Destaque na base do Santos, Weslley Patati projeta futuro e revela inspiração em Pirani
O meia-atacante Weslley Patati é uma das grandes promessas do Santos na atualidade. Meia-atacante de movimentação, o jovem de apenas 18 anos tem uma multa avaliada em 100 milhões de euros (cerca de R$ 648 milhões) e contrato com o Peixe até 2023.
Porém, Patati encontrou dificuldades para chegar onde chegou. Aos 15 anos, o jovem nascido em Presidente Dutra (MA), passou em um clube de Jataí, no sudoeste de Goiás. Lá, foi abandonado e chegou a brigar contra a fome.
"Um cara foi na minha cidade e conversou com meu pai para me levar para Jataí, para jogar em um clube lá. Meu pai me liberou, queria que eu jogasse. Quando chegamos lá ele me largou e foi embora. Sumiu, não falava mais nada. Lá era escolinha, nem era clube. Eu fiquei seis meses por lá e passou um tempo em que a gente ficou sem comida, já que muitos pais dos garotos acabavam não conseguindo custear a vida deles. Aí saímos para rua, a gente procurava pé de manga… Depois, passei a estudar e conheci um amigo. Esse amigo me convidou para ficar na casa dele, fiquei e os pais dele me acolheram super bem. Passou um tempo, morei com eles e depois voltei para a minha cidade. Voltei mais maduro, aprendi muitas coisas e aquilo me deu um estímulo a mais para poder seguir atrás do meu sonho. Foi apenas uma barreira que eu superei e me deu forças para seguir em frente", contou Weslley em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
Além disso, o apelido de "Patati" também vem de uma história de superação. Com poucas condições financeiras, Weslley tinha que usar chuteiras emprestadas no Colégio Luiz Rocha, aos oito anos. Pela baixa estatura, as chuteiras ficavam muito grandes no garoto, recebendo assim de seus colegas o apelido que faz alusão ao palhaço.
"Sempre levei na esportiva, na brincadeira. Não entendi porque meu irmão não ficou como 'patatá' (risos). Mas nunca me incomodou, sempre levei na esportiva, hoje é bem tranquilo", falou.
Em relação ao seu estilo de jogo, Weslley se classifica como meia, mas "que pode atuar pelas duas pontas". "Me acho um jogador muito rápido, veloz, tenho bom drible, bom passe. Sou muito inteligente com a bola, sempre penso antes da bola chegar, sei o que vou fazer. Tenho muita facilidade para conduzir a bola em velocidade, driblar", revelou Patati.
Para Weslley, seu estilo de jogo se assemelha ao de Gabriel Pirani, meia que se destacou no profissional na última temporada. "No elenco (profissional) me inspiro em muitos jogadores, como o Pirani. Ele é ótimo, tem um pouco das minhas características, é rápido, veloz, sabe conduzir a bola em velocidade, passe…", disse. No geral, seu ídolo máximo é Neymar, também revelado nas categorias de base do Peixe.
Sua trajetória no Santos é curiosa. Em um intervalo de dois dias, Weslley deixou de ter um contrato de formação para ter um vínculo profissional com uma multa milionária.
"Depois da passagem em Jataí, eu voltei para escolinha da minha cidade e continuei jogando pela região. Fui para um time perto da cidade, como River do Piauí… Até que um dia meu empresário foi fazer uma peneira na minha cidade, e eu fui quase o único que passei. Ele me levou para o CT do Joãozinho, na Bahia, fiquei dois meses na escolinha dele. Disputei dois campeonatos, em um fui o melhor jogador e em outro fui artilheiro. E aí surgiu a oportunidade de vir pro Santos. Vim, passei uma semana, fui bem. A gente estava em período de treino, próximo da Copinha. Fizemos um amistoso dois dias depois que eu assinei contrato de formação. Aí eu fui muito bem e já saí dali com contrato profissional na mão", disse.
Patati disputará a próxima Copa São Paulo de Futebol Júnior, que se inicia no próximo dia 2. O Santos está no grupo 8 da Copinha, ao lado de Ferroviária, Rondoniense-GO e Operário-PR. O Peixe estreia no torneio no dia 3 de janeiro, às 21h45 (de Brasília), diante do clube paranaense, na Fonte Luminosa, em Araraquara.
Confira outros trechos da entrevista com Weslley Patati
Como foi sua infância?
"Minha infância foi baseada no futebol, desde os meus oito anos, quando comecei a jogar bola na escolinha. Sempre joguei, gostei, busquei jogar em outros times, fazer teste para ver se entrava em alguma escolinha. Sempre busquei meu sonho."
Como foi participar da Revelations Cup pela Seleção Brasileira sub-18 e quais seus planos pensando em Seleção principal?
"Foi uma das melhores sensações da minha vida dentro do futebol. Não tem palavras para descrever. Foi uma experiência muito boa, trabalho para isso, para conquistar esses momentos. Dou sempre meu máximo para um dia se Deus quiser ser convocado para a Seleção principal."
Pensa muito em integrar o profissional do Santos após a disputa da Copinha?
"Com certeza. Penso muito nisso. Penso que se eu fizer uma boa Copinha, quem sabe não jogo o Paulistão pelo profissional. Me doo ao máximo para essa oportunidade."
Tem o sonho de atuar na Europa? Qual o clube que mais tem sua simpatia no exterior?
"Eu sempre tive o sonho de jogar na Europa, no Real Madrid, que eu gosto muito. Não sou muito do videogame, mas quando jogo, gosto de jogar com o Real Madrid."