Magoado, Sidão admite não ter mais desejo de vestir a camisa da Seleção
As lesões atrapalham muito a carreira de um atleta de alto nível. Nome presente na Seleção Brasileira de vôlei desde 2005, o central Sidão foi cortado do grupo dos Jogos Olímpicos do Rio 2016 e viu da sala de recuperação a reconquista da medalha de ouro do esporte. Procurado na época dos Jogos para suprir uma possível lesão de Maurício Souza e retornar ao elenco de Bernardinho, o jogador do Sesi não teve dúvidas em recusar. Hoje, se recuperando após cirurgia no ombro direito, o central demonstra um sentimento de mágoa e não pensa mais em vestir a camisa verde e amarela.
"Não me senti muito confortável porque sai de lá com uma lesão no ombro e estava recuperando. Não me senti confortável e não estava me sentindo pronto. Estava num ritmo de treinamento que não condiz com um ritmo de Olimpíadas. Então decidi não voltar por causa das minhas lesões", afirmou com exclusividade à Gazeta Esportiva o jogador nascido em São Caetano do Sul.
Com medo de agravar seu problema, Sidão fez bem em recusar o pedido de Bernardinho. Em setembro, um mês após a disputa das Olimpíadas, o central precisou passar por um procedimento cirúrgico no ombro direito que o deixará de fora das quadras por pelo menos mais seis meses. "Mais uns quatro meses consigo bater uma bola e aí vou sentir como vou estar e como meu ombro vai responder. Acho que vai mais uns seis, sete meses para ele ficar zero", analisou o jogador.
"No momento que recebi a ligação eu pensei primeiro em mim. Eu não estava pronto psicológica nem fisicamente para voltar. Foi uma decisão que não me arrependo nem um pouco. Acho que a seleção para mim já deu e não sinto mais vontade de voltar. Hoje tenho outros planos", confessou. Sidão voltou ao Sesi em 2015 após uma temporada no Taubaté. O central fez parte do elenco campeão da Superliga de 2010/11 com a equipe da capital paulista.
Triste com o tratamento dado pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Sidão criticou a postura da entidade. "Acho que quando a gente está lá eles ajudam, mas a partir do momento que você sai não tem nem uma ligação para saber se você está bem. Acho normal porque qualquer lugar é assim. Eles te sugam ao máximo e quando você não rende mais eles te descartam. Não sei se eles estão certos, mas, sinceramente, minha vontade e meu desejo é nunca mais vestir a camisa da Seleção", cravou Sidão.
O jogador ainda relembrou o caso do ponteiro Samuel, grande revelação do vôlei brasileiro no começo dos anos 2000, campeão da Superliga com o Minas em 2001/02 e 2006/07. "Samuel tinha um potencial extraordinário e machucou o ombro dele, daí nunca mais ligaram para ele. Depois quando ele se recuperou, convocaram de novo, mas ele pediu dispensa", relembrou.
Sem pensar mais na Seleção Brasileira, pela qual venceu quatro Ligas Mundiais (2006, 2007, 2009 e 2010), um Mundial (2010) e ainda foi medalhista de prata em Londres 2012, Sidão agora focará na reta final de sua carreira. "Eu penso em jogar até onde eu conseguir. Acho que você colocar uma meta é estranho, porque por exemplo, eu estava muito bem e de repente tive uma lesão forte e parei sete meses. Penso em jogar até uns 38, onde meu corpo aguentar", disse Sidão.
Aos 34 anos, o central quer se recuperar da melhor maneira possível para não se desgastar desnecessariamente e correr o risco de se lesionar novamente. "Se eu não tiver bem, não vou forçar. Fiz isso na temporada passada para voltar para a Seleção e não me deram nenhuma oportunidade. Na primeira chance me mandaram embora. Então vou fazer as coisas com calma e ver o que vai acontecendo", concluiu.
*Especial para a Gazeta Esportiva