O papel crescente dos canabinoides na medicina esportiva: benefícios, regulações e perspectivas para atletas
Atletas buscam alternativas naturais para lidar com as demandas físicas e mentais do esporte de alto rendimento
A cannabis, planta milenar com propriedades terapêuticas, se apresenta como uma aliada potencial dentro do mundo esportivo. Atletas buscam alternativas naturais para lidar com as demandas físicas e mentais do esporte de alto rendimento, e a cannabis oferece uma gama de benefícios que podem mudar a forma como abordamos a saúde e o desempenho atlético.
Diversificados estudos científicos demonstram o potencial da cannabis no alívio da dor crônica, inflamações e ansiedade. Para atletas que lidam com dores musculares, lesões e o estresse das competições, a cannabis pode ser uma alternativa aos analgésicos tradicionais, que muitas vezes possuem efeitos colaterais indesejados.
Maria Klien, psicóloga, especialista em cannabis medicinal e formada em terapia assistida, indica que compostos não psicoativos da cannabis, como o CBD, podem reduzir a inflamação e melhorar o sono, contribuindo para uma recuperação mais eficaz. De acordo com a psicóloga, "o uso de alguns canabinoides em atletas pode ser considerado uma ferramenta valiosa na gestão da dor e recuperação após treinos intensos".
Em 2018, a Agência Mundial Antidoping (WADA) removeu o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas, diferente do THC. Essa decisão abriu portas para pesquisas e discussões sobre o uso da cannabis no esporte, com foco em seus potenciais benefícios terapêuticos. Vale ressaltar também que, para algumas organizações, isto está mudando, como o UFC e a NBA, onde a cannabis e todos os seus componentes não constam mais como doping.
Em termos de aplicação prática, muitos atletas profissionais têm se tornado defensores do CBD, relatando melhorias significativas em seu bem-estar geral e capacidade de recuperação. Outro aspecto a ser considerado é o potencial do canabigerol (CBG), precursor químico do THCa - forma ácida do canabinoide sem efeito de alterar a realidade e que também não consta como doping, para reduzir a dependência de opioides, medicamentos comumente prescritos para dor, mas que possuem alto risco de vício e efeitos colaterais graves. A cannabis pode oferecer uma alternativa mais segura e eficaz para o manejo da dor, contribuindo para a saúde e o bem-estar dos atletas a longo prazo.
"É fundamental quebrar o estigma associado à cannabis e reconhecer seu potencial terapêutico no esporte", defende Klien. "Precisamos de mais políticas que permitam aos atletas explorar os benefícios da cannabis de forma segura e responsável", aponta ela.
A indústria da cannabis tem visto um crescimento exponencial, com novos produtos e formas de consumo sendo desenvolvidos. Desde cremes tópicos até cápsulas e óleos, a variedade disponível tem aumentado, permitindo que atletas escolham produtos que se adequem às suas necessidades específicas.
Maria Klien também aponta para a necessidade de educação em torno do uso de cannabis em esportes. "Muitos atletas e profissionais da saúde ainda têm uma compreensão limitada dos efeitos e potenciais benefícios do CBD e do CBG. Educação e informação são cruciais para mudar essa percepção", afirma. Além disso, a psicóloga e empresária destaca a importância de uma abordagem personalizada. "Não existe uma solução única para todos. Cada atleta é diferente e pode reagir de maneira diferente ao CBD ou a outros canabinoides", explica.
Com a evolução e mudanças nas regulamentações, se espera que o uso de cannabis no esporte continue a crescer e se tornar mais aceito. O potencial para aprimorar a recuperação e o bem-estar dos atletas é significativo. Com os avanços em pesquisa e uma abordagem mais informada e regulada, o futuro pode oferecer novas opções terapêuticas para atletas de todos os níveis. Maria Klien conclui. "A integração da cannabis na medicina esportiva poderia revolucionar a forma como gerenciamos a recuperação e a dor no esporte".
Sobre a Maria Klien
É psicóloga, especialista e empresária no campo da cannabis medicinal, formada em terapia assistida. Especializada em transtornos de ansiedade e medo. Como empresária, trabalha para tornar a planta uma ferramenta acessível e eficaz para o bem-estar emocional.