. Na estreia, em março de 2014, a vitória veio por decisão unânime dos juízes. No mês seguinte, o triunfo veio no segundo round com nocaute técnico. Na final contra Thiago Rela, no XFCi 5, em Osasco, São Paulo, em junho do ano passado, Alberto Uda apresentou seu trunfo: vitória por finalização com um triângulo ainda no primeiro assalto. Para o lutador, o ingresso no XFC serviu como um segundo marco na sua carreira, já que pensou em esquecer o sonho de ser campeão nas artes marciais mistas por conta das dificuldades financeiras.
"A entrada no XFC já foi uma mudança de patamar e a conquista do medalhão de ouro na primeira temporada mudou radicalmente a minha vida. As pessoas que me olhavam torto na cidade por eu andar de moto, passaram a me respeitar pela pessoa que eu sou. Além disso, eu trabalhava em uma empresa e dividia meu tempo com os treinos. Eram muitas dificuldades financeiras e pensei até em largar o MMA. Com o título, tudo mudou. Hoje em dia, dou aulas na academia, faço meus treinos de MMA e fico envolvido 100% com esporte", comenta Alberto Uda.
Sonho por cinturão em evento internacional
Após o título da primeira temporada na divisão até 84 kg, Alberto Uda já fez uma superluta pela franquia. Em março de 2015, no XFCi 9, realizado em São Paulo, o atleta da Nova União/Thai Gaspar, de Blumenau, venceu o bielorrusso Boris Miroshnichenko por nocaute técnico no terceiro round. Sem esconder a ansiedade, o lutador sonha em disputar o cinturão dos pesos-médios da organização.
"Todos os lutadores do XFC nos pesos-médios estão de olho nesse cinturão que está vago. Claro que, por eu ter conquistado a primeira temporada e permanecer invicto na carreira, me sinto mais próximo desse objetivo. Ninguém se dedica mais do que eu por esse cinturão. Ainda não sei quando ou onde vai ser, mas seria legal fazer um evento internacional. Os organizadores disseram que têm grande chance de ser fora do Brasil. Mas, apesar de nunca ter lutado fora do país, não fico nervoso por isso. Se for no Brasil, ótimo. Se for fora, está tudo certo também. Só falta comprar a passagem", finaliza Alberto Uda.