Candidato à presidência do Santos, Agostinho promete futebol forte e cita plano para ter Neymar
Primeiro candidato a registrar uma chapa para as eleições presidenciais do Santos, Ricardo Agostinho conversou com exclusividade com a Gazeta Esportiva para apresentar os seus planos de gestão. O empresário destacou a necessidade de fazer uma grande reformulação no clube.
"Nosso trabalho consiste em reconstruir o clube. Infelizmente as coisas não funcionaram nesses últimos três anos. Uma analogia rápida: tínhamos uma fábrica de móveis com dívidas. Quem assumiu a direção vendeu as máquinas que faziam os móveis. Pagou uma parte da dívida, mas não tem como sobreviver pois não tem como fabricar móveis. Nosso trabalho é entrar no Paulista buscando, pelo menos, os quatro primeiros lugares, e a Libertadores via Campeonato Brasileiro", contou.
"A gente tem feito esse trabalho já. Começamos um trabalho a longo prazo, colocando pessoas no mercado, já pensando em o que fazer. Não dá para chegar faltando 20 dias para a eleição e começar a pensar. Você não faz nada. Nós ganhamos tempo. Já estamos com um projeto bem consciente. Fomos os primeiros a montar a chapa. Estamos fazendo um trabalho bem consciente", completou.
Agostinho ainda destacou o seu desejo de voltar a ter um time competitivo dentro de campo. A sua ideia é reformular o elenco já no começo de 2024 para começar o ano disputando o título do Campeonato Paulista.
"Futebol é o carro chefe. É natural que temos que rodar o elenco. São bons jogadores, mas não deram certo no Santos. Alguns jogadores vamos trocar. Vamos rodar o elenco e, com algumas trocas, vendas, também vamos viabilizar o clube. Sabemos que tem que ter tiro certo. Tem uma parte do elenco que vamos usar, claro, tem uma espinha dorsal muito boa, com João Paulo, Joaquim, Soteldo e vamos tentar conversar com o Marcos Leonardo", disse.
"Vamos fazer algumas contratações pontuais e, aí sim, montar um time muito bom para o Paulista. No meio do ano, vamos ter alguns bons jogadores disponíveis no mercado para trazer para o Brasileiro e buscar a vaga na Libertadores, pelo menos", ampliou.
Além disso, uma das principais apostas do candidato é transformar o clube em SAF. Para isso, ele quer usar como espelho o Fortaleza. Ou seja, a ideia é valorizar a marca para depois comercializá-la.
"O caminho da SAF é irreversível no futebol. Quem fez em um primeiro momento, fez porque estava para quebrar e fez um mau negócio. Agora está melhorando. Uma SAF em que o Santos tenha menos de 51% não me interessa. Estamos pensando em alguns modelos como de alguns clubes, como o do Fortaleza. Nesse primeiro momento, vamos capitalizar o clube, conseguir dinheiro mais barato, condições melhores de empréstimo, dar uma parte da SAF como garantia", detalhou.
"No futuro, o modelo mais interessante é o do Bayern. Ele vendeu uma parte da sua SAF para algumas empresas e isso capitalizou forte, hoje é um time hegemônico na Alemanha. Mais do que isso não dá. Vender o clube para um sheik e ele mudar de ideia ou fazer o Santos de satélite e todo jogador bom que você criar for para a Europa não vai dar certo", complementou.
Por fim, Ricardo Agostinho revelou que conversou recentemente com o pai do Neymar e espera trazer o ídolo de volta para a Vila Belmiro em breve.
"O pai dele tem uma dívida comigo. Choramos muito juntos. Ele deu a palavra que o Neymar voltaria ao Santos. Eu falei com ele rapidamente há pouco tempo. Ele disse que não é o momento, mas que a partir do ano que vem podemos conversar, sim. É óbvio que a gente pensa em contar com ele no final do contrato dele na Arábia. Faz todo sentido para ele e para nós. Ele vai ter todas as condições. Acredito em uma parceria muito grande com a família Neymar", declarou.
Ricardo Agostinho é publicitário de formação, mas trilhou carreira como empresário. Em 1995, abriu a empresa Pharmacia e Cia. Ele se associou ao Santos em 1992 e retornou no começo dos anos 2000. Em 2014, foi premiado pelo próprio clube por ser o torcedor mais presente no estádio. Em 2017, foi eleito Embaixador do Santos em São Paulo.
A eleição para escolher o novo presidente do Santos acontece no dia 9 de dezembro, de forma híbrida, com os sócios podendo votar remotamente ou presencialmente.
Ricardo Agostinho tem como concorrentes Wladimir Mattos, Rodrigo Marino, Maurício Maruca e Marcelo Teixeira
Veja outros trechos da entrevista de Agostinho à Gazeta Esportiva
Marcos Leonardo vai ficar?
"A ideia é um planejamento de carreira para o Marcos Leonardo. Não adianta achar que já perdeu. É o Santos. Entendo, é o direito dele, teve promessa. Ninguém vai atrapalhar a vida de ninguém, mas o Santos também não pode ter a vida atrasada. Vamos conversar, oferecer um plano de carreira, algo que já temos planejado. Se ele não quiser, ok, vai e tenha sucesso. O Joaquim vamos querer segurar, assim como alguns jogadores que estão subindo da base. Jogador que sai do Santos tem que ir para time de camisa igual, como Real Madrid, Milan. Vamos tentar conversar. Mas o Santos não vai ser mais um time em que o cara vai ser vendido por qualquer preço pois quer sair. Vamos procurar o melhor. É o básico"
Urgências no Santos
"O estatuto (tem que mudar de imediato). É a prioridade zero. O estatuto trava muito o clube. Não era bom e piorou. Temos que acabar com o CG, não funciona. O plano de sócio tem que mudar urgentemente. Tem que ter outro tipo de trabalho. O Santos não pode ter menos associados que Inter e Grêmio, com todo respeito. Desconto no ingresso não pode ser a única vantagem. Tem que ter clube de vantagens. Tem que alcançar todos os bons e contemplar a torcida. São várias coisas que temos que mudar. Isso é muito importante"
Nova Arena
"Esse estádio do jeito que está não é. Esse último modelo, depois de várias mudanças, é ruim. Vamos trabalhar para tentar buscar o primeiro projeto, de lá do final de 2018, que foi excelente. Acho que a WTorre tem interesse, se não teria uma multa tão alta. Vamos sentar e bater nesse primeiro projeto. Vamos agir o mais rápido possível para começar a reforma no meio do Paulista. A cidade merece um grande um palco de show e eventos e a torcida merece um estádio moderno, confortável e com maior público"
Jogos em São Paulo
"A ideia é trazer os jogos para São Paulo quando começar a reforma. Antes, os jogos serão na Vila e no Pacaembu. Jogo grande vai ser no Morumbi. Vamos colocar 60 mil pessoas lá. Depois, com a Arena pronta, vamos continuar mandando jogos em São Paulo também. A demanda é muito grande. O Santos sempre jogou em São Paulo"
Grande erro do Santos nos últimos anos
"A administração terminou com o futebol. A parte administrativa deixou a desejar. Precisamos profissionalizar o clube, deixar o clube em uma situação confortável para trabalhar no futebol, ter torcidas organizadas, torcedores comuns, empresários e federações alinhadas com você. São coisas muito lógicas. Precisamos estruturar o Santos. E o futebol tem que ser priorizado. Não tivemos um time digno do seu torcedor. O torcedor está desconectado do time. Foram três anos muito ruins. Uma coisa absurda. Precisamos refazer o futebol do clube e profissionalizar"
Trabalho com as categorias de base
"A Base tem que ser linear, começar no sub-11 e ir até o sub-23. O estilo de jogo é parecido com o do treinador. A peça vai crescendo e se aprimorando e, quando chega a hora de jogar, ele sabe o que fazer. Isso facilita muito para todo mundo. O departamento de transição é importantíssimo estar alinhado com a comissão técnica da base e do profissional"
Futebol feminino
"O futebol feminino é muito sério. Hoje a gente forma para os outros. O clube deixou de lado o futebol feminino. Vamos reativar a parceria para descobrir novas Sereias da Vila desde a base. Vamos trabalhar com tranquilidade, montar um time forte. A gente precisa trabalhar e ter títulos. Temos que formar muitas meninas também"
Por que votar no Agostinho?
"O Santos precisa de profissionalismo, precisa mudar e avançar. Estamos trabalhando há meses. Temos todo esse trabalho sendo desenvolvido. Não podemos se provar de fazer o clube voltar a ganhar títulos e andar para frente com um trabalho sério e profissional. O clube tem que capitalizar, ser profissional e ter um legado. O próximo presidente que chegar tem que encontrar um clube arrumado financeiramente e que ele consiga tocar o futebol em sempre alto nível. Nada mais natural que a gente faça isso. O clube não pode depender de mecenas. Ele vai embora, leva todo o dinheiro e o clube fica na língua correndo risco. Isso não pode acontecer de novo"