Pequim 2022 | 'Foi arrepiante ver': as duras críticas a Eteri Tutberidze, a polêmica treinadora da patinadora russa Kamila Valieva
Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, criticou tratamento dado pela treinadora à patinadora artística de 15 anos após falhas em final.
"Ela foi recebida por sua comitiva, mas o que parecia ser uma tremenda frieza, foi arrepiante ver isso. Em vez de tentar ajudá-la, você podia sentir essa atmosfera arrepiante, essa distância. Se você interpreta a linguagem corporal, fica ainda pior."
Foi assim que o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, falou sobre o tratamento da técnica russa Eteri Tutberidze à patinadora artística Kamila Valieva, de 15 anos, após sua atuação na final individual na quinta-feira (17/2).
Apesar de estar sob pressão crescente por causa de um recente escândalo de doping, além das dúvidas se deveria ou não competir nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China, Valieva foi a melhor no programa curto.
No entanto, na prova longa decisiva, ela cometeu vários erros e sofreu duas quedas, terminando em quarto lugar. Sua companheira de equipe de 17 anos, Anna Shcherbakova, levou o ouro.
Quando Valieva saiu do ringue de patinação em prantos, a adolescente não recebeu abraços ou gestos de conforto de sua treinadora.
Em vez disso, Tutberidze disse a ela: "Por que você parou de lutar?"
"Por que você deixou para lá? Explique-me, por quê?", perguntou a treinadora à sua discípula, embora mais tarde tenha passado o braço em volta do ombro da atleta, enquanto as duas aguardavam o placar.
"Ela foi recebida por sua comitiva, mas o que parecia ser uma tremenda frieza, foi arrepiante ver isso", disse o presidente do COI.
Bach afirmou que ficou "muito, muito perturbado" com o que viu na televisão no evento e questionou como "como tratar um atleta com menos de 15 anos sob tanto estresse mental" pela equipe do Comitê Olímpico Russo.
"Tudo isso não me dá muita confiança na comitiva de Kamila em relação ao passado nem em relação ao futuro", acrescentou ele.
Valieva é alvo de uma investigação antidoping após receber diagnóstico positivo para trimetazidina, um medicamento na lista de substâncias proibidas da Agência Mundial Antidoping.
O diagnóstico positivo era conhecido desde o fim de dezembro, embora só tenha sido divulgado em 8 de fevereiro, quando ela já havia conquistado um ouro por equipe.
Apesar disso, o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS) permitiu que Valieva continuasse competindo em Pequim 2022 para evitar causar "danos irreparáveis", embora a investigação e o procedimento disciplinar continuem.
Resposta do Kremlin
As palavras de Thomas Bach repercutiram na esfera política, a ponto de provocar uma resposta do governo russo.
"Respeitamos a opinião dele, mas não necessariamente concordamos com ele", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, a jornalistas.
"Ele (Bach) não gosta da dureza dos nossos treinadores, mas todos sabem que a dureza de um treinador no esporte de alto nível é fundamental para que os seus atletas alcancem vitórias", argumentou.
A treinadora Eteri Tutberidze, de 47 anos, tem sido objeto de polêmica no mundo da patinação no gelo por seus métodos de treinamento severos e por aplicá-los quase exclusivamente a patinadoras entre 13 e 17 anos.
"As meninas devem aprender saltos quádruplos, quando ainda são leves e ágeis", declarou ela em 2018.
A realidade é que vários de suas ex-atletas desistiram cedo.
E o fato de Valieva ter recebido o diagnóstico positivo para uma substância proibida fez com que muitos questionassem se a treinadora e os outros adultos da comitiva da patinadora realmente pensam em seu bem-estar ou estão dispostos a fazer qualquer coisa para obter uma medalha.
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