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Futebol unifica povos bósnio e nigeriano, dizem torcedores

21 jun 2014 - 07h55
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Torcedores da Bósnia vieram para acompanhar a Copa do Mundo
Torcedores da Bósnia vieram para acompanhar a Copa do Mundo
Foto: Andréa Lobo / Secopa/Divulgação

As seleções de dois países instáveis politicamente, Nigéria e Bósnia e Herzegovina, se enfrentam nesse sábado às 18h (de Brasília), na terceira disputa da Copa na Arena Pantanal em Cuiabá. Tanto bósnios quanto nigerianos são poucos na cidade e não dá para falar em “invasão” de torcidas. Mas os dois lados afirmam que têm grande a paixão pelo futebol  que unifica as duas nações, onde há graves divergências internas.

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O investidor bancário Dino Talavanic, 31 anos, hoje mora na Austrália para onde foi, ainda criança, com a família, fugindo da Guerra da Bósnia, em 1992, um conflito muito violento, relacionado à dissolução da antiga Iugoslávia, com influência religiosa cristã e muçulmana. As nações – Bósnia, Croácia e Sérvia – não se entendiam e até hoje é grande a instabilidade na região.

Dino e sua esposa, Maia Talavanic, 29, que chegaram na última sexta em Cuiabá, afirmam que, apesar da guerra, não vão torcer contra a Croácia, que também disputa o Mundial. “Nós somos de uma região politicamente muito pesada e instável. Há uma eterna diferença étnica que nos separa e mantém a situação e conflito. Mas o futebol nos unifica”, garantiu.

O casal afirma que brasileiros e bósnios são parecidos na hospitalidade. “Abrem a porta de casa para você entrar”, comentaram. O casal veio junto com mais cinco amigos para acompanhar a seleção bósnia, que já perdeu uma disputa para a Argentina.

A situação sócio-política na Nigéria também é complicada e vem se agravando desde 2003. Conflitos internos no país africano também têm influência religiosa cristã e muçulmana e são potencializados  por grupos rebeldes, como o Boko Haram, que sequestrou 223 mulheres, para forçar uma conversão ao islamismo.

Este é um país dividido pelas desigualdades sociais, marcadas pela extração do petróleo. Há muita pobreza no Norte da Nigéria e a situação é melhor no Sul, onde fica a cidade natal do arquiteto Ola Duyile, 48 anos, Lagos, embora hoje ele viva na Inglaterra. “Na hora do futebol, não tem Sul, não tem Norte, a gente se une para torcer pela seleção nigeriana”, assegurou.

O arquiteto Ola conta que há muitos sobrenomes brasileiros na Nigéria, como Ferreira e Oliveira. Ele especula que isso se deve à abolição da escravatura. “Muitos negros, que moravam em Salvador, voltaram para a Nigéria. É o que falam por lá”.

Ele veio ao Brasil, junto com o filho, Akin, um engenheiro mecânico de 20 anos, para assistir aos jogos da Copa. Se a Nigéria for eliminada, coisa que ele acredita ser muito provável, vai torcer pelo Brasil. Segundo ele, a maioria dos nigerianos também vão abraçar a bandeira verde-amarela.

Fonte: Terra
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