Piscina de espuma e "explosão"; conheça preparação do motocross freestyle
Não basta “apenas” possuir uma motocicleta e coragem de sobra para realizar manobras aéreas e se tornar um atleta de motocross freestyle. O esporte, em franco crescimento no Brasil, exige muito mais do que isso dos atletas: dedicação, experiência, alimentação balanceada, preparação física e, especialmente, autoconhecimento. Aliado a tudo isso, a segurança é outro aspecto crucial para esta modalidade radical e perigosa. E até piscinas de espuma fazem parte do equipamento de trabalho.
Um dos principais centros de treinamento de freestyle está localizado na cidade de Sinop, no Mato Grosso, onde a equipe J99 realiza a preparação. O time, que conta com o piloto Gilmar Flores, o Joaninha, prevê uma média de três horas diárias de treinamento de seus integrantes – desde que a chuva não atrapalhe.
“O treino com chuva não acontece, o piloto não tem como andar e nem como saltar nessas condições”, explicou Victor Medina, diretor da J99. No entanto, mesmo quando as condições climáticas atrapalham os treinamentos, os atletas precisam zelar por outros aspectos.
“Todos têm uma alimentação regular, bastante balanceada, com bastante controle em relação à gordura. Os pilotos também praticam muita corrida, pois precisam ter essa disposição para realizarem as manobras. O freestyle é um esporte de explosão física, então é necessário ter toda essa energia carregada”, complementou.
No entanto, além da preparação física, a segurança deve prevalecer nos treinamentos. Além de equipamentos básicos de segurança - como capacete, protetor de pescoço, óculos, luvas, botas e joelheiras -, os pilotos precisam fazer uso de uma piscina de espuma quando começam a treinar uma nova manobra. O material fofo absorve o impacto e evita lesões graves em caso de quedas: fraturas de mãos, dedos, clavícula, tornozelo e pé são as mais comuns entre pilotos de motocross freestyle.
“Os pilotos começam treinando as bases do salto sobre a piscina de espuma. Ali ele faz uma série de repetições até acertar de 100 a 150 vezes. Só então ele vai estar apto para a pista de terra”, explicou Medina, que também ressaltou outro aspecto de segurança importante para o piloto: a confiança.
“Quando o atleta tem medo, sempre procuramos deixá-lo à vontade. O piloto com medo não faz. Se ele se sente seguro para a manobra, aí que passa para a próxima fase”, destacou o diretor da J99. Outras características importante para os competidores são o reflexo e o raciocínio rápido, a fim de encontrar, em frações de segundo, uma solução para um momento de apuro.
“Todo atleta, quando vai fazer o backflip, tem a sua característica: peso, jeito, tamanho. Muitas vezes a posição em cima da moto varia em relação a isso. Os pilotos têm uma técnica para cair sobre a espuma, mas muitas vezes é necessário ter uma percepção rápida na pista de terra. Só a circunstância pode dizer como minimizar os impactos de uma queda”, comentou.
Algumas vezes, porém, há fatalidades – afinal, acidentes são inerentes a esportes radicais. Caso do piloto Henrique “Zóio” Balestrini, que no último sábado sofreu uma queda ao realizar um backflip durante o aquecimento para a Copa do Brasil, no Rio de Janeiro. Ele sofreu microlesões no cérebro, contusão pulmonar e lesão na cervical.