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Roger Machado, um técnico negro em destaque que vai virar tema de escola de samba em 2025

O técnico colorado será tema da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina no Carnaval 2025

20 nov 2024 - 13h15
(atualizado às 18h18)
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Único técnico negro entre os 20 que comandam as equipes da elite do futebol brasileiro, Roger Machado tem se destacado não apenas pelos seus resultados à beira do campo, mas também pela sua postura firme no combate ao racismo no futebol e fora dele. O técnico colorado será tema da Escola de Samba Imperatriz Dona Leopoldina no Carnaval 2025.

Foto: Ricardo Duarte / Internacional / Porto Alegre 24 horas

"Penso que tivemos evoluções, o país começou a olhar para essa questão. Porém, vejo que os avanços ainda são pequenos. Para mim, o futebol amplifica, cristaliza e aponta o que somos como sociedade", declarou o técnico colorado ao ser perguntado sobre a data recentemente, após a vitória sobre o Fluminense.

Jogador de sucesso nos anos 1990, o ex-lateral não costuma esconder suas posições políticas, sobretudo sobre o racismo. Esse seu lado se tornou mais visível quando ele começou a assumir posições de comando como técnico, mas aflorou bem antes, nas conversas com a família, e foi crescendo ao longo dos anos com um hábito que ele cultiva, o da leitura.

Marcelo Carvalho, amigo de Roger e diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, organização que monitora e debate casos de racismo no esporte, destaca que a presença de Roger como técnico negro é uma exceção que confirma uma regra ainda muito presente: a falta de oportunidades para profissionais negros em cargos de comando.

"O futebol está descobrindo que o racismo não é só quando alguém chama uma pessoa negra de macaco. O racismo está quando a gente olha para os clubes e não vê pessoas negras no espaço de gestão em comando. Quando a gente não vê treinadores negros. O Roger hoje não é só uma inspiração para quem sonha ser jogador de futebol, ele é uma inspiração para quem também sonha ser treinador de futebol, ser gestor de futebol", afirma Carvalho.

As ações de Roger para mudar essa realidade não se limitam ao discurso. O treinador decidiu apoiar projetos relacionados ao tempo, como o "Diálogos da Diáspora", uma coleção de livros de várias áreas do conhecimento e que busca dar visibilidade a autores negros e indígenas. Já são 28 livros publicados.

"A gente vê cada vez mais alunos negros e indígenas no espaço universitário. E vimos que o mercado editorial não acompanhava essa evolução. Criamos esse projeto para abrir portas para esses futuros autores", explica Tadeu de Paula, professor da UFRGS e amigo de Roger.

Por tudo isso, a trajetória de Roger é uma das inspirações para o samba-enredo que a Imperatriz Dona Leopoldina levará para a avenida no carnaval de Porto Alegre em 2025. A ideia é simples, mas carregada de significado: contar a história de figuras que desempenharam um papel crucial na luta contra o preconceito racial.

Luiz Augusto Lacerda, carnavalesco da escola e primo de Roger, explica que a escolha do tema "A Cor do Futebol - A Imperatriz Marca um Gol Contra o Preconceito Racial" também reflete a maneira como ele vê o técnico: "Roger não se curva. É um técnico negro que se posiciona, é um técnico negro que mesmo apanhando o tempo todo, ele não se curva".

Roger terá um lugar de destaque no desfile da escola. É um reconhecimento à sua postura e ao seu papel na sociedade, motivo de orgulho para a comunidade negra.

"O Roger, ele deve hoje ser encarado como um lanceiro negro. O posicionamento do Roger é a ponta de uma lança. Hoje se faz muito necessário que ele grite. Nós estamos ao lado de um ser humano ímpar, consciente do seu papel na sociedade, e que é sim motivo de orgulho, não só para os seus próximos, mas para toda uma comunidade negra - conclui o carnavalesco".

Porto Alegre 24 horas
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