Demitido pela 5ª vez, saiba como Adilson Batista vive calvário
- Diego Garcia
- Direto de São Paulo
O ótimo zagueiro Adilson Batista encerrou a carreira de jogador em 2001, levando na bagagem títulos como a Copa Libertadores da América de 1995, pelo Grêmio, e o Mundial de Clubes de 2000, pelo Corinthians. Dedicou-se à profissão de treinador, chegou ao Cruzeiro e se consagrou, comandando o time celeste por dois anos e meio até 2010, quando deixou Belo Horizonte e passou a viver um calvário pessoal: já são cinco demissões desde então.
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Mandado embora do Atlético-GO nesta terça-feira, o treinador somou a quinta demissão desde outubro de 2010, quando o Corinthians decidiu desfazer o vínculo com o técnico. A partir daí, o até então promissor comandante não conseguiu parar em nenhum lugar e, mesmo tendo ficado seis meses afastado do futebol, somou decepções atrás de decepções.
O Terra lista, a seguir, os principais erros de Adilson Batista em seus cinco últimos clubes na carreira: Corinthians, Santos, Atlético-PR, São Paulo e Atlético-GO, e tenta justificar porque um dos mais promissores treinadores brasileiros dos últimos tempos se afundou em um calvário pessoal, que já começa a deixá-lo sem opções no mercado nacional.
Confira os principais erros de Adilson Batista:
Atrito com xodós: No Corinthians, Adilson não ganhou a simpatia do elenco após assumir uma equipe que liderava o Campeonato Brasileiro. Um suposto complô por parte de líderes do time, como Ronaldo, Alessandro e alguns diretores, seria uma das causas da queda. No Santos, um dos fatos que irritou o torcedor foi o treinador ter barrado o xodó Felipe Anderson na Copa Libertadores, além de Zé Eduardo e Maikon Leite em alguns jogos.
Salário exorbitante: Com salário de treinador top de linha, Adilson Batista tinha um vencimento mensal muito além do que produzia nos clubes. No Santos, por exemplo, chegou para ganhar R$ 400 mil e ficou por apenas 11 jogos. No Atlético-GO, teve proposta do Cruzeiro, onde ainda é querido, e não fechou, entre outros motivos, por ter uma pedida salarial acima do oferecido pelos mineiros, que optaram pelo menos exigente Celso Roth.
Mágoa com a imprensa: Constantemente desconfiado em suas entrevistas concedidas pós-treinos e jogos, o técnico demonstrava mágoa com os veículos de imprensa que cobriam os clubes por onde passou. Seja no Corinthians, no Santos, no São Paulo, no Atlético-PR ou no Atlético-GO, o comandante dificilmente demonstrava simpatia e era sempre arisco e áspero nas respostas, de maneira geral evasivas.
Fama de "Pardal": A fama de "professor Pardal" acompanhou Adilson Batista pelos clubes por onde passou. No Corinthians, a insistência com Thiago Heleno era motivo de ira por parte da torcida. No Santos, a utilização de nove escalações diferentes em 11 jogos - com algumas substituições contestadas - também contribuiu. Isso se repetiu em Atlético-GO, São Paulo e Atlético-PR, onde o treinador chegou a colocar cinco volantes em um único jogo.
Contratações falhas: Alguns reforços fracassados entram na lista de falhas do técnico. Isso começou com a chegada do hoje palmeirense Thiago Heleno, que cometeu falhas que custaram o título brasileiro corintiano. Depois, se repetiu com Charles e Jonathan, no Santos, que penaram com lesões. Já no Atlético-PR, nomes obscuros como Hugo, Márcio, Paulo Roberto e até Cleber Santana não corresponderam.
Confiança nos dirigentes: O excesso de confiança de Adilson nos dirigentes foi um dos principais erros do treinador nos últimos tempos. Acostumado com o respaldo obtido no Cruzeiro, confiou demais nos cartolas e acabou demitido de forma precoce. Foi assim em Santos e Atlético-GO, onde teve promessas de trabalhos longos, mas sucumbiu com pouco tempo de casa.
Falta de respaldo: Adilson Batista chegou sem nenhum respaldo nos cinco clubes que o demitiram. Foi o atual presidente Mário Gobbi que induziu a saída do Corinthians, por exemplo, enquanto o diretor santista Pedro Luiz Nunes Conceição não era a favor da chegada dele. Parte da cúpula paranaense também era contra, fato que se repetiu agora em Goiânia, onde foi demitido com apenas uma derrota no cargo (assim como no Santos).
Derrotas em clássicos: Se antes o comandantes era tido como o "rei dos clássicos" no Cruzeiro, o mesmo não se repetiu nas demais equipes. Perdeu o Campeonato Paranaense para o arquirrival Coritiba, foi demitido do Santos após revés contra o Corinthians, não venceu o Goiás na decisão do Goiano e também penou nos grandes jogos quando dirigiu o São Paulo.
Atritos inexplicáveis: Adilson também ficou marcado por criar alguns atritos inexplicáveis. Isso começou no Corinthians, quando mudou a metodologia vitoriosa de Mano Menezes e irritou Roberto Carlos e Ronaldo; no Santos, quando sacou Neymar das cobranças de pênalti; no São Paulo, com Rivaldo barrado pelo treinador; no Atlético-PR, quando mandou Paulo Baier para o banco; e até em negociação com o Cruzeiro nos últimos dias, quando teria pedido pelas saídas de Roger e Wellington Paulista.
Sombra de ex-treinadores: Identificado com o Cruzeiro, o treinador sofreu com bons trabalhos de antecessores. No Corinthians, por exemplo, a "sombra" de Mano Menezes falava mais alto. O fato se repetiu no Santos, que sentia a falta de Dorival Júnior; no São Paulo, ainda lamentando o adeus de Muricy; no Atlético-PR, após a inexplicável saída do ídolo Geninho; e no Atlético-GO, que deve até recontratar Hélio dos Anjos.
Antipatia dos torcedores: Adilson Batista não conquistou a simpatia dos torcedores em nenhum dos cinco clubes. No Santos, por exemplo, o torcedor pedia a cabeça dele com apenas uma derrota no comando, enquanto no Atlético-PR os rubro-negros invadiram o CT exigindo a saída. Já no São Paulo os tricolores vaiaram o novo técnico desde a estreia, e os gritos de "burro" tornaram-se constantes. Também vale lembrar a reunião de uma organizada corintiana com a direção, dias antes da demissão dele.
Veja números de Adilson Batista por Corinthians, Santos, Atlético-PR, São Paulo e Atlético-GO, somados:
Jogos: 74
Vitórias: 28
Empates: 26
Derrotas: 20
Aproveitamento: 47%