Honda e Márquez acertam ao esperar recuperação em 2020 que não está perdido
Principal estrela da Honda e quem mais soma pontos, Marc Márquez ainda tem a seu favor uma temporada embaralhada e que carrega a possibilidade de voltar como o grande favorito ao título
Ainda não é possível prever o retorno de Marc Márquez às pistas da MotoGP em 2020. Mesmo longe das primeiras colocações, sem pilotos de fato combativos no grid, a Honda demonstrou sensatez ao apoiar o espanhol e mantê-lo afastado para priorizar a total recuperação do braço direito, lesionado após uma queda ainda na etapa de abertura da temporada. E a decisão parece acertada, quando se percebe que, em um campeonato tão embaralhado, não está nada perdido.
Também neste ano, o dono da moto #93 tem a chance de igualar o número de títulos de Valentino Rossi - nove no Mundial de Motovelocidade, sendo sete na MotoGP. Portanto, ao menos na frieza dos números, o fenômeno de 27 anos ainda pode alcançar o mesmo patamar do 'Doutor', considerado por muitos o melhor da história das duas rodas.
Mas quem diria que as coisas seriam escritas de outra maneira - e com a ajudinha de uma janela? É verdade que Marc começou como o grande favorito a levar o caneco, mas o cenário tomou brutal virada. No GP da Espanha, Márquez caiu quando protagonizava uma corrida de recuperação, fraturou o braço e precisou visitar a sala de cirurgia. Dois dias depois, ensaiou a volta, fez flexões, recebeu o 'Ok' dos médicos, andou em dois treinos, mas desistiu no fim. Alguns dias mais tarde, ao tentar sair para passear com seu cachorro, danificou a placa de titânio, o que o fez operar o local novamente. Dessa vez, sossegou.
Com a baixa, o mais velho do clã Márquez segue zerado no campeonato e está 67 pontos atrás de Fabio Quartararo, líder da classificação. Além do abandono na Espanha, não participou também das provas da Andaluzia, da Tchéquia e nem da rodada dupla na Áustria. A Honda sequer fala em data de retorno, frisando que o principal objetivo no momento é o competidor se sentir completamente bem. E Marc já falou que provavelmente estará nas duas corridas em Misano, entre 13 e 20 de setembro.
Portanto, o cenário é o seguinte: é mais vantajoso para a equipe da asa dourada esperar uma total recuperação de Marc do que arriscar um retorno prematuro e, mais uma vez, ficar quatro ou cinco etapas sem os pontos do espanhol, especialmente em um campeonato encurtado como o atual, que caiu de 21 para 14 corridas. Ainda, a temporada vem parelha e há muito chão pela frente.
O 'El Diablo' da Yamaha SRT tinha a grande chance de disparar na ponta da tabela, especialmente após vencer as duas primeiras corridas do calendário. Entretanto, não conseguiu manter o ritmo e sequer alcançou o pódio nas duas provas seguintes. Enquanto isso, mais dois novos nomes triunfaram: Andrea Dovizioso, vice-líder, e Brad Binder, agora quarto colocado.
Reiterando, está tudo em aberto. Nenhum piloto tem apresentado de fato um desempenho consistente. Já foram nove competidores que subiram ao pódio, o que não permitiu que ninguém consiga disparar na classificação. Entre o primeiro e o sexto colocados - Takaaki Nakagami -, são apenas 30 pontos.
E se uma campanha equilibrada sem nenhum grande favorito ainda não parece suficiente, há também exemplos práticos de que voltar de uma lesão antes do tempo pode causar duras consequências. Em 2013, Jorge Lorenzo sofreu uma forte queda no treino livre em Assen e, apesar de uma clavícula fraturada e uma cirurgia às pressas, protagonizou um dos retornos mais incríveis da MotoGP: operado na noite anterior, disputou o GP da Holanda e cruzou a linha de chegada em quinto. Entretanto, na etapa seguinte, na Alemanha, caiu mais uma vez nos treinos e zerou - no fim, ficou com o vice-campeonato por apenas quatro pontos de diferença para Marc. O acidente acabou sendo decisivo na disputa com um Márquez estreante.
Vale pensar também que, em 2020, se eliminar o GP da Estíria que Marc não vai fazer parte, restam ainda nove corridas e, portanto, 225 pontos em jogo. No quesito de somar tentos, o piloto de Cervera é absoluto na Honda e quem mais contribuiu ao time desde sua subida à classe rainha em 2013.
Antes de seguir a explicação, é preciso entender que o Mundial de Motovelocidade tem três classificações: a de pilotos; a de Construtores, onde só o melhor competidor de cada fábrica contribui, sejam os integrantes do time principal ou da satélite LCR; e a de equipes, onde a dupla traz os tentos para a tabela.
Desde sua chegada, a Honda #93 acumulou 2.275 tentos, com a temporada de 2015, quando perdeu o título, sendo a pior com 242. Ano passado, com 420, teve seu melhor saldo até o momento. Quando comparamos com o total de Construtores, 2.720, e total de Equipes, 3.597, o #93 trouxe 83,6% dos pontos no primeiro caso e 63,2% no segundo. Sim, somou mais do que todos os outros três pilotos juntos.
Então não é nada absurdo a equipe nipônica aguardar a melhora de sua principal estrela para uma volta definitiva. Combativo, bom em somar pontos e contando com um campeonato disputado sem grandes destaques, o espanhol ainda tem todas as chances de retomar a campanha como um dos grandes favoritos do campeonato.
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