Vôlei: Fofão confia no ouro do Brasil em homenagem à Tandara
A ex-levantadora, que ganhou as medalhas de ouro e bronze (duas), acredita no título olímpico brasileiro nos Jogos Olímpicos de Tóquio
A Seleção Brasileira feminina de vôlei entra em quadra na Arena Ariake, no Japão, na madrugada deste domingo, à 1h30 (de Brasília), para encarar os Estados Unidos, em busca da medalha de ouro dos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Com a experiência de quem foi campeã olímpica em Pequim-2008 e ganhou dois bronzes, em Atlanta-96 e Sidney-2000, Fofão confia no título do Brasil. “Eu vejo elas trabalhando muito pra isso. É uma Seleção que está muito focada desde a estreia, jogando um voleibol de alto nível. Isso faz com que eu acredite no ouro”, disse em entrevista ao Terra.
A ex-levantadora garante que o time de José Roberto Guimarães está fazendo por merecer subir ao lugar mais alto do pódio. “Elas chegaram a Olimpíada sem ser favoritas, mas estão demonstrando agora total capacidade de trazer a medalha de ouro”.
Vale lembrar que a Seleção terminou a fase classificatória em primeiro lugar no grupo A, com 14 pontos, com cinco vitórias: na estreia contra a mesma Coreia do Sul (3 a 0), República Dominicana (3 a 2), Japão (3 a 0), Sérvia (3 a 1) e Quênia (3 a 0). Com os triunfos diante do Comitê Olímpico Russo por 3 sets a 1, de virada, pelas quartas de final, e por 3 a 0 contra a Coreia do Sul, pela semifinal, na última sexta-feira, o time brasileiro mantém os 100% de aproveitamento e ampliou a sua invencibilidade para sete jogos. “A invencibilidade é sempre positiva, porque faz com que você consiga alcançar uma colocação muito boa”.
Na opinião da comentarista do Bandsports na Olímpiada, o doping da Tandara, que foi divulgado na sexta-feira, momentos antes de enfrentar as sul-coreanas, serviu para mostrar a força do Brasil em quadra. “O doping da Tandara foi uma surpresa pra todos, inclusive para elas como jogadoras. Elas (as jogadoras) conseguiram separar esses momentos que viveram e demonstraram ter muita maturidade. Tenho a certeza que na final elas vão jogar e homenagear a Tandara”, ressaltou.
Fofão não tem dúvidas em afirmar que o rival é a equipe mais difícil que o Brasil vai enfrentar. “Elas montam um bloqueio taticamente em cima da marcação dos adversários e tem muito volume de defesa”, explicou. Mas ela tem a receita para as brasileiras se darem bem. “O Brasil precisa trabalhar a bola, mostrar toda a sua habilidade técnica que vem demonstrando pra poder neutralizar”, finalizou.
Confira a entrevista completa de Fofão ao Terra a seguir:
Terra: Qual é a expectativa para a final?
Fofão:
A expectativa é muito boa e favorável devido a campanha que o Brasil fez, perdendo alguns sets, mas não perdendo nenhum jogo. O Brasil vem demonstrando muita força, um trabalho de grupo muito forte, onde todas as jogadoras se encontram em um bom momento. Talvez esse (EUA) seja o adversário mais difícil de toda a Olimpíada. É uma equipe muita parecida com o Brasil.
Dá pra acreditar que o ouro vem?
Dá para acreditar (no ouro). Eu vejo elas trabalhando muito pra isso. É uma Seleção que está muito focada desde a estreia, jogando um voleibol de alto nível. Isso faz com que eu acredite sim no ouro. Elas chegaram a Olimpíada sem ser favorita, mas estão demonstrando agora total capacidade de trazer a medalha de ouro.
Quais os pontos fortes dos EUA e como neutralizar?
Os pontos fortes dos Estados Unidos sem dúvida nenhuma é o trabalho de bloqueio e o sistema defensivo. Eles montam um bloqueio taticamente em cima da marcação dos adversários e tem muito volume de defesa. O Brasil precisa trabalhar a bola, mostrar toda a sua habilidade técnica que vem demonstrando pra poder neutralizar. Não pode enfrentar o bloqueio, porque é onde elas ganham mais força.
A invencibilidade dá moral ou vira pressão?
A invencibilidade é sempre positiva, porque faz com que você consiga alcançar uma colocação boa. Quando você não perde nenhum set, prejudica um pouco, mas como o Brasil já perdeu alguns sets, e demonstrou capacidade de recuperação, isso não vai afetar no sentido de ser uma pressão, muito pelo contrário, isso só fortalece cada vez mais.
Como analisa o doping da Tandara? Isso atrapalha em uma final?
O doping da Tandara foi uma surpresa pra todos, inclusive para elas como jogadoras, mas demonstraram na semifinal que não influenciou, não atrapalhou no rendimento. Lógico que afeta o grupo, porque você perdeu uma atleta importante como a Tandara nunca é bom, mas elas (as jogadoras) conseguiram separar esses momentos que viveram e demonstraram ter muita maturidade. Tenho a certeza que na final elas vão jogar e homenagear a Tandara.
O Brasil passou por algo parecido em 2007 com a Jaqueline
Vivemos esse momento da Jaqueline em 2007. Foi também um susto muito grande porque foi quase que entrando na vila pra começar os jogos recebemos essa notícia. A gente ficou muito assustado, triste porque a pessoa treinou vivenciou acompanhou tudo aquilo e naquele momento que começou a competição, ela não pode fazer parte. No caso da Tandara, vai ficar de fora de uma final olímpica, com certeza deixa o atleta muito triste. É um sentimento que também nenhum atleta gosta de viver.
A Rosamaria entrou e deu conta do recado. Comente
A Rosamaria tem sido uma grande surpresa. Já tinha entrado outras vezes em inversões com a Roberta. Mostrou muita vontade de jogar, personalidade, e teve a oportunidade de começar jogando como titular em alguns sets, mas sair jogando foi a primeira vez. Acredito que ela estava pronta e esperando esse momento. Demonstrou muita capacidade, personalidade. É uma jogadora que está sempre brigando, lutando e com certeza encarou esse momento com muita tranquilidade mostrando um ótimo voleibol.
Nessa Seleção vemos muitas jogadoras novas. Como analisa essa renovação?
É uma situação que a gente sempre vive, jogadoras novas pela primeira vez em uma Olimpíada. Isso é um fator normal que acontece em todo ciclo, assim como vai acontecer para o próximo também. É importante preparar a jogadora pra também assumir e sentir como é estar participando de uma Olimpíada. É sempre muito positivo ver a Ana Cris com 17 anos, vivendo essa sensação e tendo condições também de jogar. É muito importante já dar essa maturidade para essas atletas mais jovens.
Qual análise do trabalho do Zé Roberto?
O Zé Roberto vem fazendo um bom trabalho. A gente sempre entende que ele acaba conseguindo transformar a Seleção, porque sempre cria uma expectativa, será que vai chegar? e ele consegue montar uma equipe , dar uma cara para essa Seleção , que faz a gente acreditar e sonhar. O trabalho dele vem sendo muito bem feito, conseguiu montar uma Seleção muito organizada. As mexidas que ele tem feito durante os jogos tem sido fundamentais para a organização do time. Está demonstrando mais uma vez em uma final olímpica.
Você tem um ouro e dois bronzes. O que significa essas medalhas?
São três medalhas muito importantes, com significados muito especiais. Cada medalha a gente constrói uma história, uma equipe e se fortalece nela. Elas significam uma evolução, a minha maturidade e o meu sonho, porque eu sempre fui buscar conquistando a medalha de ouro. Essas medalhas representam pra mim todo um trabalho e dedicação que você faz durante todo um ciclo para no final colocar essa medalha no peito. Todas elas, independentemente de ser de bronze, também sempre serão fontes de inspiração pra tudo. Sempre que eu olho pra elas eu me sinto muito orgulhosa porque eu sei o quanto foi difícil colocar essas três medalhas no peito.