Palmeiras planeja manter base campeã e contratar 'dois ou três reforços' para 2023
Entendimento da diretoria é de que elenco, que não terá Gustavo Scarpa na próxima temporada, precisa de poucas contratações
A política de muitas e caras contratações ficou mesmo no passado do Palmeiras. Depois que Abel Ferreira chegou, o clube passou a intensificar sua aposta na base e trazer reforços pontuais, sempre jovens com potencial de retorno esportivo e financeiro. Essa diretriz será mantida em 2023. A ideia é preservar a base campeã brasileira e buscar no máximo três jogadores.
Tanto o treinador português como a presidente Leila Pereira avisaram, antes mesmo do título ser confirmado, que não vai haver mudança nesse expediente, isto é, poucos atletas chegarão. Serão contratações pontuais. E para elas chegarem, atletas do elenco que não corresponderam em 2022 têm de sair, por empréstimo, ou em definitivo.
"Não haverá grandes alterações, não precisamos de muitas contratações", avaliou Leila Pereira, segundo a qual as mudanças no elenco são feitas com base na opinião de Abel Ferreira e sua comissão técnica e do diretor de futebol, Anderson Barros. "Eu só entro na hora de assinar o cheque", afirmou a presidente.
Abel não gosta de trabalhar com elencos inchados porque, com muitos atletas à disposição, entende que os que pouco jogam podem ficar acomodados. Na sua avaliação, o elenco campeão do Paulistão, da Recopa e do Brasileirão nesta temporada não precisa de "muitos retoques".
"Vamos buscar dois ou três, e vamos manter nossa estrutura", explicou o técnico, recentemente. "O Arsenal é um bom clube a se seguir. São três anos e meio para chegar neste nível. Quando quem manda sabe que o processo tem altos e baixos, e no Palmeiras temos isso". Depois do título, ele garantiu que, na verdade, o clube só ira ao mercado em caso de saídas. "Para cada saída, teremos uma reposição. As medidas serão sempre a partir das saídas ou se vender, se não houver vendas não haverá mexidas", assegurou.
"O Palmeiras precisa de bons jogadores, que ajudem os outros a serem melhores. Não adianta ter bons jogadores se ele for egoísta. Melhor elenco não significa melhor time. Isto é um jogo de equipe, individual", acrescentou.
Já é certo que o Palmeiras terá uma baixa importante na próxima temporada. Gustavo Scarpa assinou pré-contrato com o Nottingham Forest, da Inglaterra, e vai realizar o sonho de atuar na Europa depois de cinco temporadas bem-sucedidas no time paulista. Bruno Tabata foi contratado pensando em preencher esta lacuna no elenco, mas ele tem características diferentes do camisa 14 e não deslanchou por enquanto.
Outro que pode sair é Danilo. O jovem volante foi alvo de sondagens de clubes europeus neste ano, mas permaneceu. A diretoria fez um esforço para manter o atleta, mas, a depender da oferta que vier em 2023, não poderá segurar o jogador.
Existe o entendimento no Palmeiras de que um volante e um meio-campista são as posições que devem ser reforçadas. Paulinho, brasileiro que está de saída do Bayer Leverkusen é um nome que agrada porque se encaixa no modelo de contratação do Palmeiras, isto é, é jovem, talentoso e pode render retorno esportivo e financeiro no futuro.
Ele tem 22 anos e quer defender o Palmeiras, conforme noticiou a Sky Sports, emissora alemã. O negócio, porém, não é fácil de ser concluído em virtude dos valores envolvidos. O Atlético Mineiro também monitora o jogador, cria do Vasco. Certo mesmo é que não vai continuar no Bayer em 2023.
APOSTA NA BASE
A estratégia de aposta na base será mantida e ampliada. Ao menos sete jovens serão mais aproveitados no elenco para a próxima temporada: Naves, Garcia, Vanderlan, Fabinho, Jhon Jhon, Giovanni e o fenômeno Endrick. Todos já tiveram oportunidades no profissional, mas com exceção de Endrick, jogaram pouco.
"Os moleques são o futuro do clube", reforçou Abel. "Vamos valorizar o que está sendo feito, vamos valorizar a Academia. Vamos fazer poucas mexidas, para não dizer nenhuma, porque valorizamos o trabalho que é feito no clube, não só pelo treinador, mas por todos. Esse é o futuro do clube".
Endrick, aliás, é assediado desde antes de estrear pelo profissional. Chamado pela imprensa espanhola de "fenômeno imparável" e "novo menino de ouro do futebol brasileiro", o garoto de 16 anos interessa a Barcelona, Real Madrid e Paris Saint-Germain. No entanto, Leila Pereira garante não ter recebido proposta para vender o atacante.
"Por enquanto não tem nenhuma proposta, nada formal. Vejo muitos de vocês comentando, mas eu sou presidente do Palmeiras e não fui procurada ainda", disse a presidente.
Endrick assinou seu primeiro contrato profissional em julho, assim que completou 16 anos, com validade até junho de 2025 e multa estipulada de 60 milhões de euros. A legislação permite que ele deixe o Brasil apenas quando fizer 18 anos.
E ABEL, FICA?
Abel Ferreira tem seu nome especulado como possível sucessor de Tite na seleção brasileira e recebeu consulta de quatro clubes da Europa apenas em outubro, segundo seu empresário, o português Hugo Cajuda, além de 15 "procuras concretas" pelo treinador nos últimos dois anos, período em que está no Palmeiras. No entanto, está nos seus planos cumprir o contrato, que foi ampliado até o fim de 2024.
O treinador trouxe sua família para o Brasil e deixou claro que não pensa em ir embora agora. "Enquanto o casamento durar, e da minha parte vai durar, vou viver de forma intensa com meus torcedores. Se quer uma prova maior do que trazer minha família, uma experiência nova. Não vou trocar por isso ou aquilo. Grandes clubes têm grandes treinadores e estou em um grande clube", afirmou.
"Possibilidade de lutar por títulos, condições de trabalho. Não foi por acaso que trouxe minha família. Há outras coisas mais altas do que a parte financeira, que não posso me queixar", justificou o comandante palmeirense, dono de seis taças em dois anos e uma série de recordes e marcas de expressão. "Sou treinador de projeto".
O português se tornou ídolo e unanimidade entre os torcedores. Muitos deles o veem como o maior treinador da história do Palmeiras. Também se tornou uma espécie de popstar no País, com livro publicado que virou best-seller e vários prêmios individuais, incluindo o de cidadão paulistano.