Após Guga, Bellucci volta a dar esperança ao tênis brasileiro
Gustavo Kuerten aposentou-se em maio de 2008 e, desde então, o tênis brasileiro resumia-se a relembrar as glórias do catarinense, tricampeão de Roland Garros e ex-número um do mundo. Contudo, em 2009, um nome ganhou força e voltou a dar esperança ao País na modalidade: Thomaz Bellucci, que completa 22 anos em 30 de dezembro.
» Veja fotos do ano de Bellucci
» Tsonga não irá a Joanesburgo
» Thiago Alves quer o bi em SP
» Del Potro é o atleta argentino de 2009
Nascido em Tietê (SP), Bellucci profissionalizou-se em 2005, mas somente quatro anos depois que realmente despontou como um nome promissor. Entre os feitos na temporada 2009 está a conquista do ATP 250 de Gstaad, que encerrou um jejum de cinco anos do tênis brasileiro sem um título deste nível - Ricardo Mello, em Del Ray Beach 2004, havia sido o último a alcançar o primeiro lugar no pódio.
Mais do que um título de expressão, em 2009 Bellucci conseguiu galgar várias posições no ranking mundial da ATP. Assim, o 36º lugar ao final da temporada já faz dele o oitavo melhor brasileiro na história da lista.
Contudo, após a boa temporada que selou sua entrada para o top 40 do tênis, Bellucci tem um ano decisivo em 2010, quando poderá mostrar se realmente será um tenista de elite ou se não passará apenas de mais uma promessa do esporte brasileiro.
A evolução
Os primeiros sinais da boa fase de Bellucci surgiram ainda em maio de 2008. Até então, a maioria das competições disputadas pelo tenista de Tietê eram do nível challenger, mas ele acabou tendo a chance de estrear na chave principal de Roland Garros justamente contra o favorito Rafael Nadal. Apesar da derrota, o brasileiro ofereceu resistência ao espanhol - perdeu por 3 sets a 0 (7/5, 6/3 e 6/1).
"Bellucci é um jogador bastante agressivo e sabe usar corretamente as suas armas, o que pode fazer a diferença", afirmou João Zwetsch, que passou a treinar o tenista canhoto no final de 2008. "Procurei trabalhar a parte mental e a movimentação dele em quadra", continuou.
No início de 2009, Bellucci aparecia em 87º lugar no ranking mundial, mas, já em fevereiro, mostrou que a temporada seria positiva. Com o apoio da torcida, na Costa do Sauípe, o brasileiro chegou à sua primeira final de um torneio da ATP, sendo derrotado pelo espanhol Tommy Robredo.
Todavia, após a boa campanha em território brasileiro, Bellucci passou por um período de oscilação - muito devido a problemas com o preparo físico, uma de suas fragilidades - e não conseguiu grandes resultados nas principais competições da ATP, sendo obrigado a disputar torneios de nível challenger novamente para recuperar seu ranking.
A reabilitação veio com a conquista do Challenger de Rimini, em julho, dando ânimo ao brasileiro para faturar o seu primeiro título da ATP na sequência. Em Gstaad, Bellucci conseguiu o troféu após superar tenistas de melhor ranking, como o suíço Stanislas Wawrinka (atual 24º) e o russo Igor Andreev (27º), vencendo o alemão Andreas Beck por 6/4 e 7/6 (7-2) na final.
A alegria pelo título inédito, porém, contrastou com o fracasso na Copa Davis, quando Bellucci perdeu para Nicolas Lapentti e viu o Brasil cair diante do Equador, deixando escapar a chance de voltar à elite do tênis mundial em 2010.
Apesar da decepção com a equipe verde e amarela, Bellucci encerra o ano de forma positiva. O brasileiro alcançou uma inédita semifinal nas quadras rápidas de Estocolmo - perdeu para o belga Oliver Rochus - e faturou o título do Challenger de São Paulo (última etapa da Copa Petrobras), conseguindo vingar-se do equatoriano Nicolas Lapentti.
Agora, Bellucci realiza pré-temporada no Rio de Janeiro visando sua volta às quadras, agendada para a primeira semana de janeiro, no ATP 250 de Brisbane. A competição serve de preparação para o Aberto da Austrália, no qual o brasileiro tentará quebrar um tabu: jogar mais do que duas partidas na chave principal de um Grand Slam.
E o tenista sabe que atingir objetivos como este será fundamental em seu ano de afirmação no tênis mundial. "Ele (Bellucci) pode chegar longe, mas sem apressar as etapas", indicou o técnico João Zwetsch.