No reencontro com torcida gremista, Aranha é vaiado 29 vezes
A torcida do Grêmio foi implacável, mas não passou dos limites. As vaias ocorreram em média a cada três minutos nos 97 minutos em que a bola rolou
No reencontro com a torcida gremista, na noite desta quinta-feira em Porto Alegre, o goleiro Aranha foi vaiado e xingado 29 vezes nos 97 minutos em que a bola esteve em jogo, quase uma vaia a cada 180 segundos. Aranha foi chamado também de “v...” pelo menos seis vezes, e reclamou do comportamento da torcida ao deixar o campo no primeiro tempo.
Aranha para Grêmio, mas vira alvo e revê "sombra" de racismo
“Esperava ser recebido de outra maneira”, disse o goleiro ao deixar a partida, por entender que o comportamento foi uma forma de apoiar o que aconteceu no último encontro que teve com o Grêmio.
A torcida foi implacável, mas os fiscais infiltrados em meio aos torcedores não precisaram agir contra qualquer exaltação. Até microfones foram colocados em frente a arquibancada, onde ficava a organizada Geral do Grêmio, que está suspensa, para gravar qualquer ofensa semelhante à registrada há 21 dias. Isso porque foram de lá que vieram as injúrias raciais contra o santista.
Nem os cânticos que usavam o termo “macacada” ao se referir ao rival, Internacional, foram cantados. As músicas, mais escassas sem ajuda da banda da Geral, eram de apoio ao Grêmio.
Aranha foi o primeiro santista a entrar em campo, 12 minutos antes do início do jogo para o aquecimento. Escolheu o lado que fica em frente a onde estava miúda torcida santista, mas já pode perceber como seria seu reencontro com os gaúchos quando ouviu a primeira das fortes vaias que seguiriam no decorrer do jogo.
No começo da partida, uma das apostas de quem observava era de que Aranha iria sucumbir a pressão. Na primeira etapa, teve ainda que jogar em frente a arquibancada. Na hora do apito inicial, o goleiro demorou para chegar ao seu posto, como se não quisesse voltar.
Mas eram só aparências, bastaram algumas jogadas e consequentes vaias, para Aranha já se sentir confortável com a situação. Cobrou faltas próximas de seu gol, e fez pelo menos duas defesas difíceis em chutes de Lucas Coelho.
Com a confiança, ele passou até a não ter pressa para as cobranças. Caiu no chão em ao menos duas defesas por conta de choques com os adversários, mas que para a torcida era a clássica cera.
Mas apesar da reclamação de Aranha, a torcida do Grêmio se comportou da forma esperada, sem passar dos limites. A única acusação seria homofobia por ter chamado o goleiro de "v...", mas essa ofensa não é tipificada como crime no código penal brasileiro.