Federer descarta Copa Davis e conta "segredo da longevidade"
Recordista de títulos de Grand Slam (17) e de semanas como número 1 do mundo (302), Roger Federer vê ao menos duas grandes conquistas faltarem em seu currículo: a medalha de ouro olímpica em simples e a Copa Davis. Projetando uma carreira longeva que chegue à Olimpíada do Rio de Janeiro 2016, o tenista, 31 anos, abrirá mão de defender a Suíça na competição por equipes em 2013, quando adotará um calendário mais enxuto.
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Em novembro, Federer divulgou o calendário para o ano que vem incluindo 14 torneios, contra os 17 (mais a Davis) de 2012. O jogador espera acrescentar ao menos um nessa lista, o ATP Finals de Londres, caso confirme a 12ª classificação seguida entre os oito melhores do mundo.
"Preciso treinar, este ano não pude treinar, parar para voltar ao meu melhor potencial", argumenta o suíço. Para que isso acontecesse, "infelizmente algo tinha de sair" da programação do tenista, conforme ele diz - as ausências mais importantes são o Masters 1000 de Miami e o ATP 500 da Basileia, em sua cidade natal.
Segundo as regras da Associação dos Tenistas Profissionais (ATP), todos os jogadores com ranking suficiente para entrar na chave são obrigados a participar de oito dos nove Masters 1000 - a exceção é o de Monte Carlo. Mesmo em caso de lesão, os atletas que não atuarem recebem uma indicação de zero ponto no ranking, número que não pode ser substituído por outro torneio e que obrigatoriamente conta na soma das 18 melhores competições que formam a pontuação de cada jogador.
Há uma exceção, porém, para jogadores que cumprirem três pré-requisitos: tenham 31 anos de idade, 12 anos de carreira e pelo menos 600 partidas como profissional. Federer se encaixa nesse perfil de veterano. "Mas tudo pode mudar, nunca se sabe como você vai se sentir", discursa, abrindo ainda uma possibilidade para atuar, por exemplo, em Miami.
Copa Davis é um título que falta no currículo de Federer, que tem 43 vitórias e 15 derrotas no evento
Copa Davis sai do calendário de Federer
Quanto à Copa Davis de 2013, no entanto, não há mais nenhuma possibilidade. Federer descarta "definitivamente" a chance de defender a Suíça nas oitavas de final da competição em confronto com a República Checa que será disputado em Genebra entre 1º e 3 de fevereiro.
"Olhe, é decepcionante, você sabe, meu capitão é meu técnico na verdade (Severin Luthi), mas no fim do dia...", diz Federer, em conversa reserva com o Terra. Com seu inglês fluente ele é desenvolto e um bom comunicador, mas para por quatro segundos no meio da frase, escolhendo bem as palavras antes de continuar. "Minha vida, minha família, minha harmonia, tenho que olhar para frente, quero jogar por muitos mais anos. Eu não posso perseguir todos os objetivos possíveis. Joguei a Copa Davis por tanto tempo que às vezes ela tem que simplesmente permanecer à parte, infelizmente", completa o pai das gêmeas Myla e Charlene, 3 anos.
O suíço estreou no torneio em 1999 e soma 43 vitórias e 15 derrotas (32 e sete em simples). Em 2012, ele atuou pela primeira vez nas oitavas de final do Grupo Mundial desde 2004, participando da derrota para os Estados Unidos em Friburgo. Nesse intervalo, jogou todos os anos, exceto 2010, na repescagem, tentando evitar o rebaixamento do time ao Zonal Africano/Europeu, o equivalente à segunda divisão.
Em novembro, Stanislas Wawrinka, número 17 do mundo e 2 da Suíça, lamentou dizendo que não entendia o modo como Federer encarava a competição - sem ser uma prioridade. O segundo colocado do ranking argumenta que "nos últimos um ano e meio" não teve "o equilíbrio certo" na carreira porque queria voltar ao topo da lista e disputar a Olimpíada de Londres e a Davis.
Federer conta seu "segredo da longevidade"
O principal exemplo de longevidade do circuito profissional nos últimos anos é Andre Agassi. O americano ganhou cinco dos oito Grand Slams de sua carreira após completar 29 anos de idade e se tornou, em 2003, aos 33 anos, o jogador mais velho da história a ostentar a liderança do ranking mundial.
Em 2005, ele cumpriu um calendário que reuniu 13 torneios - mais um confronto de Copa Davis - e era o número 7 do planeta quando se tornou o mais velho finalista de um Grand Slam desde o australiano Ken Rosewall em 1974 (39 anos). Agassi não conquistou o Aberto dos EUA justamente por causa de Federer, que venceu por 3 sets a 1; o americano deixaria o tênis na temporada seguinte.
Questionado pelo Terra se a programação enxuta de Agassi em 2005 seria uma inspiração, Federer explica que não. "Ano que vem tenho de voltar ao zero, jogar onde tenho de jogar para manter um ótimo nível e ser super competitivo, vamos dizer, nos dez torneios mais importantes do ano, e jogar meu melhor lá em vez de jogar um pouco de tudo", afirma ele, apontando os quatro Grand Slams como "o grande foco".
Aos 35 anos e mais velho finalista desde 1974, Agassi perdeu para Federer no Aberto dos EUA de 2005
Afastando-se de Agassi, que no ano de sua aposentadoria sofria com duas hérnias de disco e dores que o levaram a fazer três infiltrações de cortisona, Federer tem seu próprio segredo de longevidade. "O importante é fazer as coisas certas, comer bem, dormir o suficiente, ter tratamento, alongamento, massagem, ter seu tempo de descanso, de treino. Tudo o que você precisa para ser capaz de jogar e se recuperar rapidamente. É este o segredo da longevidade, eu acho".
Se a Copa Davis está fora de calendário pelo menos provisoriamente, Federer admite que "adoraria" disputar a Olimpíada do Rio. Uma coisa pode depender da outra, conforme explica o suíço, que evita a pressão de prometer o inédito ouro em simples após ser campeão olímpico em duplas em Pequim 2008 e vice no individual em Londres 2012.
"Tenho um ouro e uma prata, vou atrás do bronze", afirma, rindo. Se seguir nas quadras até 2016, o suíço quebrará pelo menos mais um recorde, sendo o único tenista a participar de cinco edições dos Jogos Olímpicos. Atualmente está empatado, com quatro, com o romeno Andrei Pavel e o croata Goran Ivanisevic. O tênis foi reintroduzido ao evento em Seul 1988.
Confira o calendário de Federer em 2013
14 de janeiro: Aberto da Austrália
11 de fevereiro: ATP 500 de Roterdã
25 de fevereiro: ATP 500 de Dubai
4 de março: Masters 1000 de Indian Wells
6 de maio: Masters 1000 de Madri
14 de maio: Masters 1000 de Roma
27 de maio: Roland Garros
10 de junho: ATP 250 de Halle
24 de junho: Wimbledon
5 de agosto: Masters 1000 do Canadá (Montreal)
12 de agosto: Masters 1000 de Cincinnati
26 de agosto: Aberto dos Estados Unidos
7 de outubro: Masters 1000 Shanghai
28 de outubro: Masters 1000 de Paris
4 de novembro: ATP Finals (Londres)*
* Caso confirme a classificação entre os oito melhores do ranking