Lucidez de Bernardinho tira Unilever do "inferno" e leva a virada histórica
Com seu jeito nervoso e agitado, Bernardinho não deixou de gritar, orientar e eventualmente soltar alguns palavrões à beira da quadra na manhã deste domingo, na final da Superliga feminina. Mas apesar da intensidade, o controle do treinador foi o que fez o Unilever sair do “inferno” que havia se tornado o placar adverso de 2 sets 0 para iniciar uma impressionante reação rumo à vitória contra o Sollys Nestlé e ao oitavo título da competição.
“O Bernardo pediu para a gente refletir, pensar no que a gente estava fazendo”, contou a líbero Fabi, que relatou as orientações do técnico antes do terceiro set, aquele que separou o Unilever de um massacrante 3 a 0, levando-o à reação. “Ter lucidez quando se está perdendo é difícil. Se você não tiver isso para pensar, aí complica ainda mais”, complementou Fabi.
Até então, a situação era complicada: com muitos erros, sem esboçar reação, o time perdia por 2 a 0 e estava quase entregue. “O time estava sobre pressão, mas é aquela história: elas já tinham visto o inferno; mais quente não pode ficar”, disse o técnico. Assim, as orientações fizeram efeito: com tática e técnica, o Unilever reagiu de uma forma que desestabilizou o Sollys Osasco.
“O time passou a encarar de forma positiva e a jogar com inteligência. Não adiantaria trocar força com elas”, relatou o técnico, que notou que suas atletas paravam sempre no bloqueio liderado pela central Thaísa, de 1,96 m de altura, quando atletas como Juciely e Valeska estão longe dos 1,90 m. “Tínhamos que jogar com lucidez e sabedoria. Aí o time passou a fazer isso”, apontou.
Mesmo as mais novas cumpriram o pedido do técnico. Nos dois primeiros sets, por exemplo, boa parte da torcida gritava “saca na Gabi, saca na Gabi”. A ponteira de 18 anos foi uma das que se destacou a partir do terceiro set. “Estava jogando com atletas muito experientes. A Fofão e a Natália foram falando comigo, aí no decorrer do jogo, passou”, disse. Foi assim que a virada foi concretizada.
“Quando a gente perdeu o segundo set daquela forma, foi aí que dissemos: vamos buscar. No terceiro, o time começou a se unir”, disse Gabi. A ponteira Amanda, que pouco ficou em quadra, também deu contribuição. “A Amandinha falou algumas coisas que mexeram com o grupo. É uma jogadora nova, mas que tem experiência. A gente não merecia sair daqui com derrota por 3 a 0. Passamos a acreditar”, contou a levantadora Fofão, satisfeita.