ANÁLISE: Palmeiras é o time da virada, do amor e do 'vício' por competir
Verdão mais uma vez cresceu no momento da decisão e levou o título do Paulistão. Capacidade de ser competitivo parece ser o grande trunfo da equipe
O torcedor do Palmeiras, por essência, é um pessimista, que jamais conta com a vitória antes de ela acontecer. Mas hoje, neste período vencedor e sob o comando de Abel Ferreira, o palmeirense passou a ser confiante. Foi assim que cada um deles encarou a decisão do Paulistão contra o Água Santa, mesmo com a derrota na ida. O time da virada e do amor é, sobretudo, um viciado em competir e precisa dessa intensidade para ganhar. A goleada e o título paulista são provas disso.
Quem viu o jogo na Arena Barueri, quando o Verdão foi derrotado por 2 a 1, não reconheceu aquela equipe. Uma postura conformada, sem intensidade, displicente, dispersa e sem a percepção de que era uma final. Ou seja, nada a ver com o Alviverde que acostumamos a ver nos últimos anos. Era justo pensar que o Paulistão poderia ser um título perdido pela atuação decepcionante na ida. No entanto, trata-se do time da virada e do time que dificilmente faz duas partidas de baixo nível. Até mesmo Abel, sabendo disso, classificou uma possível nova derrota como "vergonha" para o clube.
"Eu falei em 'vergonha' para expressar o orgulho dos meus jogadores porque sei o que eles conseguem fazer e alguns começaram a confundir. Eu não confundo. Qual foi a minha intenção? Eu disse: ou ganhamos ou passamos vergonha, porque eu sei o que tenho em casa, eu conheço meus jogadores e sei o que eles podem dar. Há duas palavras que são mágicas para mim: amor e virada. Nós somos o time do amor e o time da virada", disse o treinador após a final no Allianz Parque.
A virada aconteceu. Era nítida a superioridade palmeirense em relação ao Água Santa, os níveis técnicos são incomparáveis e uma goleada por 4 a 0 para garantir o título não foi surpresa se pensarmos na lógica. Contra o São Paulo, em 2022, já havia sido assim e as equipes eram muito mais equilibradas. O Verdão colocou logo 4 a 0 em um dos seus grandes rivais e levantou a taça.
O amor vem da conexão entre elenco, comissão técnica e clube, com cada um dos mais de 41 mil torcedores que estiveram no Allianz Parque. O estádio, definitivamente, tem jogado junto nesses jogos decisivos. É preciso que o adversário tenha um equilíbrio grande para suportar a pressão.
No entanto, ser o time da virada e do amor depende muito da alma competitiva para ter resultado. Se o nível de competição fosse igual ao apresentado em Barueri, certamente não existiria amor nem virada. Essa equipe do Palmeiras de Abel Ferreira parecer ser uma viciada em competir, em ganhar, em se motivar. Quanto mais desafios, quanto mais contestações, maiores as respostas que ela traz.
É claro que o trabalho de campo de Abel Ferreira é muito bom, que o elenco oferece peças de muita qualidade e que a estrutura disponibilizada pelo clube faz diferença, no entanto o que realmente faz com que o Palmeiras se sobressaia no futebol brasileiro é a capacidade de se manter competitivo em cada jogo ou torneio que participar. Méritos dos jogadores, da comissão técnica e da direção, que conseguem manter essa chama acesa por tanto tempo. Até onde vai esse Alviverde de Abel?