Artilheiro, William supera "passado maluco" e prevê Ponte campeã
Ele é diferente de boa parte dos jogadores de futebol da atualidade. Sem brincos nas orelhas, tatuagens e corte de cabelo inovador, William não é aquele atacante que chama a atenção das câmeras de televisão. Pelo menos até a bola rolar. Com um jeito simples, o camisa 9 da Ponte Preta vem "comendo pelas beiradas" e, mesmo se preocupando mais com o coletivo do que o individual, já é o artilheiro isolado do Campeonato Paulista, com oito gols marcados.
William, porém, não era tão calmo como hoje em dia quando iniciou a carreira. Revelado nas categorias de base do Santos ao lado de Diego e Robinho, atletas que sempre foram midiáticos, o jogador contou que era um pouco descontrolado e maluco na época. Tudo mudou quando conheceu sua mulher e passou a ter uma família. Nas horas vagas, gosta de fazer um programa tranquilo, como ir ao shopping e cinema, além de passar um bom tempo na igreja.
É com esse jeito tranquilo que William conquistou os torcedores pontepretanos. O carinho já vinha desde a sua primeira passagem, em 2010, mas ficou ainda mais intenso nessa temporada. Além da artilharia, o atacante já escreveu seu nome na história do clube ao fazer parte do elenco com a maior sequência invicta - 14 jogos - de toda a história no Paulista. O camisa 9, porém, se mostra exigente e quer ainda mais: um título de expressão.
Em entrevista exclusiva ao Terra, o artilheiro isolado do Estadual fala sobre seu passado, o grande momento que vem passando na Ponte Preta, faz comparações com o elenco de 2010 e tem certeza de que a boa campanha realizada será coroada com o título. Para William, São Paulo e Corinthians são os principais concorrentes do time campineiro.
Terra: Você passou por diversos clubes ao longo de sua carreira, mas podemos dizer que na Ponte e no Avaí foram seus melhores momentos. Você considera Campinas sua segunda casa? A que você atribui essa boa relação com a torcida?
William: Considero sim a Ponte minha segunda casa. Já na primeira passagem fui muito bem acolhido aqui, bem recebido pela diretoria na época, pelos torcedores. Sai do Avaí e fui para o Grêmio, onde tive muitas lesões e não consegui me firmar. Vim para a Ponte em um momento delicado, mas fui muito bem acolhido. Foi um lugar em que me adaptei muito rápido e estou feliz aqui.
Terra: Essa é sua segunda passagem pela Ponte Preta. O que esse time tem de diferente daquele de 2010?
William: Esse é um time muito mais maduro. Tem bastante jogadores jovens, mas que sabe o que quer e é muito mais aguerrido. Ali (2010) peguei uma equipe que estava em formação. Aqui sabemos o que queremos, traçamos um objetivo, uma meta. Esse grupo quer fazer história. Eu não via a característica daquele grupo de querer ganhar, conquistar algo, mesmo tendo jogadores com qualidade.
Terra: Todo jogador sonha em atuar na Europa e você já teve essa oportunidade (Portugal, Coreia do Sul e França). Hoje ainda tem o desejo de ir para o exterior?
William: Se um dia aparecer uma oportunidade, por quê não voltar? Não vou dizer nem que sim, nem que não, porque tudo depende do momento, de como vem a proposta... Mas hoje posso dizer que estou muito feliz na Ponte Preta e espero cumprir meu contrato até o final (o vínculo de William vai até o fim de 2014).
Terra: Você foi revelado ao lado de jogadores como Diego e Robinho, que já foram vistos nas "noitadas" algumas vezes. Você parece ser mais tranquilo. Sempre foi assim?
William: No começo da minha carreira eu era meio descontrolado. Hoje graças a Deus encontrei uma vida correta. Sou evangélico e não faço as coisas que eu fazia antes. Tenho uma família (mulher e dois filhos). Quando eu digo que Deus mudou minha vida é verdade, porque eu era um cara muito maluco. E esse tem sido o segredo do sucesso. Sou respeitado pelos companheiros devido ao meu caráter e isso é o diferencial no futebol.
Terra: O que você gosta de fazer nas horas vagas?
William: Nas horas vagas, quando não estou na igreja, estou com meus filhos no shopping, no cinema com a família. Gosto também de fazer churrascos com os amigos. Procuro esquecer um pouco do futebol quando estou livre, porque senão é capaz de ficar maluco.
Terra: A Ponte ainda não conquistou nenhum título de expressão na sua história. Você acha que finalmente chegou a hora disso acontecer?
William: Eu não acho, eu tenho certeza. Desde janeiro, quando fomos apresentados, foi falado em nossa apresentação que iríamos brigar pelo título. Se vamos conquistar ou não, não sabemos, mas eu tenho certeza de que vamos ser campeões. Estou vendo nesse grupo essa vontade. Não vai ser fácil, mas vamos trabalhar para isso acontecer.
Terra: Quais são os principais concorrentes da Ponte no Paulista?
William: Os concorrentes da Ponte acredito que serão São Paulo e Corinthians. São times que na hora da decisão crescem e vão brigar conosco por esse título.
Terra: Como você vê a situação atual do Guarani?
William: Eu tenho amigos ali, sei que a situação é lamentável, mas não gosto muito de comentar o que eles estão vivendo. É complicado quando a fase não é boa, sabemos que não é legal. O atleta sofre, a família sofre, existe pressão da torcida, da diretoria. Por isso prefiro nem comentar. Deixa eles lá e vivo o meu momento aqui na Ponte Preta.