Malcom saiu do Buraco Quente para o Barcelona
Ex-corintiano vivia na periferia de São Paulo antes de começar a ganhar fama e dinheiro com o futebol
Em julho de 2015, Malcom tinha 17 anos e começava a tentar se firmar no Corinthians. Fui escalado pela Revista Placar para fazer um perfil do então garoto, que um ano antes ainda morava com outras oito pessoas em uma casa simples de dois dormitórios dos avós, na Vila Formosa, zona leste de São Paulo. “Chamam o lugar de Buraco Quente”, disse Malcom na época, sobre a fama do local, que é considerado perigoso.
Muito ligado à mãe Flávia, Malcom havia dado entrada em um apartamento de quatro dormitórios, na Vila Califórnia, que fica próximo do valorizado bairro Anália Franco. E se orgulhava de ser vizinho de prédio de Tite, técnico da seleção, e de Paulinho. "Os dois têm cobertura lá. Pra mim ainda não dá pra comprar um apartamento desses. No condomínio tem até quadra de tênis."
Malcom talvez não imaginasse que apenas seis meses depois, em janeiro de 2016, ele já estaria na Europa jogando pelo Bordeaux, da França. E que chamaria a atenção do Barcelona, que o contratou por 42 milhões de euros, em julho de 2018. Com salário estimado em 5 milhões de euros por ano (cerca de R$ 21 milhões), Malcom já tem bala se quiser para ser vizinho de cobertura de Tite e de Paulinho.
A fama só não trouxe de volta o pai, que o abandonou quando ele ainda era criança. Por isso a veneração dele pela mãe, que era metalúrgica antes de o jogador se firmar no futebol. Desde então, ela passou a se dedicar inteiramente ao filho.
Malcom demorou a se firmar no Barcelona e estava sendo contestado pela imprensa. Mas a sorte começou a virar depois do gol contra o Real Madrid, na quarta-feira, quando ele foi considerado o melhor jogador do time catalão em campo. De quebra, entrou em uma seleta lista: a dos estreantes que marcaram pelo Barça no maior clássico espanhol.
O ex-corintiano é mais um jogador brasileiro que consegue brilhar na Europa e realizar o sonho de viver muito bem do que mais gosta de fazer. Infelizmente, uma realidade muito distante de aproximadamente 80% dos jogadores brasileiros, que recebem em média 4 salários mínimos por mês, segundo o último levantamento do jornal Folha de São Paulo.