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Marrocos derruba clichês com time leve e sólido, colocando o país no mapa da Copa

Seleção africana joga sem pressão e chega à semifinal para encarar a França como a sensação do Mundial 2022

14 dez 2022 - 08h10
(atualizado às 09h43)
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Jogadores da seleção de Marrocos comemoram classificação para as semifinais da Copa do Mundo do Catar após vitória sobre Portugal
Jogadores da seleção de Marrocos comemoram classificação para as semifinais da Copa do Mundo do Catar após vitória sobre Portugal
Foto: Carl Recine

Sensação da Copa do Mundo do Catar, a seleção do Marrocos é de longe a que mais está curtindo o Mundial e, talvez, o time mais difícil de ser batido. Desde que o técnico Walid Regragui assumiu a equipe, em agosto, portanto, às vésperas da competição, o time sofreu um único gol em oito partidas. E foi gol contra, do zagueiro Nayef Aguerd diante do Canadá, na primeira fase da disputa em Doha. Mas os segredos de Marrocos não param por aí. Trata-se de uma seleção leve, sem peso de ganhar uma Copa por sua tradição, que já chegou longe e que agora tem no futebol uma diversão. Jogadores e torcedores se unem no país-sede em comunhão que só o futebol pode oferecer. Teve até mãe de atleta dançando em campo após uma vitória.

Os marroquinos se tornaram os primeiros representantes do continente africano a chegar a uma semifinal de Copa do Mundo nos 92 anos de competição. Para isso, se ampararam em um estilo de jogo defensivo, bem diferente do que sempre se propagou nas análises-clichês de futebol - a de que o jogo naquele continente é alegre, voluntarioso, franco ou pouco afeito à obediência tática. Se defender é a primeira lição.

Sólido, o modelo marroquino, no entanto, não é exatamente retranqueiro, longe disso. Tanto é assim que o Marrocos venceu três de suas cinco partidas até aqui, incluindo diante de duas seleções que chegaram muito mais bem cotadas à Copa, a Bélgica (vitória por 2 a 0 na fase de grupos) e Portugal (1 a 0 nas quartas de final). Teve ainda a Espanha, que não foi párea para os marroquinos.

A grande questão é que Walid Regragui conseguiu fazer o Marrocos ter um contragolpe efetivamente mortal. Peça fundamental é o lateral-direito Achraf Hakimi, que atua no PSG da França, justamente o país adversário da semifinal e liderado pelo astro Mbappé. Sua torcida é a mais alegre e barulhenta da disputa, talvez perca ou empate com os argentinos. Os marroquinos não imaginavam que a seleção pudesse chegar tão longe, principalmente diante de rivais com mais tradição. O futebol nunca mais será o mesmo em Marrakech.

Também ajuda muito a seleção do Marrocos o fato de o sucesso na Copa ser um desejo, não uma obrigação. Dito de outra forma, enquanto seleções de ponta, como o Brasil, entram em campo com o peso de brigar pelo título, sempre, os marroquinos querem usufruir do Mundial. Além da torcida, há as reações dos próprios jornalistas do país que acompanham o time.

Nas arquibancadas de pouco ritmo de uma Copa do Mundo, a vibração do torcedor do Marrocos é uma das mais agradáveis. Entre os torcedores há muitos familiares dos jogadores, que viajaram com as custas pagas pela federação marroquina. E, nas coletivas de imprensa pós-jogos, em vez de perguntas aos atletas, os jornalistas do país agradecem pela exibição da equipe. Por mais uma vitória. Mas isso não tira a qualidade de seus jogadores nem a seriedade das partidas. Marrocos dá a bola ao adversário, se defende bem e joga em bloco do meio para o ataque.

Nas coletivas, quando há perguntas de fato, Walid Regragui tem respostas que são a cara do Marrocos nesta Copa do Mundo. "Em uma coletiva de imprensa, três ou quatro partidas atrás, me perguntaram se poderíamos vencer a Copa do Mundo. E eu disse: 'Por que não?' Podemos sonhar. Por que não devemos sonhar? Se você não sonha, não chega a lugar nenhum. Não custa nada", disse o treinador, apontado como uma das principais razões de esse time chegar tão longe.

Depois da vitória sobre Portugal, no sábado, o treinador foi além. "O importante para as gerações futuras é que mostramos que é possível para uma seleção africana chegar às semifinais da Copa." E acrescentou: "Ou até a final, por que não?". Hoje, Marrocos tenta dar esse passo diante da favorita França, como também eram Bélgica, Espanha e Portugal. Se passar, os marroquinos farão a final contra a Argentina.

Estadão
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