Medina diz que precisava deixar família e cogita pausa
Tricampeão mundial é econômico ao comentar o gesto da mãe Simone, que celebrou sua conquista nas redes sociais, e disse que não depender mais dos familiares era necessário
Há diversos motivos para o título mundial conquistado por Gabriel Medina, na última terça-feira, em Trestles (EUA), ser considerado um dos mais marcantes de sua carreira. Além de ser um tricampeonato, o feito ficará marcado como o primeiro sem sua família por perto - considerado um pilar nas suas últimas conquistas.
Medina foi alvo de polêmica durante o começo deste ano e viu sua vida pessoal ganhar as páginas de sites sobre um possível desentendimento envolvendo sua esposa, Yasmin Brunet, e sua mãe, Simone Medina.
O que se sabe é que, de fato, Gabriel se afastou da família, trocou o pai/padrasto Charles Saldanha pelo australiano Andy King como treinador e passou a viajar sozinho, apenas com Yasmin - além do novo técnico.
Segundo Medina, a mudança era necessária e partiu de uma escolha própria.
"No começo do ano, resolvi sair da minha zona de conforto e assumir minha responsabilidade de ter minha casa, pagar minhas contas, ter minha família, fazer minhas viagens… Hoje, eu sei que consigo fazer tudo sozinho. Precisava disso, é um processo de amadurecimento, é um negócio pessoal", disse em entrevista exclusiva ao LANCE!.
"Eu tive que fazer essa escolha, e eu assumi essa escolha. A vida é assim. É um processo que todo mundo passa. Não tem muito o que fazer. É viver, pensar positivo e coisas boas", acrescentou Medina.
Mãe posta foto de Medina após nove meses
Simone, que não postava uma foto relacionada a Gabriel em suas redes sociais há nove meses, 'quebrou o gelo' nesta quarta-feira ao republicar um post e deixar uma mensagem marcando o filho.
"Parabéns, Gabriel Medina. Esse sempre foi o sonho e o objetivo. Deus cumpre o que promete! Deus abençoe!", publicou, além de outras cinco repostagens em relação ao título.
Quando perguntado sobre a importância do gesto, Medina foi singelo. "É legal. Na verdade, minha infância toda, durante toda minha vida, eu tive eles do meu lado. Mas são coisas da vida".
Com o título conquistado, Gabriel se igualou a Mick Fanning (AUS), Tom Curren (EUA) e Andy Irons (HAV) como os terceiros maiores campeões da história do esporte. Acima deles, estão Mark Richards (4) e Kelly Slater (11).
Pausa em 2022
Medina não crava que competirá o Circuito Mundial de Surfe (WCT) de 2022. Ele admitiu que pode, pela primeira vez desde que estreou na elite, ficar sem disputar etapas do campeonato da WSL.
"Preciso parar um pouco de pensar só em competição, porque tudo que eu faço hoje, alimentação, rotina… É tudo focado em competição, para eu estar 100% em todos as disputas. Eu nunca perdi uma etapa. É difícil fazer isso por anos. Acho que chegou o momento em que eu preciso dar uma pausa", disse Medina.
O brasileiro ingressou na elite do surfe mundial em 2011, com apenas 17 anos. Em 2021, completou dez no tour - com exatamente 100 etapas disputadas de lá para cá. Dessas, subiu no lugar mais alto do pódio 17 vezes - contando o último WSL Finals -, além de faturar três títulos mundiais (2014, 2018 e 2021).
Medina, no entanto, ainda disse que a decisão não está tomada em sua cabeça.
"Esse ano foi difícil, emendei uma viagem na outra, quase não voltei para casa. São dez anos que tenho que estar no mesmo nível, treinando, fazendo escolhas para performar melhor... É muito intenso, exige bastante. Eu quero me dar um tempo, mas é algo que ainda vou parar para pensar, deixando dia após dia… Vamos ver como vai ser", completou o surfista, que é casado com a modelo Yasmin Brunet.
No passado, alguns surfistas já optaram por um 'ano sabático'. O mais recente deles foi Mick Fanning, que disputou apenas cinco das onze etapas em 2016, retornando ao campeonato de forma integral em 2017. O australiano, também tricampeão mundial, no entanto, já estava com 35 anos - Medina tem 27 -, e o fez após perder o irmão mais velho e passar pelo ataque de tubarão durante uma etapa da África do Sul, em 2015.
Caso opte por disputar apenas algumas baterias em 2022 - ou até nenhuma -, Medina poderia não alcançar a posição necessária na tabela para se garantir na elite de 2023.
No entanto, em contato com a Liga Mundial de Surfe (WSL), a entidade confirmou que, caso o brasileiro decida por isso, ele seria 'beneficiado' com um convite direto para o WCT do ano seguinte - assim como acontece com atletas que sofrem com lesões durante a temporada.
*Com informações da Equipe Portal