Debandada no Santos tem corte de gastos e pode deformar time
O novo Santos busca enxugar a folha salarial em meio a pior crise financeira de sua história recente. O processo que já contou com a não renovação contratual com uma série nomes do elenco que terminou o ano, além de empréstimos e cessões de atletas, agora é marcado, principalmente, por uma possível debandada de investimentos consideráveis que podem deformar a base da equipe titular.
A começar por Arouca e Mena, que já acionaram o clube judicialmente e aguardam liminar para sair devido ao não pagamento da série de atrasados. A saída forçada aliviaria os cofres do clube, mas jogaria fora investimentos grandes. O primeiro, por exemplo, custou cerca de R$ 8,1 milhões em agosto de 2010, enquanto o último quase R$ 9 milhões. Juntos, ganham mais de R$ 500 mil mensais.
Time-base 2014 | Time provável em caso de debandada completa |
Aranha; Cicinho, Edu Dracena, David Braz e Mena; Alison, Arouca e Lucas Lima; Geuvânio, Robinho e Gabriel (Leandro Damião) | Vladimir; Daniel Guedes, Gustavo Henrique, David Braz e Caju; Lucas Otávio, Renato e Robinho; Geuvânio, Ricardo Oliveira (Thiago Ribeiro) e Gabriel |
A dupla, por sinal, já tem destino quase certo. Arouca tem conversas adiantadas com o Palmeiras de Oswaldo de Oliveira, com quem trabalhou no Santos e é fã confesso do seu futebol. Já Mena é o primeiro nome do Cruzeiro para substituir Egídio, negociado com o mercado ucraniano.
Assim como Arouca, Mena também tem parte dos direitos econômicos vinculados à Teisa (Terceira Estrela S/A), fundo de investimentos formado pela diretoria anterior, composta por conselheiros e santistas influentes. As ações já são esperadas, também, por parte de outros atletas do elenco vinculados ao fundo, como o lateral direito Cicinho.
A conta aumenta com o desaparecimento de Aranha, também um dos principais líderes do elenco. O goleiro se sente desvalorizado pela procura da nova diretoria ao goleiro Jefferson, do Botafogo e já não treina mais no clube. Aranha também pode entrar com um processo.
O técnico Enderson Moreira pode perder mais atletas, como o volante Alison, que já teve todo o percentual de direitos econômicos presos ao clube vendidos pelo Banco BMG e é desejado pelo Inter, o meia Lucas Lima, que tem propostas do exterior para sair, e o zagueiro Edu Dracena. Com relação a Dracena, a diretoria explicou estar "conversando sobre acertos contratuais". Desses, todos são titulares.
Corte de gastos começou com Damião
O processo de limpeza ganhou força, principalmente, com a saída do centroavante Leandro Damião, emprestado ao Cruzero.
Só com o jogador, contabilizando o 13º, são R$ 5,2 milhões de economia no ano. Se contabilizar a devolução de Souza, que ganhava R$ 160 mil mensais e tinha mais seis meses de contrato de empréstimo, a conta chega a R$ 6,1 milhões.
O clube não matenve nenhum dos atletas que estavam por empréstimo, casos do atacante Rildo e do zagueiro Bruno Uvini, e dos contratos que se encerraram só renovou os do goleiro Vladimir e do volante Renato. Neto, Vinícius Simon e Giva saíram
A diretoria ainda optou por liberar o volante Alan Santos ao Coritiba, que tinha vínculo até o fim de 2017. O acordo para a liberação gratuita e em definitivo contou com o perdão do atleta para a dívida salarial e a permanência santista em parte de seus direitos econômicos.
O novo homem forte do futebol, o diretor executivo Dagoberto Fernando dos Santos, já avisou em seu discurso inicial que o clube não fará loucuras para trazer jogadores devido a atual crise financeira, que confessou, inclusive, estar atrapalhando nas negociações. O Santos só acertou o empréstimo do meia Chiquinho, que atuou pelo Fluminense no último Campeonato Brasileiro, além do centroavante Ricardo Oliveira.
O Santos tenta, principalmente, acertar a permanência do atacante Robinho, com a possibilidade de mantê-lo já após o fim do contrato de empréstimo, em julho.
O clube segue ainda devendo mais de três meses de salários aos jogadores em CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas), férias e 13º salário, além de mais três meses de imagem, onde é paga a principal fatia salarial.