Da glória à queda: A passagem de Thiago Carpini no São Paulo
Treinador teve inicio promissor e chegou a conquistar um título, mas não conseguiu fazer o Tricolor desempenhar um bom futebol e perdeu o cargo
Thiago Carpini encerrou, nesta quinta-feira (18), sua passagem como técnico do São Paulo. Foram, ao todo, 18 jogos do treinador à frente do Tricolor Paulista, com sete vitórias, seis empates e cinco derrotas. Um aproveitamento exato de 50% dos pontos. Ele chegou ao clube como uma aposta, conquistou feitos impressionantes, caiu de rendimento e entrou na ira da torcida. Assim, o Jogada10 relembra a passagem do treinador no MorumBIS.
Missão de substituir um técnico campeão
No dia 11 de janeiro, o São Paulo anunciou Thiago Carpini como novo técnico do São Paulo. O treinador chegaria com uma dura missão: substituir Dorival Júnior, que havia aceitado o convite para comandar a Seleção Brasileira. Contudo, antes de assumir a Amarelinha, o comandante foi um dos grandes responsáveis por comandar o Tricolor na conquista inédita da Copa do Brasil.
A missão era ingrata, mas com tudo para dar certo. Dorival deixou um elenco campeão nas mãos de Carpini, que foi no mercado e trouxe peças pontuais para reforçar o elenco, como Ferreirinha, Erick e Luiz Gustavo. Além disso, o treinador chegou ao MorumBIS com muito respaldo.
Em sua apresentação oficial, o treinador enalteceu a oportunidade de trabalhar com Muricy Ramalho e agradeceu pela confiança. "Espero que o Muricy seja meu Telê", disse Carpini, fazendo referência ao trabalho do atual coordenador técnico do São Paulo.
Início promissor e quebra de tabu
Com Carpini no comando, o São Paulo começou muito bem o Paulistão com duas vitórias e um empate. Contudo, o primeiro grande desafio aconteceu contra o Corinthians. Isso porque o Tricolor convivia com o incômodo tabu de nunca ter vencido o rival na Neo Química Arena. Com gols de Calleri e Luiz Gustavo, o Soberano venceu por 2 a 1 e, enfim, venceu o Alvinegro em sua nova casa.
Após a vitória, Carpini dividiu o mérito com os jogadores e disse que estava "otimista" com o futuro. O triunfo também trouxe paz e alegria ao dia a dia do clube, que aparentava ter tirado um peso das costas.
Thiago Carpini conquista da Supercopa do Brasil
Logo após quebrar o tabu em Itaquera, Carpini tinha a chance de cravar mais ainda seu nome na história do clube. Afinal, o São Paulo tinha a final da Supercopa Rei do Brasil contra o Palmeiras, podendo conquistar a última taça que lhe faltava em sua galeria. Além disso, era a chance de vencer um rival histórico.
O São Paulo teve uma boa atuação, mas precisou dos pênaltis para vencer o Palmeiras e se consagrar campeão da Supercopa. Rafael brilhou com duas penalidades defendidas e saiu como herói. O título animou todos que ali estavam no Mineirão, acreditando que o Tricolor teria uma temporada muito promissora.
Queda no Paulistão pressiona Thiago Carpini
O que era euforia com a conquista da Supercopa do Brasil começou a se transformar em preocupação nos jogos seguintes. Afinal, o São Paulo colecionou desempenhos ruins e venceu apenas três jogos em seis partidas, mas com um futebol muito abaixo. O começo da ira do torcedor com Thiago Carpini começou no embate contra o Ituano, pela última rodada da fase de grupos do Campeonato Paulista.
O Tricolor estava eliminado ainda na primeira fase do Estadual por alguns minutos e precisou de um pênalti nos acréscimos contra o Ituano para conseguir a vaga para a próxima fase. O desempenho irritou o torcedor, já que o São Paulo estava com força máxima e encontrou dificuldades para vencer o Ituano, que foi rebaixado para a Série A2 do Paulista.
Nas quartas de final, o golpe de misericórdia. Em um MorumBIS lotado, o São Paulo ficou apenas no empate em 1 a 1 com o Novorizontino. Nas penalidades máximas, o time do interior levou a melhor e avançou na competição. A pressão por Thiago Carpini cresceu, muito por conta de algumas decisões do treinador durante a partida. Além disso, o desempenho seguiu abaixo do esperado.
Libertadores, Brasileiro e insatisfação do torcedor
A queda no Paulistão já tinha colocado na mente do torcedor que Carpini não era mais o nome certo para comandar a equipe na temporada. Contudo, o treinador tinha a chance de reverter este cenário em uma competição que o são-paulino ama tanto: a Libertadores. Na estreia, derrota para o Talleres, na Argentina. O time novamente teve um desempenho muito abaixo, mas a situação foi pior já que Carpini teve 18 dias para preparar a equipe e não conseguiu extrair nada de diferente.
Na rodada seguinte da Libertadores, duelo contra o adversário mais fraco do grupo: o Cobresal. Contudo, novamente o São Paulo voltou a demonstrar um futebol fraco e sofreu para conseguir arrancar uma vitória contra os chilenos, mesmo atuando no MorumBIS.
Já pelo Brasileirão, veio o golpe final em Carpini. Com duas derrotas nas duas primeiras rodadas do torneio nacional, sua situação ficou insustentável. Nos bastidores, o treinador perdeu todo o respaldo que possuía com a diretoria. Nos corredores, os jogadores seguiam falando que estavam fechados com o técnico, mas não conseguiam esconder o abatimento com os últimos resultados.
O cenário não estava caótico, mas insustentável e sem perspectiva de melhora. Carpini em nenhum momento se mostrou que entregaria o cargo, mas também ficou incomodado com especulações de possíveis novos treinadores no São Paulo. Nesta quinta-feira, em reunião, ficou decidido que ele deixaria o cargo.
Agora, a diretoria terá que reiniciar do começo uma temporada que tinha tudo para ser promissora e cercada de expectativas. Carpini, que era considerado um técnico para o futuro do futebol brasileiro, também terá que recomeçar. O caminho de ambos é uma verdadeira nuvem cinzenta e sem um trajeto para ser traçado. Contudo, tanto o clube quanto o treinador entenderam que não tinha mais condições de permanecerem juntos.
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