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Lusa eterna: história da família Botelho é a prova disto

23 fev 2015 - 07h44
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Paixão pela Portuguesa atravessa gerações na família Botelho:

Ser torcedor da Portuguesa nunca foi fácil. Hoje em dia, a missão é ainda mais complicada. Vivendo um dos piores momentos de sua história, rebaixada duas vezes seguidas e prestes a disputar a terceira divisão nacional em 2015, a Lusa sofre com uma perda notável de torcedores, e o cenário parece cada vez mais distante de ser revertido. Aí você pergunta: então a torcida rubro-verde vai acabar? Bom, se depender da família Botelho, isso está longe de acontecer.

Louca pela Portuguesa, a família é prova viva de que a paixão pelo clube é capaz de superar todos os percalços de uma história recheada de emoção entre time e torcida. Neste domingo, na derrota por 3 a 1 para o Santos, três gerações de Botelhos foram juntas ao Estádio do Pacaembu incentivar e manter vivo o amor pela equipe rubro-verde. José Luís, André, Márcio, Ricardo, Norberto, Rose, Ricardinho, Tayná e Caíque sofreram, gritaram e até comemoraram essa união atrelada ao futebol.

"Este ano, fomos em todos os jogos. Quando dá, estamos lá. É sempre assim, com a família reunida. Tudo começou com meu pai, na primeira vez que entrei no Canindé tinha apenas um ano de idade", contou Márcio, um dos filhos do patriarca José Luís.

Como tudo começou

José Luís Botelho, 62 anos, foi o “culpado”, como ele mesmo diz, por começar toda essa relação de amor. Natural de Vila Real, em Portugal, o chefe da família chegou ao Brasil há 47 anos, quando optou por fugir da Guerra Colonial e começar uma nova vida em um lugar diferente.

“Portugal naquela época andava em guerra nas 'Áfricas', então a gente tinha uma idade-limite para viajar. Se eu não viajasse até os 16, não iria mais para nenhum país, ou seja, teria que ir para a guerra. Como eu já tinha família no Brasil, decidi vir com 15 anos para cá. Conheci minha esposa, que é brasileira, acabei casando e formei essa família maravilhosa. Isso é um orgulho que eu tenho”, contou.

Família Botelho acompanha partida contra Santos no Pacaembu
Família Botelho acompanha partida contra Santos no Pacaembu
Foto: Guilherme Dorini / Terra

De pai para filho

Quando perguntado sobre como passou seu amor pela Lusa para os filhos, José revelou que aconteceu de forma natural. “Foi até normal. Eu ia assistir aos jogos e levava eles, que acabaram gostando e viraram mais fanáticos do que eu pensava", completou.

Paixão eterna! Márcio tatuou símbolo da Portuguesa na perna
Paixão eterna! Márcio tatuou símbolo da Portuguesa na perna
Foto: Rodrigo Hoschett / Terra

De filho para neto

André Botelho, 38 anos, filho de José, acabou contagiado por essa paixão e fez questão continuar essa história. Ele é pai do Murilinho da Lusa, de quatro anos, que é considerado um dos torcedores mirins símbolos da equipe.

"Na verdade isso é uma coisa que vai acontecendo naturalmente. O meu filho vê nossa rotina de ir ao estádio com o avô, família, tios, e vai aflorando esse amor. Hoje ele pede para ir ao estádio, vai no jogo, assiste, torce, vibra e até sabe cantar o hino. Esse amor veio de família mesmo, porque torcer para a Portuguesa é difícil, o time às vezes não ajuda, essa briga política que nunca acaba. O que resta para a gente é só o amor que vem de família mesmo. Ele não vai mudar. Sofrendo ou não, vai ser desse jeito", conta, com brilho nos olhos e orgulho do pequeno.

Ricardo passa todo amor pela Lusa para seu filho Ricardinho
Ricardo passa todo amor pela Lusa para seu filho Ricardinho
Foto: Rodrigo Hoschett / Terra

Botelho por opção

E se engana quem pensa que essa história se restringe aos donos do sangue Botelho. Tayná, 18, e Caíque, 20, filhos de Márcio e Rose Botelho, levaram também os namorados Matheus e Marina, respectivamente, ao Pacaembu. Mesmo sem serem torcedores da Portuguesa, os agregados já admitiram uma quedinha pela Lusa e até sofreram durante vários momentos da partida.

"Ele (Matheus) é um semi-intruso. Vai em todos os jogos com a agente, ou seja, já é praticamente Lusa", disse Márcio. "Sempre pedia para ele me acompanhar, ele aceitou e gosto muito da presença dele aqui", completou Tayná. 

Apesar de ser são-paulino de coração, Matheus disse que não foi difícil aceitar o pedido da namorada e que isso também ajudou a cair no gosto do sogro. "Tenho um carinho muito gande pela Portuguesa. Acompanho os jogos e vejo o tanto que eles sofrem. Tenho que fazer a felicidade do sogro e da namorada", brincou.

Matheus acompanha Tayná Botelho nas partidas da Portuguesa
Matheus acompanha Tayná Botelho nas partidas da Portuguesa
Foto: Rodrigo Hoschett / Terra

Arrependimento, não! Receio, sim!

Apesar de todos os problemas vividos pela Portuguesa nos últimos anos, José Luís diz que não se arrepende de ter começado essa paixão. Para ele, e o restante da família, não importa se a equipe quase nunca briga por títulos ou se caiu de divisões nos últimos anos - a única preocupação do patriarca é o rumo que o futebol brasileiro tem tomado. 

"Agora eu ficou até com receio. Não sei se me sinto feliz por eles torcerem tanto assim. Tenho medo dessa bagunça que virou o futebol. Hoje existem muitas brigas e isso me deixa com um pé atrás. Só espero que as torcidas se organizem mais e que só exista a rivalidade sadia. Quero que enfrentem isso como um esporte, cada um torcendo para seu time, mas respeitando o outro", completou.

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Portuguesa como nunca se viu

José lembra saudosamente dos grandes times que teve o prazer de acompanhar, mas quando o assunto é a atual fase da Portuguesa, seu semblante muda. "A Portuguesa teve grandes times. Antes erámos muito prejudicados pela arbitragem, mas ultimamente não precisa nem roubar mais, porque ela mesmo se acabou sozinha. Essa é a realidade. Você tem uma tradição, você gosta, mas depois de tudo que aconteceu... Só podemos dizer que esses que estão aqui são apaixonados mesmo".

Apesar de revelar que a atual situação política e econômica tira um pouco a vontade de acompanhar o time, José assume que a paixão entre eles nunca morrerá. "Diminui um pouco, mas sempre há esperança. A paixão pode ficar adormecida, mas ela existe. Só falta ser cutucada, só falta acender o fósforo para ela pegar fogo de novo. Para isso acontecer, tem que vir de cima, tem que ter honestidade, empenho, vontade de querer ser grande. Se não tiver, não resolve".

Márcio e Rose Botelho acompanhar partida no Pacaembu
Márcio e Rose Botelho acompanhar partida no Pacaembu
Foto: Rodrigo Hoschett / Terra

Ah, o placar do jogo? Pois é. O Santos não deu chances aos lusitanos, fez três gols no primeiro tempo, tomou um no final da partida e venceu por 3 a 1. Mas quem se importa? Claro que no futebol o resultado é importante, mas ser torcedor da Portuguesa é diferente, vai muito mais além do que vencer ou perder um jogo.

"O importante é se divertir. Não foi do jeito que nós queríamos, já que o time está muito ruim mesmo. O jogo foi péssimo para nós, decidido nos pequenos detalhes. O importante é que vim com minha família. Isso é o importante, estarmos sempre juntos", concluiu José Luís Botelho, com um belo sorriso no rosto ao deixar as arquibancadas do Pacaembu.

Fonte: Terra
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