Legado? Sede da Bósnia tem queixas de drogas e prostituição
Quase quatro meses após o término da última Copa do Mundo, a subsede da Bósnia e Hezergovina na competição, o Estádio Municipal Antonio Fernandes, localizado no bairro Jardim Helena Maria, no Guarujá, virou alvo de constantes reclamações de moradores. O Terra visitou o lugar e ouviu o "abandono" como maior crítica à obra que já teve mais de R$ 9 milhões em gastos com verbas públicas e hoje reúne no entorno relatos de insegurança devido a presença de usuários de drogas, prostituição e até o desmanche de motos usadas.
"(Aqui no entorno) continua o tráfico de drogas e sexo de menores, com a prostituição infantil. Ocorre também muita droga e furto de motos porque encontramos correntes e cadeados cortados aqui à noite. Além de ver elementos altamente drogados andando e circulando por aqui", desabafou um morador, que pediu para não ser indentificado.
A prefeitura da cidade foi procurada pelo Terra e ameniza, por meio do secretário de Esportes e Lazer, Elson Maceió, mantendo o mesmo discurso adotado para a chegada da Bósnia com obras inacadadas de que o estádio apresenta mais de "90% de conclusão" e que equipes seguem em "permanente trabalho". Na visita ao local, na quinta, nenhum trabalhador foi visto ou localizado.
"Todo mundo percebe, na verdade, que o cronograma físico de obras que deveria ser concluído, não foi. Inclusive, tiraram até a placa que sinalizava a conclusão da obra porque ficou esquecido, ficou abandonado. A prefeitura não fez a parte dela", questiona outro morador.
"As obras não terminaram, estão em andamento, pois os convênios com o Governo do Estado e Federal não foram encerrados. Estão em andamento, em vigor, e o estádio conta com uma equipe permanente de trabalho, fazendo a manutenção. É uma equipe de 12 funcionários diariamente fazendo a manutenção, cuidando da drenagem do gramado e limpando tudo", rebateu Maceió.
A promessa da prefeita Maria Antonieta era entregar a reforma do estádio até 31 de março, durante visita da comitiva bósnia no mês anterior. Posteriormente, ao Terra, dias antes da chegada da Bósnia já com obras atrasadas, o vice-prefeito Duino Verri Fernandes alegou que "o contrato público era até 15 de junho" e que "antes disso a empresa teria que antecipar o cronograma".
A prefeitura nega o abandono dizendo que, desde então, já utilizou o local para a Copa do Mundo de Deficientes Intelectuais, agregando oito países, e para rodadas do Campeonato Paulista de futebol, das categorias Sub-11 até a Sub-20.
"Ainda não há o uso semanal por conta das obras que ainda temos e, por conta disso, o uso ainda é restrito. Até terminar tudo vamos segurar um pouco. O pessoal da fisioterapia esportiva já está utilizando o espaço, também, assim como o auditório que já contou com seminários na área esporte e de saúde. Algumas áreas estão isoladas", explicou o secretário. "Ele nunca foi e nunca será um elefante branco", completou.
Sobre a segurança, diz não conhecer os problemas citados e garante que há vigilantes 24 horas dentro do local, além de constantes rondas policiais para manter a ordem no entorno. As obras de melhorias nos acessos, no entanto, que contam com a pavimentação e iluminação das ruas, sequer foram iniciadas.
"No estádio ninguém entra até porque estamos vigilantes 24 horas. Tem uma área na frente que a nossa fiscalização identificou que tem sido feito descartes irregulares de material de construção civil e já estamos atuando nisso. Não tinha conhecimento sobre esses problemas, falei com a polícia até, mas é novidade", disse o secretário.
Outro morador, no entanto, reclamou sobre a falta de segurança contando que bandidos o abordaram mais de uma vez dentro de casa e roubaram muitos itens. Ele decidiu, então, vender o local e se mudar para outro bairro, a Vila Maia, dizendo que durante todo o dia "ninguém é visto trabalhando no estádio".
O Terra tentou contato com o delegado titular da Delegacia Sede, Clóvis Rossi, mas não obteve sucesso. O investigador Paulo Carvalhal disse brevemente desconhecer as denúncias citadas, explicando que ali se trata de "uma área que não dá grandes problemas ou tem maiores ocorrências" como outros bairros mais carentes.
A prefeitura, por sua vez, finaliza apontando acreditar que com os investimentos para iluminação e urbanização os problemas desconhecidos vão melhorar. De acordo com o secretário, as obras complementares exigirão cerca de R$ 2 milhões, mas que ainda não liberadas por fazerem parte de outro convênio. A previsão de data, agora, de acordo com a própria secretaria responsável, é para que tudo seja encerrado até o fim de fevereiro.