Oswaldo deixa legado e jogadores "órfãos" no Palmeiras
Pouco depois de serem comunicados da demissão de Oswaldo de Oliveira , jogadores se recusaram a dar entrevistas. Mais do que se controlar nas declarações, a opção também mostra a empatia do técnico com seus, agora, ex-comandados. O elenco fica órfãos do estilo apaziguador que rendeu apenas uma vitória em seis rodadas no Brasileiro até agora.
"É muito chato nessa hora, o jogador fica muito acabrunhado. Na verdade, é a porção mais sensível, porque a parte mais afetiva é a relação com os jogadores. Em 40 anos trabalhando no futebol, não tenho amigos dirigentes, empresários, na imprensa ou em torcidas organizadas, mas tenho amigos jogadores. São meus amigos até porque suam por mim, se deixam convencer pelo meu trabalho", relatou o próprio treinador.
Ao participar da reformulação do Palmeiras para esta temporada, Oswaldo se cercou de quem já era seu amigo. Vieram o goleiro Aranha e o volante Arouca, que tinham trabalhado com ele no Santos no ano passado, além do lateral direito Lucas, do volante Gabriel e do atacante Rafael Marques, que atuaram com ele no Botafogo - assim como o meia Fellype Gabriel, que ainda nem estreou no Palmeiras.
"É ruim, principalmente, para alguns que começaram comigo, como o Arouca e o Gabriel, que ficaram muito tristes. Ainda tem o Lucas, o Rafa, o Aranha. É uma porção muito chata para compensar porque, embora eu sempre procure ser racional, sou muito mais emotivo no meu trabalho. Essa ruptura da relação com os jogadores é sempre muito difícil", disse Oswaldo.
Todos esses nomes ficam como um legado do técnico, como Paulo Nobre admite. "Sem dúvida nenhuma, elogio o Oswaldo por ter grande parte de responsabilidade na formação deste elenco. Muitos dos bons jogadores que fazem sucesso foram indicações deles e esse é um legado que ele deixa para o Palmeiras. Somos muito gratos por isso", declarou o presidente.
O que também fica como marca, mas de forma negativa, são as lesões. Ponto falho do qual Oswaldo assume a culpa. O treinador exige movimentação intensa e, com isso, teve seguidos problemas musculares em cinco meses de trabalho no Palmeiras. Mas não se arrepende do estilo de treino e jogo que acabou desfalcando o time - e virando argumento para sua falta de resultados.
"Minha origem como preparador físico me respalda a fazer treinos diferentes, assim como meus 22 anos fora do Brasil. Trabalho com muita intensidade e, talvez por isso, tantos jogadores não mantenham o ritmo no início. É como o lutador de muay thai que forma hematoma de tanto chutar a bananeira, mas depois a quebra. O jogador tem que aprender, sentir, para depois criar calo e crescer. Alguns podem até reclamar da intensidade e frequência que exijo atacando e defendendo, mas, com o trabalho, vamos avançando", avisou.
Oswaldo, entretanto, garante que pouco ouvir reclamações e repetiu elogios que fez durante sua passagem pelo Verdão. "Eu tinha um grupo de jogadores muito japonês, trabalhadores, não reclamavam muito. De forma nenhuma jogo a responsabilidade na conta dos atletas", declarou.