Dorival diz que demissão anterior no São Paulo ficou marcada e que vê título como resposta
A primeira passagem do treinador em 2017 não rendeu frutos; em 2023 ele cumpriu a promessa
Após o apito final de Bráulio da Silva Machado, num Morumbi tomado por mais de 63 mil pessoas, Dorival Júnior não se conteve e veio às lágrimas, abraçando assim todos os seus jogadores e membros da sua comissão técnica, incluindo também um consolo aos atletas do Flamengo.
Na entrevista coletiva, Dorival viu sua primeira passagem no São Paulo, em 2017/2018, como um trabalho 'inacabado'. Em 2023, ele conseguiu cumprir seu papel de forma brilhante, trazendo para a galeria tricolor o título da tão sonhada e aguardada Copa do Brasil. O treinador é um dos grandes responsáveis pela conquista são paulina pela sua for persuasiva de trabalhar, conquistando assim o ambiente e a confiança dos seus comandados.
"Poucas pessoas têm noção, têm ideia daquilo que foi feito dentro do São Paulo, do trabalho, do comprometimento, de poder resgatar um grupo que estava muito magoado naquele instante, mas que entendeu o recado, que passou a acreditar naquilo que foi proposto, e com a ajuda substancial de uma torcida que voltou a ser apaixonada, nós conseguimos um momento que não tem... Talvez seja inigualável, nos últimos anos de história desse clube. Então, eu acho que pra mim, isso não tem preço, eu só tenho agradecer a aqueles que confiaram no meu trabalho e da minha comissão, aqueles que confiaram em que nós poderíamos dar um retorno, depois do que havia acontecido em 2017 quando nós saíamos de uma zona de rebaixamento e na última rodada do Campeonato Brasileiro nós éramos a melhor equipe do segundo turno até os 44 minutos do segundo tempo do jogo com o Bahia, era a melhor campanha do returno, quando ali nós tomamos um gol e caímos para a terceira colocação e a diretoria não entendeu que aquele trabalha seria de recuperação de elenco no ano seguinte e resolveu cortar", afirmou Dorival.
"Eu fiquei com aquilo marcado para mim, eu queria voltar ao São Paulo, porque eu queria dar ao torcedor são paulino uma resposta daquele momentos que nós aqui passamos. E, com todas as dúvidas e incertezas que foram geradas desde a minha chegada, inclusive com muitas opiniões que eu ouvi, que eu havia dado um passo errado na minha carreira, eu prometi a todos que nós não sairíamos esse ano do São Paulo, nós não fecharíamos o ano se não estivéssemos disputando uma final de competição!", completou o técnico.
Vale lembrar que, em julho de 2017, Dorival pegou o Tricolor em uma situação um pouco mais complicada que hoje em dia. O São Paulo tinha acabado de ser eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil e caído logo na primeira fase da Copa Sul-Americana. A estreia do técnico aconteceu em uma partida pelo Campeonato Brasileiro, em um empate por 2 a 2 com o Atlético-GO, no Morumbi.
Logo depois, emendou uma derrota por 2 a 0, contra a Chapecoense. O treinador só conseguiu uma vitória na terceira partida que comandou, contra o Vasco da Gama, por 1 a 0. Estes levantamentos são do historiador Alexandre Giesbrecht.
O comando de Dorival foi caótico, mas 'milagroso'. Ao todo, foram 17 vitórias, 11 empates e 12 derrotas. Porém, viveu tempos difíceis ao ver o Tricolor sofrer na zona de rebaixamento por várias rodadas do Campeonato Brasileiro. E vale destacar que em toda a história do clube, o São Paulo nunca foi rebaixado.
Assumindo a equipe na 13ª rodada, só viu o clube do Morumbi respirar em paz na 36ª. No fim, terminou a competição na 13º posição. Mas sem dúvidas, um dos pontos que mais chamou atenção na primeira passagem de Dorival Júnior foi a vinda do 'Profeta'.
De 19 contratações feitas naquele ano, incluindo as que aconteceram sob o comando de Rogério Ceni, um dos nomes foi a grande estrela: Hernanes. O atleta chegou no Tricolor no final de julho, pouco tempo depois da estreia de Dorival. Com 19 partidas, marcou nove gols - sendo artilheiro do time no Brasileiro e essencial para salvar do rebaixamento. De fato, foi o amuleto da sorte do treinador.
Por sete pontos, o São Paulo não foi para a Série B. Com esse feito e por ter salvado o time de uma catástrofe, a diretoria tricolor - que passou por uma série de instabilidades na época, com a saída do diretor-executivo Vinicius Pinotti -, optou por manter o treinador para a campanha do ano seguinte.
Mas o início do Campeonato Paulista em 2018 não foi como o esperado. Ao todo, disputou onze partidas pela competição, estreando com uma derrota por 2 a 0 contra o São Bento. Foram quatro vitórias, cinco derrotas e dois empates. Sua demissão veio após uma derrota por 2 a 0 em um clássico contra o Palmeiras.
*Estagiário sob supervisão de André Carbone