Projeto de debêntures será votado no Conselho Deliberativo do Inter
O assunto tem gerado discussões entre os conselheiros e reverbera nas redes sociais, com argumentos a favor e contra
O Inter não e diferente de nenhum clube do Brasil, precisa se adaptar a realidade financeira. O Conselho Deliberativo do Inter se reúne nesta segunda-feira para votar se aprova ou não o projeto de debêntures proposto pela gestão do presidente Alessandro Barcelllos. O assunto tem gerado discussões entre os conselheiros e reverbera nas redes sociais, com argumentos a favor e contra.
O projeto busca captar R$ 200 milhões junto a investidores, que serão usados para pagar outras dívidas, com juros maiores. O clube assegura já ter garantido metade o valor. A direção já estudava o tema desde o ano passado e decidiu levar o plano adiante com a reeleição de Barcellos. "Queremos enfrentar a dívida, pagar menos juros e também aliviar o fluxo de caixa para a operação anual do clube. Auxiliará os custos do futebol para trabalhar o planejamento da pasta. Não é só para agora, mas ao clube, para as próximas gestões", afirma o vice-presidente Ivandro Morbach.
A discussão sobre o tema gerou polêmica nos últimos dias pelo fato do Beira-Rio ser uma das garantias da operação, a quarta e última da hierarquia, depois de receita do quadro social, bilheteria e de um fundo reserva. A gestão tenta tranquilizar torcedores e conselheiros que não há risco de perder o estádio. "É uma questão simbólica, por ser a casa do Inter. Está no negócio como uma garantia, mas temos toda a segurança. Fizemos um teste dentro do mercado financeiro como se fosse há 10 anos, se as garantias primárias eram suficientes, com quadro social e bilheteria. Passamos com louvor, mesmo no período da pandemia, quando o quadro social atingiu o pico de inadimplência, assim como a enchente. O clube tem condição de honrar as garantias. Temos certeza que a transação em um período de cinco anos que propusemos é vantajosa", defende Morbach.
A gestão já tinha apresentado o projeto a grupos de conselheiros nos últimos meses. Nesta segunda, o vice de Finanças Leandro Bergmann apresentarão a proposta a todos os conselheiros, junto com a simulação realizada pela Inter. Na sequência, os colorados votarão se aprovam ou não.
O que são as debêntures?
Debêntures são títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais. São operações bancárias, como um empréstimo tradicional. Mas em vez de buscar o dinheiro em bancos, o clube vai atrás de investidores. Eles colocam o dinheiro e são remunerados com juros no vencimento do título. Os juros, como a transação oferece garantias, são menores.
"É uma alternativa fora do tradicional. O Inter já tem um endividamento e temos feito um grande esforço para não deixá-lo crescer. Só de juros, pagamos cerca de R$ 80 milhões, R$ 90 milhões por ano. Isso concorre com aos investimentos que precisamos realizar. É um valor muito elevado ao futebol", aponta Morbach.
O que é preciso para o projeto ser aprovado no Conselho?
Para ser aprovado, é necessário ter 50% mais um voto entre os conselheiros. Quanto tempo o Inter tem para ressarcir os investidores? O pagamento precisa ocorrer ao longo de cinco anos. A ideia é diluir a dívida com juros menores do que dos bancos tradicionais.
Quais as garantias que o Inter dará aos investidores?
- Fluxo de sócio, ou seja, a receita do quadro social;
- Fluxo de bilheteria, a receita das partidas no Beira-Rio;
- Fundo reserva. Valor reservado em uma conta separada;
- Alienação fiduciária, o Beira-Rio como garantia.
"Temos três garantias principais e, caso tudo dê errado, o que não dará, poderíamos renegociar com os credores. A quarta garantia seria a alienação fiduciária, colocar o Beira-Rio. É uma questão simbólica, por ser a casa do Inter", assegura o vice-presidente.
O Inter já tem os investidores?
Os bancos Banrisul e BMG entrarão com R$ 100 milhões, R$ 50 milhões de cada. O clube agora precisa encontrar investidores para aportar os R$ 100 milhões restantes.
Onde o Inter vai utilizar o dinheiro das debêntures?
Pagamento das dívidas. O Inter assumirá obrigações de governança. Ainda será estabelecido o limitador de novos endividamentos. O clube terá obrigação de controlar os gastos. "Precisamos enfrentar e baixar o endividamento. São mecanismos que o clube adota, uma responsabilidade para ter uma gestão financeira responsável. Ainda será proposto ao Conselho a formação de uma comissão que acompanhará a execução do enfrentamento da dívida", completa o dirigente.
Qual o tamanho da dívida do Inter?
Aproximadamente R$ 750 milhões.