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Destaque do Vasco, Raniel relembra dura trajetória: "Até vender drogas eu vendi"

11 fev 2022 - 14h13
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Raniel é um dos destaques do Vasco neste início de temporada: em cinco jogos, marcou três gols pelo Campeonato Carioca. No entanto, o atacante passou por diversos problemas ainda na infância e até chegou a vender drogas mais tarde.

"Com 14 anos eu comecei a beber. Depois, a me drogar. E até vender drogas eu vendi. É doído demais lembrar disso, parece que estou jogando sal numa queimadura de água-viva. Eu era só uma criança e acabei cedendo àquele mundo perigoso que me cercava", declarou o jogador ao The Players Tribune.

Raniel afirmou que teve uma infância difícil, pois encarou a morte do pai muito cedo e foi dado à vizinha pela mãe, que não tinha condições de criá-lo. Vivendo no bairro do Arruda, no Recife, o garoto logo se destacou na base do Santa Cruz, que garantia a alimentação dele.

Raniel subiu ao profissional aos 17 anos, quando foi pego no exame antidoping por uso de cocaína. Ele ficou, então, um ano afastado, mas não foi dispensado pelo Santa: continuou treinando e escutando ofensas na rua.

Já após passagem de sucesso no Cruzeiro, clube que defendeu profissionalmente entre 2017 e 2019, Raniel se transferiu para o São Paulo. Depois de período apagado no Tricolor, ele foi negociado com o Santos em 2020, "de longe" o pior ano de sua vida.

Raniel detalhou a tarde em que Felipe, seu filho mais novo, provavelmente engatinhou até a piscina e ficou desacordado: "Eu dei um pulo da cama com os gritos da babá. Desci as escadas correndo e vi meu filho nos braços dela, desacordado, todo molinho, e com a boca espumando. Ai, meu Deus, não desejo algo parecido nem ao meu pior inimigo".

"Foram quase 40 minutos dele em parada cardíaca, sem responder, sem vida. Eu conheço bem a dor, de vários tipos e intensidades, por isso posso falar: nenhuma dor que eu tenha sentido até então ou ainda venha a sentir será igual à daquele dia. Nenhuma. Mas aí o Felipe voltou. E a única explicação que eu tenho é que Deus nos deu uma prova de que Ele existe", completou, mencionando a ida ao hospital.

Durante este período, em que o filho ficou na UTI por 23 dias, Raniel revela que voltou a beber: "Era o auge da pandemia e os jogos estavam suspensos, os estádios fechados. […] Eu tive uma recaída. Eu me afundei. Bebia, bebia, bebia até cair e bebia mais um pouco deitado. Só parava depois de desmaiar. Eu queria me destruir. Eu via que a qualquer momento algo grave ia acontecer comigo. E eu desejava que acontecesse, porque aquele abismo em que eu caí depois do antidoping no Santa Cruz ficou rasinho perto desse".

Já após contrair covid-19, o jogador teve "trombose aguda em estágio avançado" na perna, o que poderia impossibilitá-lo de continuar sua carreira. Felizmente isso não ocorreu e, "para deixar marcado na pele" os males do álcool, decidiu fazer uma tatuagem no rosto, perto do olho esquerdo, com a inscrição "07-12-20", o último dia em que bebeu.

Emprestado ao Vasco no início de 2022, ele afirma que não conseguiu render no Santos como gostaria. Porém, mesmo assim, teve "a felicidade de voltar a jogar depois de nove meses parado": "pude me despedir do clube em campo. O que, para mim, já era uma vitória".

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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