Sidão critica CBV e vê Brasil muito atrás de outras ligas estrangeiras
Longe das quadras para se recuperar de uma grave lesão no ombro direito, o central do Sesi Sidão vem acompanhando mais de perto o desempenho de sua esposa, a levantadora Dani Lins, do Osasco, na Superliga feminina. O jogador, assim como a central Thaisa, acredita que o nível das competições brasileiras caiu nos últimos tempos e que grande parte deste déficit se dá devido à organização da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
"O Brasil está muito abaixo, não só da Itália. Já acompanhei campeonato Turco, Italiano, Russo, Polonês. Brasil está muito abaixo de todos esses. Primeiro pelo ranking. Temos que repensar, porque nosso voleibol está perdendo, enquanto os outros países estão ganhando com as nossas jogadoras", afirmou o atleta em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
Sidão critica o sistema da CBV de ranquear as jogadoras e permitir aos clubes brasileiros "pontuações" para compor seu elenco. Neste esquema, jogadoras com ranking alto, como Natália, Thaisa, Adenízia e Fabíola, por exemplo, perdem espaço nas equipes nacionais pelo risco de estourar o máximo permitido pela entidade.
"O tanto de mulher que está jogando fora porque não tem time. Por que só podem duas de 7 pontos. Onde já se viu uma das melhores do mundo como a Natália ter que jogar fora do Brasil porque aqui não tem lugar para ela por causa do ranking", lamentou Sidão. A ponteira campeã olímpica com a Seleção Brasileira trocou o Rio de Janeiro pelo Fenerbahçe, da Turquia, nesta temporada.
"A gente tem que rever algumas coisas. Acho que a CBV não está fazendo bem para o nosso voleibol. Tenho certeza que eles vão me ligar e falar um monte de m*** para mim, mas não estou nem aí. Acho que eles têm que pensar no vôlei, mas eles estão estragando o voleibol. Em termos de organização, arbitragem, estamos bem atrás dos outros países", desabafou o central de 34 anos.
Ainda sobre questões organizacionais da entidade governante do esporte no Brasil, o jogador reprovou os acordos televisivos da CBV. "Hoje o pais vive uma crise muito grande e a CBV faz um acordo com as televisões que não pode citar o nome de um patrocinador. É horrível isso. Como um patrocinador investe num time e a TV não fala o nome? Uma hora ninguém mais vai querer patrocinar o voleibol. Por causa disso os patrocinadores vão saindo do esporte", completou.
Sem pensar em voltar a vestir a camisa da Seleção Brasileira, Sidão quer seguir se recuperando para focar em sua carreira no Sesi. O central vem respondendo bem aos tratamentos, mas não se sente confiante o bastante para voltar à Superliga ainda nesta temporada. "Acho que depois de um ano da cirurgia eu vá melhorar bastante", cravou.
*Especial para a Gazeta Esportiva