Vasco completa 125 anos; conheça a história do clube
Fundado em 1898, sob nome de Club de Regatas Vasco da Gama, a instituição surgiu como praticante do remo
Fundado em 1898, sob nome de Club de Regatas Vasco da Gama, a instituição surgiu como praticante do remo. Por lá, a bola só começou a rolar em 1916, por influência de Raul Campos. Assim como os demais portugueses que vinham ao Brasil na época, ele chegou com o objetivo de ingressar no clube carioca. Se associou em 1913. Um ano depois, virou sócio benemérito. Mais 365 dias se passaram e se tornou presidente. A partir daí, começa a história lusitana no esporte bretão.
O primeiro time de futebol vascaíno surgiu sob descontentamento dos praticantes de remo. Depois de um início com resultados complicados, a agremiação começou a procurar jogadores em ligas periféricas, independente de cor ou condição social. Encontrou e entrou para a Liga Metropolitana de Desportos Terrestres (LMDT), que organizava o Campeonato Carioca da época, com uma equipe formada, em maioria, por negros e pobres.
Pouco tempo depois, em 1922, o Vasco foi campeão da Série B do Estadual e conquista o acesso à elite no ano seguinte. Comandado pelo uruguaio Ramón Platero, o time venceu 11 jogos, empatou dois e perdeu apenas um. A excelente campanha levou ao título da primeira divisão.
Recém-campeã da elite carioca, a equipe, que começou a ser montada em 1919, sofreu obstáculos para continuar. A Liga impôs uma regra que proibia analfabetos de atuarem no campeonato. Com ajuda do associado e bibliotecário da instituição portuguesa, Custódio Moura, os atletas conseguiram aprender a ler e escrever os dados necessários para seguirem jogando.
Um ano depois de levantar o troféu, o clube se viu em mais uma situação complicada: os rivais se reuniram para fundar a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA). Por ser o atual campeão, o Vasco foi convidado, mas com uma restrição: deveria excluir 12 de seus jogadores do elenco - negros e pertencentes das camadas populares - por não terem "condições sociais apropriadas para o convívio esportivo". No dia 7 de abril, José Augusto Prestes, presidente à época, redigiu e assinou a "Resposta Histórica", que abria mão de fazer parte da AMEA e priorizava a manutenção dos desportistas.
A representatividade em campo refletiu na sociedade, principalmente no subúrbio, que se identificou com os atletas. O apelo da torcida vascaína era muito grande, mesmo sem ter um lugar para chamar de "casa". A Cruz de Malta precisava pagar aluguel à rivais para conseguir atuar em seus estádios.
A exclusão da instituição lusitana da Associação não foi bem recebida pelo público. Com partidas sempre lotadas, o Vasco foi campeão do torneio organizado pela LMDT de forma invicta. Diante do sucesso e da repercussão, o clube é convidado para ingressar novamente na AMEA. Desta vez, sem critérios ou restrições.
Nélson, Leitão, Mingote, Nicolino, Claudionor, Artur, Paschoal, Torterolli, Arlindo, Cecy e Negrito, além do treinador Ramón Platero, foram 12 dos responsáveis por popularizar o esporte no Rio de Janeiro. Os negros, operários e semianalfabetos poderiam, e seriam, campeões.
A força cruzmaltina só aumentou. Sua torcida apaixonada liderou a campanha de arrecadação de recursos para comprar um terreno em São Cristóvão, escolhido pelo clube por ser parecido com seu local de fundação, na zona portuária do estado. 685 contos e 895 mil réis foram juntados, além de dois mil contos de réis para a construção.
Em 21 de abril de 1927, dez meses depois do início da obra, ocorreu a primeira partida no Estádio de São Januário, uma derrota carioca por 5 x 3 para o Santos. O placar pouco importou para uma torcida que acabava de erguer um estádio privado dos próprios bolsos.
Quando começaram a escrever esta história, provavelmente nenhum dos Camisas Negras imaginava o tamanho que teriam. Desde então, dentre outros troféus, a agremiação conquistou 24 títulos estaduais, quatro Brasileiros, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Mercosul.
Glórias, lutas, vitórias. Esta é a história de uma das maiores instituições do Brasil, que, hoje, 21 de agosto, completa 125 anos.