Oswaldo pede punição rigorosa por racismo; Grêmio se defende
O técnico do Santos, Oswaldo de Oliveira, pediu por punição para os insultos racistas direcionados ao goleiro Aranha na vitória por 2 a 0 do Santos contra o Grêmio, nesta quarta-feira, na Arena Grêmio, pelo jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Oswaldo citou o assunto como "badalado" no País e pediu por rigor das autoridades para o novo caso envolvendo o camisa 1 santista.
"A questão do racismo poderíamos parar de falar e as autoridades punirem. Enquanto badalarmos issom a punição não acontecerá e a proporção aumentará. É similar a violencia nos estádios. Quanto mais se fala, menos se pune. E a impunidade tem tomado conta, os atos são multiplicados a cada rodada do Brasileiro e da Copa do Brasil", disse o treinador.
"Insisto em dizer que poderíamos evitar falar e exigir a punição para que as autoridades, realmente, punissem. Vivemos em um país em que a classe política e os torcedores de futebol são abonados de qualquer punição. Precisa de mais rigor mesmo, tanto a violência, quanto a manifestação racista", completou.
Aranha foi insultado no final da partida por torcedores na Arena, em Porto Alegre. Câmeras do canal ESPN flagaram uma torcedora claramente chamando Aranha de macaco e o resto do grupo fazendo sons que lembravam o animal.
Na saída de campo, Aranha demonstrou revolta com a atitude dos torcedores e lembram que o próprio Grêmio já fez campanha contra o racismo no futebol brasileiro. "A outra vez que viemos aqui jogar a Copa do Brasil tinha campanha contra racismo, não é à toa. Xingar, pegar no pé é normal. Agora me chamaram de 'preto fedido, seu preto, cambada de preto'. Estava me segurando. Quando começou o corinho com sons de macaco eu até pedi para o câmera filmar, eu fiquei p... .Quem joga aqui sabe, sermpre tem racista no meio deles. Está dado o recado, agora é ficar esperto para a próxima", desabafou o goleiro. "Está o recado para ficarem espertos para a próxima partida. Tem leis, mas no futebol sabemos que o torcedor usa de várias maneiras para desestabilizar. Não vou deixar de jogar o meu futebol por manifestação de torcedor. Dói, mas tenho que jogar", completou.
Oswaldo ainda citou o caso envolvendo o volante Arouca, vitimado com os insultos raciais após a vitória por 5 a 2 do Santos diante do Mogi Mirim, pela 12ª rodada do Campeonato Paulista.
"Santos e Aranha podem, sim, tomar uma atitude. Mas a recorrência é que é o fator mais abominável. O Arouca sofreu uma situação assim no Paulista, não tenho notícia de ter acontecido nada. Claro que não podemos deixar isso dormir porque ganha proporções, mas não pode ser um estímulo. O cara que vê que vai passar impune se sente motivado e motiva o vizinho dele a faer a mesma coisa", explicou o treinador.
O Santos ainda estudará a medida cabível para o caso envolvendo o goleiro: "essa pessoa vai ter que responder sobre essa atitude racista. Ele (Aranha) tem total apoio nosso, assim que terminar o exame antidoping estará conosco. O Santos é contra essa atitude, mas não sabemos a medida, se vai ser algo jurídico. Não temos nada contra o Grêmio, mas essa torcedora precisará responder", argumentou Zinho, gerente de futebol santista.
Grêmio se defende
O Grêmio já se pronunciou a respeito do ocorrido. Por meio de sua assessoria, o clube explicou que o sistema de monitoramento da Arena Grêmio "tem todas as condições de buscar a identificação dessa pessoa" para que o clube não seja "tachado como racista".