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Quantos gols Pelé tem na carreira? Entenda contagem oficial da Fifa e recorde considerado pelo Rei

Federação do futebol não leva em conta jogos amistosos e festivos e dá 767 para o jogador, mas muitos desses, que elevam o total para mais de 1000, tiveram importância histórica no contexto da época em que foram disputados

3 jan 2023 - 08h10
(atualizado às 08h10)
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Não há um consenso sobre a contagem de gols de Pelé. Ele e o livro dos recordes contabilizam 1283, enquanto outros consideram 1281, números que englobam feitos jogos em campeonatos, amistosos e partidas festivas. A grande polêmica, que deixa muitos fãs em dúvida, fica por conta da contagem da Fifa, que anota 'somente' 767 para o Rei, o motivo para isso é que a federação não leva em conta jogos 'não-oficiais', como os amistosos. Neste quesito, o maior artilheiro de momento é Cristiano Ronaldo, com 819, seguido de Josef Bican (805) e Romário (772).

Apesar de apresentar uma desvantagem ao ídolo do Santos e da seleção brasileira, o critério da Fifa não leva em conta o peso de campeonatos da época. Hoje em dia, a Liga dos Campeões da Europa é a competição mais valorizada do mundo e a Copa Libertadores a mais cobiçada da América do Sul, mas nem sempre foi assim. Além disso, a falta de documentação também atrapalha, já que muitos não foram filmados devido à ausência de tecnologia daquele tempo.

Pelé comemora, com seu gesto característico, um soco no ar, seu gol pela seleção brasileira no jogo contra a Checoslováquia pela Copa do Mundo no México de 1970.
Pelé comemora, com seu gesto característico, um soco no ar, seu gol pela seleção brasileira no jogo contra a Checoslováquia pela Copa do Mundo no México de 1970.
Foto: Domício Pinheiro/Estadão / Estadão

Muitos dos gols de Pelé em amistosos foram marcados nas famosas excursões internacionais, que eram comuns no futebol brasileiro na década de 60. O Santos tinha um elenco recheado de jogadores da seleção brasileira, como Coutinho, Pepe e Zito - além do Rei - e precisava de fundos financeiros para mantê-los, por isso, os amistosos contra grandes europeus traziam muito retorno de bilheteria. Até mesmo as viagens nacionais eram bem vistas para o orçamento. Algumas das 'vítimas' de Pelé em seus gols desconsiderados foram Barcelona, Inter de Milão e Real Madrid.

Por conta disso, o clube praiano até deixava de lado torneios importantes, como a libertadores. Ou seja, a quantidade de tentos em jogos oficiais não é por conta de fraqueza de adversários ou pelas partidas não terem o devido peso, mas justamente pelo contexto e o cenário do esporte na época. Os gols que muitos consideram não fazer sentido de faço são os marcados pelos times das Forças Armadas e do Sindicato dos Atletas, que totalizam 14.

Mesmo assim, a história no quartel é digna de relato. Imagine você montando um time para brincar nas horas livres do seu trabalho nas Forças Armadas do Brasil (todo jovem de 18 anos é obrigado a se alistar, mas nem todos são chamados para servir) e tem de escolher os times. Entre os candidatos, há Pelé. Recentemente, o jogador sul-coreano Son, que joga na Inglaterra, também serviu as Forças Armadas (obrigatória) do seu país.

Em meio a tantos gols, alguns gols viraram lenda na história de Pelé. Foram muitas 'obras de arte' assinadas pelo melhor jogador de todos os tempos, mas a principal delas não foi filmada ou registrada para a posteridade - ficou apenas no relato daqueles que presenciaram. Em 1969, durante uma vitória do Santos sobre o Juventus, na Rua Javari, em São Paulo, Pelé marcou, de acordo com os presentes, o gol mais bonito da carreira. A fama dessa história cresceu tanto que o lance chegou a ser reconstruído através de computação gráfica. Antes de marcar, ele deu quatro chapéus em rivais diferentes, inclusive no goleiro. E fez de cabeça.

Pela seleção brasileira, o Rei contabiliza 95 gols, mas, novamente, a Fifa considera um número maior pelo mesmo motivo de jogos oficiais. Se considerar apenas esse critério, ele teria 77, empatado com Neymar, que alcançou o recorde no jogo das quartas de final da Copa do Mundo de 2022 contra a Croácia.

Como os números 'frios' não levam em conta as nuances históricas de cada período do futebol, a discussão sempre estará presente, mas nada que diminua os feitos do maior jogador de todos os tempos.

Estadão
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