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Resultados do Mundial comprovam evolução do Brasil na Ginástica Artística

Leis de incentivo e boas práticas de gestão fazem com que geração atual não seja considerada 'obra do acaso'

11 out 2023 - 08h00
(atualizado às 08h29)
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Foto: Lance!

Os resultados hitóricos do Brasil no Mundial de Ginástica artística, disputado em Antuérpia, na Bélgica, não são 'obra do acaso', mas uma comprovação da nossa evolução na modalidade. É o que garante Luisa Parente, ex-atleta e nome histórico do esporte em nosso país, cujos feitos envolvem a conquista de duas medalhas de ouro em uma mesma edição de Jogos Pan-Americanos, em Havana (1991), e a disputa de duas Olímpiadas, em Seul (1988) e Barcelona (1992). Atualmente, trabalha como gestora do esporte e comentarista esportiva.

Em entrevista por telefone, Luisa se disse encantada com as atletas brasileiras da atual geração, e afirmou que as conquistas de Rebeca Andrade, Flavia Saraiva e companhia transcendem as medalhas.

- Certamente, várias crianças vão querer praticar ginástica artística (a partir de agora). Esse é o grande valor dos ídolos e do esporte, que retroalimenta uma cultura esportiva. Também tem a autoestima coletiva: existe uma torcida, que acompanha a ginástica. Não é mais a monocultura do futebol e isso é maravilhoso para o esporte e para o país.

Luisa foi atleta em uma época na qual haviam mais 'paitrocínios' - como a própria disse, em trocadilho que faz referência à ajuda financeira de familiares - do que incentivos formais, da parte do poder público ou de entidades do esporte. Estes auxílios, inclusive, estão entre os principais motivos da evolução da Ginástica Artística brasileira no cenário mundial.

- Hoje os clubes conseguem dar continuidade a um planejamento, ano a ano, a cada ciclo Olímpico, em função de leis de incentivo. Não basta investir o dinheiro hoje, ele só vai dar resultado daqui alguns anos. Na minha época não tinhamos condições de se manter financeiramente, não era possível viver do esporte. Hoje as meninas tem uma carreira sustentável.

Sustentabilidade que vai além de questões financeiras e alcança também questões metodológicas, com a integração entre ciência e treinamento esportivo, que permite uma preparação mais adequada, especialmente na formação, assunto delicado no esporte de alto rendimento de uma maneira geral.

- Precisa ter essa renovação. Elas até estão durando bastante (risos). As gerações anteriores não eram tão longevas. Vinha gente de base já 'comendo seu calcanhar'. Quando eu terminei minha carreira, Daniele (Hypólito) já explodia nas categorias de base - conta Luisa.

Apesar do momento dourado da modalidade no Brasil, a ex-atleta ressalta a necessidade de se manter o que nos permitiu chegar ao patamar atual, considerando sempre a possibilidade de melhora. Uma das ideias seria a expansão de um 'intercâmbio técnico', favorecendo a formação de atletas para além do eixo Rio-São Paulo. Nacionalizar e padronizar a formação de treinadores é outro passo necessário para a evolução da modalidade em nosso país.

- Precisamos reforçar o que nos levou a este resultado. Todo o empenho dos clubes envolvidos, a Confederação Brasileira no seu planejamento, tudo isso corrobora para esse ciclo virtuoso que se forma - finalizou.

A MODALIDADE NO BRASIL

- A ginástica evoluiu no mundo todo, e no Brasil também, em vários aspectos: tecnológicos, técnicos, entre outros. Antigamente, se dava um mortal, depois se passou a dar dois mortais, depois três e depois piruetas. Os aparelhos dão mais impulsão, amortecem melhor, tem uma modelagem mais confortável, e por aí vai. E no caso do Brasil, de forma mais específica: outros países não sofreram com falta de investimento, em uma época, como nós sofremos. Para se ter uma ideia: mesmo treinando no melhor clube do Brasil, houve um período em que não tinhamos um tablado completo para treinar solo. Hoje, não apenas os clubes estão bem equipados, como os nossos centros de treinamento se equipararam aos centros de treinamento de todo o mundo.

A IMPORTÂNCIA DAS LEIS DE INCENTIVO

- A gente chegou em um patamar, muito por esses incentivos, que gerou a possibilidade de sustentar o esporte de rendimento. Sem essa sustentabilidade, é difícil. No caso da ginástica, houve também, por parte do Comitê Olímpico, das entidades de administração do desporto, que priorizaram algumas modalidades para esse investimento. A ginástica foi uma delas, por ser um potencial de medalha muito grande. Não é um fator isolado.

A FORMAÇÃO DE ATLETAS NOS ESTADOS UNIDOS EM COMPARAÇÃO COM O BRASIL

- Nesse ponto, não se compara aos Estados Unidos. Em termos de volume de prática na formação, eles tem milhares de academias, é muita concorrência. Nem todas são Simone Biles, mas existe um mercado de ginástica de alto nível lá, que é o universitário. Imagina o Maracanãzinho ou o Ginásio do Ibirapuera lotado, só com ginastas de 20 a 25 anos, que já estão na universidade e competem fazendo altas performances. Certamente eles tem uma fonte muito alta de renovação. A cada dois ciclos renova-se praticamente tudo.

GESTÃO DA MODALIDADE

- Uma das coisas que a gente mais sofria era ter um patrocínio hoje e amanhã não ter. Atualmente é possível ter esse tipo de continuidade, não apenas aos incentivos em si mas também às leis que estabeleceram critérios de gestão e boa governaça. A gente evoluiu. Agora é um outro cenário. No dia a dia, quem ainda trabalha em clube, mata um leão por dia. Mas é um leãozinho que já teve a sua refeição, dá para domar (risos).

COMO ENXERGA A GERAÇÃO ATUAL DA GINÁSTICA?

- Estou muito encantada com essas meninas. É quase a sensação de vidas passadas, fico admirada. As pessoas falam que torciam por mim e ficavam admiradas com o que eu fazia, mas hoje eu fico admirada com o que elas fazem. Não sei como elas fazem (risos). É incrível. São umas guerreiras, perseveraram muito, diante de muitas dificuldades.

Lance!
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