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Tênis

ONU pede à China provas sobre paradeiro e saúde de tenista

Ex-número 1 do mundo segue desaparecida após ter acusado ex-vice-premiê de abuso sexual; chefe da WTA ameaça tirar o país do circuito mundial do tênis feminino

19 nov 2021 - 09h14
(atualizado às 12h28)
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O desaparecimento da tenista chinesa Peng Shuai, de 35 anos, após denunciar o ex-vice-primeiro-ministro Zhang Gaoli de abuso sexual segue ganhando contornos preocupantes e começa a furar a bolha do esporte. Nesta sexta-feira, a Organização das Nações Unidas (ONU) pediu à China provas sobre o paradeiro e o estado de saúde da atleta da ex-número 1 do mundo.

Peng Shuai está desaparecida
Peng Shuai está desaparecida
Foto: Reprodução/WTA

"Seria importante ter uma prova de onde ele está e saber se ele está bem. Solicitamos veementemente que uma investigação seja realizada com total transparência em suas alegações de agressão sexual", disse Liz Throssell, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Humanos Direitos Humanos, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

Apesar do barulho que o assunto vem ganhando nos últimos dias, o ministério das Relações Exteriores da China segue em silêncio sobre o caso de Peng Shuai. A repórteres, o porta-voz Zhao Lijian disse nesta sexta-feira que o assunto "não era uma questão diplomática" e que "não está ciente da situação".

Por sua vez, Steve Simons, chefe da Associação de Tênis Feminino (WTA, na sigla em inglês), ameaça retirar o país do circuito profissional do tênis feminino caso o sumiço da atleta não for esclarecido.

"Estamos prontos para retirar nosso negócio e enfrentar todas as complicações que surjam porque isso é mais importante do que o negócio", disse Simons em entrevista à CNN nesta quinta-feira. "As mulheres devem ser respeitadas e não censuradas."

Entenda o desaparecimento de Peng Shuai

Considerada a principal estrela do tênis na China, Peng Shuai está desaparecida desde o dia 11 de novembro, poucos dias após acusar Zhang Gaoli, de 75 anos, de forçá-la a fazer sexo. A denúncia foi relatada no perfil da atleta na Weibo — rede social chinesa equivalente ao Facebook, que é fortemente fiscalizada pelo Partido Comunista Chinês — , mas a publicação foi deletada pouco tempo após ela expor o caso.

A agressão teria ocorrido em 2018, segundo Peng. Ela teria sido coagida pelo político, casado, a fazer sexo. A tenista conta que resistiu e chorou antes de acabar cedendo. Nos três anos seguintes, ambos viveram um caso extraconjugal descrito como "desagradável" pela jogadora de 35 anos. Na publicação, a tenista disse que não poderia apresentar evidências que sustentassem sua afirmação pois a relação de ambos era muito restrita.

O canal estatal CGTN divulgou nos últimos dias uma captura de tela no Twitter de um e-mail atribuído a Peng e supostamente destinado a Simon e outros dirigentes da WTA. Na mensagem, a atleta supostamente afirma que as acusações de abusos sexuais "não eram verdadeiras" e que está "descansado em casa e está tudo bem".

O "e-mail" não acalmou a situação e provocou ainda mais dúvidas pela linguagem supostamente utilizada por Peng e pelo fato de que aparece um cursor de edição no corpo do texto. O nome de Peng também segue censurado na internet do país.

Estadão
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