Serena Williams se considera "desvalorizada" como mulher negra no tênis
Por Sonia Elks
(Thomson Reuters Foundation) - Serena Williams disse que foi "paga a menos (e) desvalorizada" como mulher negra no tênis, aplaudindo o movimento Black Lives Matter por lançar luz sobre o racismo enraizado, de acordo com comentários publicados pela edição britânica da revista Vogue.
A estrela dos Estados Unidos, que ganhou 23 títulos de Grand Slam e falou abertamente sobre sexismo e racismo durante sua carreira, disse que a tecnologia também teve um papel fundamental para destacar a discriminação racial e a violência.
"Agora, nós, como negros, temos uma voz --e a tecnologia tem sido uma grande parte disso", afirmou ela em uma entrevista para a edição de novembro de 2020 da Vogue britânica.
"Vemos coisas que estiveram escondidas por anos; as coisas pelas quais nós, como pessoas, temos que passar. Isso vem acontecendo há anos. As pessoas simplesmente não conseguiam pegar seus telefones e gravar isso antes."
"Eu acho que, por um minuto, eles (os brancos) começaram --não a entender, porque eu não acho que se possa entender--, mas eles começaram a ver", acrescentou ela.
"Eu estava tipo: bem, você não viu nada disso antes? Tenho falado sobre isso durante toda a minha carreira. Tem sido uma coisa após a outra."
Williams está entre as estrelas do tênis mais conhecidas e bem-sucedidas do mundo, junto com sua irmã Venus, e já destacou repetidamente o preconceito que enfrentou dentro e fora das quadras.
Ela boicotou o torneio BNP Paribas Open, no resort California Indian Wells, por 14 anos depois de receber comentários racistas em 2001, um incidente que ela disse tê-la deixado chorando no vestiário por horas.
Em 2018, ela apontou o sexismo após perder um ponto por quebrar sua raquete em ato de frustração no Aberto dos Estados Unidos, com a pioneira do tênis feminino Billie Jean King elogiando-a por expor um "padrão duplo" para as jogadoras.
Mas Williams, de 39 anos, disse à Vogue britânica que tem orgulho de representar "belas mulheres negras" e espera que as atitudes possam estar mudando gradualmente.
"Talvez isso não melhore a tempo para mim, mas alguém na minha posição pode mostrar às mulheres e pessoas de cor que temos uma voz, porque Deus sabe que eu uso a minha", disse ela.