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Jogos
da Antiguidade
Por
mais de mil anos - durante o período compreendido entre 776 a.C. e
394 d.C - para os gregos, atingir a vitória nos sagrados Jogos Olímpicos
foi o mais cobiçado entre os feitos. De seu histórico início, em 776
a.C. até a sua proibição, em 394 d.C., os Jogos Olímpicos eram realizados
a cada quatro anos sem interrupção. Nem mesmo as ameaças de invasão
do território grego e o quase intermitente conflito entre as cidades-estado
eram capazes de impedir o calendário Olímpico.
O
espetáculo atlético e religioso, de culto a Zeus, foi venerado em
Atenas, nas cidades-estado e demais cidades gregas, e também nas
colônias da Sicília, da Ásia Menor, da Espanha e da África. A vitória
Olímpica era considerada tão gloriosa que em 67 d.C. - mais de 200
anos depois que a Grécia havia se tornado província romana - o Imperador
Nero tratou de arranjar para si o título de campeão em seis modalidades.
Sob
as absurdas ordens de Nero, o festival olímpico incluiu a competição
de música e de poesia, além de uma corrida de carros com dez cavalos.
Nesta disputa, Nero se declarou vencedor, mesmo depois de ter tombado
do carro. Santuário dedicado a Zeus, Olímpia, um vale fértil, situava-se
a noroeste do Peloponeso. Nenhuma cidade ou vila jamais se estabeleceu
ali. O controle oficial desse território e dos Jogos Olímpicos era
exercido pela cidade de Elis, situada a 35 milhas, ao norte, de
Olímpia. Cabia ao governo de Elis administrar as regras de Olímpia,
apontando aqueles que seriam juízes e moderadores dos Jogos.
As
Olimpíadas sempre coincidiam com a segunda ou a terceira lua cheia
depois do solstício do verão. O primeiro registro histórico concreto
dos Jogos Olímpicos data de 776 a.C.. Numa tarde quente, uma multidão
de 40 mil gregos assistiu à "Final do Estádio", denominação dada
à única prova disputada em uma distância de 192,27 metros. Um corredor
sobrepujou os rivais e chegou ao término da competição em primeiro
lugar. Era Corebo, de Elis, um cozinheiro, que se notabilizou como
o primeiro campeão olímpico da Antigüidade. Foi o pioneiro dos atletas
laureados do Olimpismo.
Os
vencedores dos Jogos Olímpicos recebiam substancial ajuda material
de suas cidades-estado. Em alguns casos, tinham direito a pensão
por toda a vida, além de exorbitantes pagamentos a cada performance.
Entretanto, em Olímpia, a única recompensa pela vitória era a coroa
de ramos de oliveira. Não havia qualquer premiação para o segundo
ou terceiro lugar. Os atletas estavam imbuídos do propósito de "vencer
ou morrer".
Seis
meses antes de cada Festival Olímpico, mensageiros oficiais viajavam
através da Grécia para anunciar a data exata dos próximos jogos.
Os mensageiros reiteravam a Trégua Sagrada para proteger os atletas
viajantes. A chegada desses mensageiros marcava o começo de intenso
treinamento e disputas entre atletas em todas as vilas e cidades.
Juízes locais selecionavam aqueles que competiriam em Olímpia. Todos
deveriam ser cidadãos livres, da pura linhagem grega. Nenhum deles
poderia ter cometido crimes de violência. Desses juízes partia a
permissão a atletas para competir, assim como a desqualificação
dos Jogos. Também eram eles quem asseguravam que os atletas dormissem
sobre o chão duro, forçando-os à uma austera dieta à base de figos
secos, nozes, pão e queijo fresco. Três dias antes dos Jogos Olímpicos,
aqueles aprovados ao longo do rigoroso mês de treinamento partiam
a pé, junto com juízes e administradores, numa procissão de dois
dias até Olímpia. Os Jogos Olímpicos eram um espetáculo exclusivamente
masculino. A presença feminina não era permitida. Segundo as leis
de Elis, qualquer mulher que violasse o tabu, era lançada à morte,
de um alto e rochoso monte. No início do século V a.C., quando os
jogos adotaram o clássico calendário de cinco dias, o primeiro evento
consistia na corrida de bigas. Popular, essa corrida acontecia,
no hipódromo retangular, a céu aberto. Eram 40 carros, cada qual
puxado por um time de quatro cavalos, que se esbarravam numa pista
de 400 metros, pela qual teriam que completar 12 voltas. A corrida
de bigas era a única disputa em que os participantes se vestiam.
O
segundo dia de competição se encerrava com a disputa do pentatlo
- salto em distância, lançamento do disco, lançamento do dardo,
corrida do estádio e luta livre. O pentatlo era organizado de modo
que apenas dois finalistas disputavam a última modalidade, a luta
livre. Nela, os atletas brigavam com as cabeças encostadas umas
nas outras.
No
salto em distância, os atletas carregavam halteres, que eram soltos
no ar. Eles acreditavam assim aumentar a propulsão do salto. No
lançamento do disco, era utilizado um prato de metal ou pedra, duas
ou três vezes mais pesado do que os discos modernos. No lançamento
do dardo, era amarrada uma correia de couro à haste do dardo, que
precisava não apenas atingir maior distância porém, ter também mais
precisão.
O
terceiro dia era dedicado inteiramente a espetáculos religiosos,
que culminavam com o sacrifício de cem novilhos no altar de Zeus.
O quarto dia em Olímpia era o último de competição. No estádio,
de quatro a oito corredores, disputavam, de cada vez, corridas de
200 metros, 400 metros e 4.800 metros. O atleta que vencesse todas
as três disputas recebia o título Triastes, uma rara honra conferida
quatro vezes a um só campeão, Leonidas de Rhodes.
Os
historiadores têm registros diferentes em relação ao final das Olimpíadas.
Há aqueles que consideram que em 392 d.C., três anos depois de celebrada
a 291º Olimpíada, os Jogos foram proibidos pelo Imperador Teodósio
I, por considerá-los um rito pagão. Há, entretanto, historiadores
que sustentam ter sido o final dos Jogos dois anos depois, em 394
d.C.
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