Nigeriano nega culpa dos jogadores e fama de mercenários
Os times africanos chegam à Copa do Mundo sempre prometendo futebol envolvente, alegre e diferente, mas quase sempre param antes de chegar às quartas de final. Este ano, no Brasil, dos cinco países classificados, Nigéria e Argélia chegaram às oitavas, recorde de seleções do continente em tal fase, e deram trabalho. A Costa do Marfim perdeu a classificação no último minuto, e Gana e Camarões deram um espetáculo feio fora do campo, com problemas de premiação e suspeita de manipulação de jogos.
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Sunday Oliseh, ex-jogador da Nigéria, negou, entretanto, a fama de mercenários dos jogadores africanos. “O problema é que são feitas muitas promessas e não são cumpridas. É mais fácil culpar os jogadores. A única coisa que pedimos é que essas coisas, como as que aconteceram com a Nigéria e Gana, sejam resolvidas antes da competição. Talvez por isso ainda não tenhamos ganho uma Copa do Mundo”, lamentou o ex-jogador das Copas de 94 e 98 e medalha de ouro nas Olimpíadas de Atlanta em 96.
“Como ex-capitão de um time africano, posso dizer que os jogadores chegam à Copa do Mundo até mais comprometidos que qualquer outro”, afirmou Sunday Oliseh.
O ex-atleta, que adotou a Bélgica como país de residência, disse que é preciso entender culturalmente o jogador africano. “Assim como os brasileiros, os africanos têm muita gente que depende do que eles ganham profissionalmente para viver, parentes próximos. Eles têm que ajudar a família”, disse. “Precisamos encontrar uma solução para que todos cheguem satisfeitos aos torneios e que falemos apenas de gol e não de questões extracampo”, disse o nigeriano.
Contudo, há uma questão futebolística no problema também. “Os africanos estão aos poucos se acostumando com o ritmo mais acelerado dos jogos. Muitos jogam na Inglaterra, onde a correria é enorme. Mas isso é questão de começar a preparação ainda nas divisões de base”, afirmou, fazendo uma comparação com o futebol asiático, que fracassou no Brasil tendo as quatro seleções eliminadas ainda na primeira fase (Japão, Coreia do Sul, Irã e Austrália). “Talvez os asiáticos estejam jogando muito em seus países e perderam um pouco o foco da evolução do futebol mundial”, avaliou.