Vitória desconversa sobre ausência de protesto do Bom Senso frente a Marin
Na penúltima rodada do Campeonato Brasileiro, o movimento Bom Senso FC voltou a fazer protestos antes dos jogos. No entanto, em Vitória 4 x 2 Flamengo, no Barradão, os jogadores não se manifestaram. O presidente da CBF, José Maria Marin, estava no estádio ao lado de Marco Polo Del Nero, um dos vice-presidentes da entidade, mas segundo o presidente do Vitória, Alexi Portela, um fato não está ligado ao outro.
"Não tem nada a ver. Quando cheguei no estádio com o Marin, o jogo já havia começado há 10 minutos. Estávamos esperando a chegada de Blatter (Joseph, presidente da Fifa), mas ele se atrasou e foi direto para Costa do Sauípe", declarou o presidente, referindo-se à chegada do presidente da Fifa à Bahia, onde será realizado o sorteio dos grupos da Copa do Mundo, nesta sexta-feira, a partir das 14h.
Além da ausência do protesto do Bom Senso na partida, chamou também a atenção a presença de Marin e Del Nero no estádio, uma vez que o Cruzeiro receberia a taça de campeão brasileiro em Belo Horizonte, no mesmo horário. Com o presidente da CBF em Salvador, o diretor de competições da entidade, o baiano Virgílio Elísio, foi o encarregado de comandar a premiação ao time celeste.
Neste domingo, o presidente do Vitória fez seu último jogo no comando do clube, já que seu mandato acaba em dezembro. Como candidato único, Carlos Falcão, atual vice-presidente financeiro do clube e seu aliado, deve assumir o time rubro-negro. Portela, por sua vez, é uma das principais lideranças na comissão de clubes montada pela entidade para discutir com o Bom Senso, e é cotado para assumir a vice-presidência do Nordeste na candidatura de Marco Polo Del Nero à presidência da CBF no ano que vem.
Histórico de polêmicas
Não é a primeira vez que o Vitória está envolvido em uma polêmica quando o assunto é o Bom Senso FC e as boas relações da atual diretoria com o grupo que está à frente da CBF. No primeiro manifesto dos jogadores, o clube era um dos únicos a não ter jogadores signatários, o que gerou dúvidas sobre um possível veto da diretoria sobre os atletas.
Nos bastidores, surgiram desconfianças sobre o poder do presidente do Conselheiro Deliberativo do clube, o deputado federal José Alves Rocha (PR-BA), na decisão dos jogadores. Rocha, que faz parte da chamada "Bancada da Bola", é aliado histórico do ex-presidente da CBF, Ricardo Teixeira, de quem teria recebido doações de R$ 150 mil para campanhas políticas, nos anos de 2002 e 2006.
Em outras oportunidades, Portela chegou a criticar o Bom Senso, com o argumento de que os jogadores deveriam reduzir os seus salários e que também poderiam dividir as suas férias, sobretudo no ano que vem, no período da Copa do Mundo. Mais recentemente, adotou um discurso mais brando.
"Sou a favor do Bom Senso. Pedi aos jogadores para que, se fossem fazer algo, isso acontecesse sem atrasar a partida. Esse é um assunto que nós já discutimos internamente e eu acho que clubes e jogadores tem de ver isso como uma negociação de mão dupla. Aqui no Vitória, ninguém assinou a carta do Bom Senso, sentou em campo ou entrou com faixa, porque a gente não atrasa salários, e faz tudo sempre de forma clara", declarou o dirigente.