Bicampeonato da Copinha coroa trabalho de reestruturação da base do Palmeiras
Remodelação das categorias inferiores teve início em 2013, ainda na gestão de Paulo Nobre
O bicampeonato da Copa São Paulo de Futebol Júnior, conquistado nesta quarta-feira com vitória sobre o América Mineiro no Estádio do Canindé, coroa um trabalho de reestruturação da base palmeirense que começou em 2013 e, desde então, vem rendendo frutos ao clube paulista.
Se até o ano passado os rivais faziam galhofas com a equipe por não ter ganhado a maior competição de base do País, hoje o Palmeiras ostenta dois títulos consecutivos e se tornou uma potência nas categorias inferiores, com títulos e revelações de jovens utilizados no profissional. Desde o sub-11, virou rotina para o clube empilhar taças e revelar talentos.
A reorganização da base teve início há nove anos, na gestão de Paulo Nobre, com o antigo coordenador, Erasmo Damiani. Mas o principal responsável pelo sucesso das "crias da Academias" é João Paulo Sampaio, atual coordenador da base que começou em 2015 esse trabalho de garimpar e desenvolver jovens talentos no Palmeiras. "O título nas categorias de base é consequência do bom trabalho, mas não podemos abrir mão da formação. O que marca são as revelações", disse Sampaio.
Há oito anos, o Palmeiras passou a empilhar títulos nas categorias inferiores e promover um número relevante de jovens jogadores ao elenco profissional. A lista é grande. Tem Gabriel Jesus, Gabriel Veron, Danilo, Patrick de Paula, Gabriel Menino, Renan, Wesley, Danilo, este vendido ao futebol inglês por R$ 110 milhões, e Endrick, tido como a maior revelação do clube. O atacante também já está vendido. Quando completar 18 anos, vai partir para o Real Madrid, que pagou R$ 400 milhões para tê-lo.
O técnico Paulo Victor Gomes explicou como a base palmeirense evoluiu nos últimos anos. "O clube como um todo vive um momento muito especial. Falando especificamente sobre a base, destacaria duas palavras que representam essa fase: continuidade e mentalidade", afirmou.
"A continuidade dos processos desde 2015, quando o João Paulo Sampaio chega, e a mentalidade muito forte no processo de formação dos jogadores. Vencer o título é sempre importante e gratificante, a conquista consolida um processo", adicionou o técnico, bicampeão da competição.
No elenco da Copinha, o meio-campista Pedro Lima e o atacante Kevin devem figurar entre os profissionais em breve. Kevin, aliás, foi procurado por times da Europa. O Shakhtar Donetsk, da Ucrânia, pretendia fazer uma proposta para levar o camisa 11, mas a diretoria alviverde avisou que não tinha interesse em vender sua joia agora. O entendimento é de que ele pode dar um retorno esportivo antes de gerar um retorno financeiro ao clube. Outro destaque é Ruan Ribeiro, goleador da Copinha, com nove gols.
Ele marcou cinco gols e deu cinco assistências na competição. Na verdade, Abel Ferreira queria que os dois já estivessem no profissional. "Poderíamos ter trazido Kevin, Pedro Lima, mas o coordenador da base e a comissão decidiram deixar na base para fortalecer o time na Copinha. Kevin e Pedro poderiam ter feito a pré-temporada conosco".
A base do Palmeiras faturou oito taças em competições de FPF, CBF e Conmebol em 2022, batendo seu recorde no período de um ano. No ano passado, o time ganhou, além da Copinha, a Libertadores Sub-14, a Copa do Brasil sub-17, o Campeonato Brasileiro sub-20 e sub-17 e o Campeonato Paulista sub-13, sub-15 e sub-17. Considerando todos os torneios, foram 24 troféus conquistados em 2022.
Em 2021, o Palmeiras usou 24 "crias da Academia" no time principal, marca recorde que superou os 22 jogadores utilizados em 2002.
São três os motivos que levaram o Palmeiras a passar a utilizar tantos jovens formados na base: a valorização que o clube passou a dar aos garotos a partir do momento que mudou sua política de contratações, o talento desses meninos e a necessidade de integrá-los a um elenco enxuto - por desejo de Abel Ferreira - que enfrenta anualmente uma maratona de partidas.
Nesta temporada, sete jogadores da base foram promovidos ao grupo profissional, todos campeões da Copinha no ano passado: Naves, Garcia, Vanderlan, Fabinho, Jhon Jhon, Giovani e Endrick. Eles são tratados como reforços do time internamente.
"Os moleques são o futuro do clube", dissera Abel no ano passado. "Vamos valorizar o que está sendo feito, vamos valorizar a Academia".