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Morre Léo Batista, ícone do jornalismo esportivo, aos 92 anos

Locutor e apresentador da TV Globo estava internado em estado grave no Rio de Janeiro

19 jan 2025 - 15h58
(atualizado às 18h55)
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Morre aos 92 anos Léo Batista, ícone do jornalismo esportivo brasileiro:

Morreu neste domingo, 19, o jornalista Léo Batista, aos 92 anos. O apresentador havia sido diagnosticado com um tumor no pâncreas e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Rios D’Or, no Rio de Janeiro. 

Ele foi hospitalizado no dia 6 de janeiro devido a um quadro de desidratação e dores abdominais. Após exames, foi identificado o tumor.

O velório do comunicador acontecerá das 14h às 16h30 desta segunda-feira,20, na sede do Botafogo, e será aberto ao público. O sepultamento será reservado à família.

Léo Batista
Léo Batista
Foto: Reprodução/TV Globo

Das rádios do interior à locutor de momentos históricos no Rio

Quando vivia em Cordeirópolis, sua cidade natal no interior de São Paulo, o apresentador ainda não era jornalista e nem tinha seu nome artístico. 

Nascido em 22 de julho de 1932 como João Baptista Bellinaso Neto, só adotou o “Léo” na assinatura anos depois, encorajado por um narrador que achava difícil pronunciar seu sobrenome italiano. A solução foi homenagear à irmã, Leonilda, no novo nome. O sobrenome também foi simplificado, grafado sem o “p”. Foi como Léo Batista que ficaria conhecido pelos espectadores de todo o Brasil. 

Filho de imigrantes, o jornalista começou a carreira muito cedo. Aos 15 anos, foi convidado por um primo a fazer um teste de locução para um serviço de alto-falante da sua cidade natal. Deu certo. Dali em diante, o jovem se tornou oficialmente locutor e passou a levar notícias diárias aos moradores de Cordeirópolis. 

Léo Batista
Léo Batista
Foto: Reprodução/TV Globo

A oportunidade abriu portas à Léo Batista e o consolidou como jornalista esportivo. O talento fez com que empresas de rádio se interessassem pelo rapaz que, pouco depois, foi contratado pela Rádio Difusora de Piracicaba como setorista do XV de Piracicaba. Naquele momento, o time atuava na primeira divisão do Paulistão. 

Enquanto se destacava na função, o burburinho de uma tal “rádio com imagem” circulava por todo o País. Era a chegada da TV ao Brasil, que aconteceu em 1950. Em uma entrevista ao jornal Extra!, em 2020, Léo lembrou como reagiu à novidade.

“Eu pensei: ‘Ainda quero trabalhar nisso’. Mas não dava para criar expectativas, não sabíamos muito sobre este ‘rádio com imagem’. Aos poucos, vimos que não era um bicho de sete cabeças. Era algo que estava chegando para revolucionar a comunicação”, contou. 

No mesmo ano, ainda na rádio, ele narrou o que viria a ser um dos muitos momentos históricos de sua carreira: a cobertura da primeira copa do Copa do Mundo no Brasil, com a histórica derrota da seleção para o Uruguai no “Maracanazo”. 

Léo Batista
Léo Batista
Foto: Reprodução/TV Globo

Em 1952, se mudou para o Rio de Janeiro e foi contratado como locutor e redator do programa O Globo no Ar, comandado por Raul Brunini na Rádio Globo. 

Com seu talento para fazer história, ele transmitiu o primeiro jogo da carreira de Mané Garrincha no Botafogo, em 1953. Um privilégio e tanto para um torcedor assumido e apaixonado do glorioso. 

Sua versatilidade também o rendeu momentos históricos para além do futebol. Em 1954, Léo foi o primeiro locutor a noticiar a morte do presidente Getúlio Vargas.

Pioneiro e “a voz marcante da televisão”

A transição de Léo Batista para a tal “rádio com imagem” se firmou apenas cinco anos depois da chegada da televisão no Brasil. Em 1955, ele se tornou o âncora do Telejornal Pirelli, na extinta TV Rio. Bem adaptado e à vontade em frente às câmeras, o jornalista permaneceu no cargo por 13 anos e depois partiu para um período breve na TV Excelsior.

A parceria mais duradoura da sua vida profissional começaria em 1970. Léo Batista conseguiu uma vaga na Globo para trabalhar excepcionalmente na cobertura da Copa do Mundo, no México. Naquele ano, o Brasil levou o tricampeonato com Pelé na equipe. 

Depois da missão cumprida, ele ganhou uma nova tarefa: substituir Cid Moreira em uma edição do Jornal Nacional, proposta diferente do que já estava acostumado no meio esportivo. 

O desempenho foi tão bom que a emissora decidiu renovar a parceria. Quem deu o aval para a contratação foi Boni, na época superintendente de produção e programação da TV Globo. 

Ao Sportv em 2012, Boni apontou o fator determinante para a admissão. “Ele tem jogo de cintura. Na televisão, jogamos tarefas nas costas do Léo para as quais ele não estava preparado, mas o hábito de improvisar o tornava capaz de fazê-las magnificamente bem”, elogiou. 

No Jornal Nacional, Léo Batista chegou a apresentar as edições de sábado. Um ano depois, conquistou um espaço maior: se tornou o primeiro apresentador do Jornal Hoje, em 1971. 

O pioneirismo, marca da sua carreira, o acompanhou em outros programas. Léo também foi o primeiro a apresentar o Esporte Espetacular, em 1973, e o Globo Esporte, em 1978. Por um tempo, ele ainda participou do Globo Rural e narrou os gols da rodada no Fantástico. 

Apesar da gama de experiências na emissora, as “meninas dos olhos”, no entanto, eram os telejornais esportivos. Quem garantiu foi o próprio jornalista, em entrevista ao jornal O Globo em 2010. 

“É evidente que o coração bate mais forte quando se fala em Globo Esporte e Esporte Espetacular. Também fui o primeiro a apresentar os dois, dei o meu molho”, considerou.

Léo Batista
Léo Batista
Foto: Reprodução/TV Globo

O “molho” de Léo Batista o rendeu diversos fãs, incluindo colegas de trabalho como Galvão Bueno e Luís Roberto. O último, inclusive, foi o responsável por atribuir o título de “voz marcante” à ele. 

“Durante uma transmissão, eu estava pensando ‘vou chamar aquela voz que tanto me marcou’, e saiu ‘Léo Batista, a voz marcante da televisão brasileira’. O Léo é uma escola que nós temos”, contou Luís Roberto ao Sportv, em entrevista de 2012. 

O apelido se tornou até nome de série. Lançada em 2024 pela Globoplay, a série Léo Batista, A Voz Marcante conta, em quatro episódios, a história de um dos funcionários mais antigos da TV Globo.  

Era o jornalista que também carregava o título de apresentador a mais tempo em atividade na emissora, após a morte de Cid Moreira, em 2024. Mesmo com tanto tempo de casa, sempre negava a aposentadoria. 

Questionado sobre o assunto, respondeu ao jornal Extra, em 2020: “Quem vai me aposentar é o homem lá de cima.”

Léo Batista foi casado por 60 anos com Leyla Chavantes Belinaso. Era viúvo desde 2022, quando a esposa faleceu, aos 84 anos, vítima de um afogamento na piscina. Foi o jornalista que a encontrou desacordada na residência onde viviam, no Rio de Janeiro. 

Fonte: Redação Terra
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