Marc Márquez revê MotoGP com novos nomes e ordem de forças embaralhada
Há 263 dias, quando guiou a RC213V pela última vez, Marc Márquez era favorito absoluto em um campeonato que até tinha coadjuvantes, mas com um único protagonista. Desta vez, ele meio que terá de fazer um teste para ficar com o melhor papel de 2021
Quase nove meses atrás, quando subiu pela última vez na RC213V, Marc Márquez encontrou uma MotoGP diferente. Naquela época, o espanhol de Cervera era mais do que cotado para um sétimo título mundial e não havia motivos para questionarmos se ele seria ou não um candidato à coroa.
Agora, porém, o cenário é outro. O irmão de Álex passou mais de 260 dias distante do protótipo de 1000cc, foi submetido a três cirurgias e mal colocou as mãos na moto para o campeonato deste ano, exceto pela sessão de fotos que antecedeu o lançamento da campanha de 2021. Além das suspeitas em relação ao desempenho do próprio espanhol, também existe a realidade: o cenário da MotoGP é um tanto diferente.
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Quando Márquez largou pela última vez na MotoGP, Joan Mir nunca tinha vencido e nem tampouco disputado o título da classe rainha. O espanhol não era sequer o mais bem cotado entre os pilotos da Suzuki. Agora, é o competidor de Palma de Maiorca quem faz a defesa do título.
Fabio Quartararo corria por uma equipe satélite e, embora sabidamente rápido, não era tinha sentido o gostinho de brigar pela vitória e pelo campeonato. Os triunfos vieram, é verdade, mas o sonho do título foi a pique de forma até memorável. Maverick Viñales era ― supostamente ― o protagonista da Yamaha, mas acabou o ano derrotado por Franco Morbidelli, que, mesmo com uma moto velha, fez mais do que os queridinhos de Iwata.
A Ducati ainda contava com Andrea Dovizioso e Danilo Petrucci, mas hoje o primeiro sequer esta na MotoGP, enquanto o segundo ainda tenta se encaixar na KTM da Tech3 de Hervé Poncharal. E muito embora a pedra no sapato dos últimos anos esteja fora do campeonato, o caminho não parece nada mais simples para o espanhol, já que a marca de Bolonha conta com um elenco forte e estrelado não só na escuderia oficial, mas também na Pramac e até na Avintia.
Apesar de Jack Miller ter deixar a desejar na rodada dupla do Catar, Johann Zarco brilhou e lidera o Mundial ― e acho seguro dizer que Marc Márquez não esperava isso na corrida de 25 de julho do ano passado ―, Jorge Martín chegou com tudo e já garantiu até pódio. Francesco Bagnaia também mostrou força em Losail, assim como Enea Bastianini, que fez boas recuperações nas duas primeiras corridas da carreira.
A KTM, por outro lado, pode ser uma das grandes surpresas para Márquez. Quando o mais velho dos irmãos de Cervera esteve no grid pela última vez, a RC16 não tinha uma vitória em seu nome. Hoje, já são três.
A Aprilia também era diferente na última largada de Marc, mas, sejamos justos, não é só ele que vai ficar surpreso por ver a RS-GP competitiva.
Mas mais do que fábricas competitivas, a nova realidade é que Marc, embora ainda seja faminto, hoje já figura na lista dos velhos tubarões. E, como bem dizem por aí, os jovens farejam sangue.
Se antes da saída indesejada de Márquez, nomes como Mir, Quartararo, Morbidelli, Brad Binder e Miguel Oliveira não conheciam o sabor da cava espanhola servida no pódio da MotoGP, hoje eles já sabem que são perfeitamente capazes de se servirem um drinque.
Por sete temporadas, Marc construiu para si um mito de invencibilidade, mas o GP da Espanha ― e todos os contratempos que vieram depois ― mostraram que ele é tão humano quanto qualquer um de nós. O #93 quebra, erra e pode ser batido. Hoje, não restam dúvidas disso.
Marc Márquez vai voltar para a MotoGP com um grid que sabe que ele também é capaz de errar e que sabe que é capaz de vencer. Veremos quem melhor defende o próprio protagonismo.