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"Casa dos Aristas é um desrespeito", diz Pedro Bial

Domingo, 02 de dezembro de 2001, 14h52


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  • Pedro Bial, do Fantástico, já assistiu Casa dos Aristas

    Pedro Bial, em entrevista, fala sobre o principal competidor do Fantástico, a Casa dos Artistas.

    No último domingo, a diferença média de audiência entre o Fantástico e a Casa dos Artistas chegou a 17 pontos. Como você analisa esse fenômeno de audiência?

    A Casa dos Artistas abriu um péssimo precedente para o Brasil: o desrespeito à propriedade intelectual e aos direitos autorais. Esse programa possui a patente de um holandês, que teve a idéia e registrou. Como vivemos num mercado globalizado, estamos sujeitos a certas regras. Infelizmente, algumas dessas regras foram quebradas. Imagino como os holandeses e outros países do mundo não estão olhando o Brasil neste momento: "Puxa, aquele país deve ser a casa da mãe Joana...". Acho isso muito grave.

    Mas o que achou do programa propriamente dito?

    Não sou telespectador assíduo deste tipo de programa. Quando saio às ruas, já vejo "espetáculos" demais. Mas acho que ele não é tão bem-realizado assim. Quanto a mim, só quero fazer do Fantástico um programa cada vez melhor. Não só eu, mas toda a equipe está disposta a isso. O Fantástico sempre cumpriu muito bem o seu papel de informar e entreter o público. Os jornais divulgam sempre a vitória da concorrência, nunca a apelação. Mas já estou acostumado a isso. Quando o público ficar cansado do onanismo da Casa dos Artistas, o ibope do Fantástico vai melhorar. Mas não tem problema: onanismo também não é pecado.

    A direção do Fantástico tomou alguma medida de emergência para contornar as sucessivas derrotas no Ibope?

    Não. A gente não se comportou como se estivesse acontecendo um incêndio. Mesmo porque não está. Como já disse, só fiquei mais motivado para fazer um programa cada vez melhor. Isso é o mais bacana da competição. Queremos fazer um programa que tenha impacto sobre quem o assiste. As pessoas gostam de assistir ao Fantástico porque sabem que ele tem sempre algo a acrescentar. Gosto de saber, por exemplo, que trabalho ao lado de gente como o Dráuzio Varella e o Pasquale Neto. Você não sabe como eu fico prosa com isso...

    Esta é a primeira vez que você se sente motivado com o Fantástico desde que assumiu a apresentação em 1996?

    Não. Sempre me senti motivado a fazer o Fantástico. Essa briga de audiência já existe há alguns anos. No ano passado, eles jogaram o "Show do Milhão" em cima da gente. Na ocasião, o SBT chegou perto, mas continuamos a ganhar na audiência. Outro dia mesmo, li um crítico de tevê admitir, com todas as letras: "Aplaudo qualquer coisa que vá contra a Globo". Isso, para mim, não é crítica. É campanha mesmo. Crítica supõe algo imparcial.

    Qual é a maior preocupação da direção do Fantástico na hora de editar o programa?

    O Fantástico sempre foi um programa popular. Por isso, procuramos sempre exibir matérias que possam alcançar o maior número possível de pessoas. Se eu tiver da fazer uma matéria mais árida sobre a economia da China, por exemplo, deixo para fazê-la no "Jornal da Globo". Gosto de exibir matérias que qualquer pessoa, de qualquer nível de instrução, possa entender e desfrutar.

    O que nunca entraria na pauta do Fantástico?

    Jamais exibiria algo que explorasse a miséria do jeito que ela é explorada em outros canais. A abordagem do Fantástico é sempre jornalística. Nunca faria da miséria humana um espetáculo mórbido de audiência. Neste caso, o Fantástico deixaria de ser o "show da vida" e passaria a ser o "show da morte".

    Quais os prós e contras de apresentar um programa de variedades nas noites de domingo?

    O "contra" é, sem dúvida, não ter nunca um fim-de-semana para descansar. Teoricamente, só tenho folga às segundas. Mas, raramente, consigo respeitá-las. As minhas folgas dificilmente coincidem com as de meus filhos. Já o "pró" é a possibilidade de influir no dia-a-dia do país. Uma matéria com substância, bem editada, tem repercussão imediata. Gosto de atuar no aperfeiçoamento da democracia brasileira.

    Desde que passou a apresentar o Fantástico, a série "Viagem ao Planeta China" é a primeira grande reportagem que você faz no exterior. Você já estava com saudade dos tempos de correspondente internacional?

    Sim. Já havia feito outras viagens, mas nenhuma delas tão longa quanto esta. Passei 20 dias na China. A partir de agora, quero voltar a atuar mais como repórter. Vou continuar apresentando o Fantástico, mas, sempre que houver alguma grande viagem para fazer, vou tentar fazê-la. Alguns jornalistas têm vocação para a redação. Outros, para a rua. Eu me encaixo na segunda categoria. Acho que exerço melhor a minha profissão quando estou na rua.

    Depois de exercer o cargo de correspondente por oito anos, você sentiu alguma dificuldade em apresentar o Fantástico?

    Eu diria que foi difícil passar de "sujeito" para "objeto" da notícia. Hoje em dia, quanto mais me envolvo com o programa, menos dificuldade eu sinto. Ando muito engajado na feitura e no fechamento do Fantástico. Isso facilita as coisas como apresentador. Ainda mais que estamos vivendo uma briga de audiência. Nunca estive tão motivado quanto agora. De qualquer forma, ainda existe uma "camisa-de-força" que tento superar. Mas reconheço que é difícil. O Fantástico tem quase 30 anos no ar. Não dá para quebrar essa formalidade de uma hora para outra. Às vezes, quase não me reconheço no vídeo. Quando volto para casa e assisto ao programa pela Globo News, levo um susto. Mas essa situação está ficando cada vez mais fácil. E menos esquizofrênica também.

    Nestes oito anos, você cobriu crises, guerras e revoluções. Qual foi a sensação de ficar de fora da Guerra do Afeganistão?

    Quando fui à China, já estava preparado para embarcar para o Paquistão a qualquer momento. Infelizmente, os vôos foram cancelados assim que começaram os bombardeios. Por isso, a Globo achou melhor mandar alguém de Londres. Num primeiro momento, quis muito ir. Quando começou aquela confusão, me deu aquela "coceirinha" de participar da cobertura. Mas, depois, fiquei apaziguado. Se eu não for agora, irei em outra oportunidade. Esta guerra não vai acabar tão cedo...

    Que acontecimento você mais se orgulha de ter testemunhado como correspondente internacional da Globo?

    O golpe de agosto de 1991 na União Soviética. Por obra da sorte ou, como diz minha mãe, do destino, estava em Moscou naquele 19 de agosto de 1991. Fiz a cobertura quase clandestinamente. Não estava credenciado a trabalhar como repórter no país. A rigor, minha presença era ilegal. Mas as coisas aconteceram numa velocidade estonteante. Eu destacaria este momento como o mais importante da minha carreira.

    E em que momento você mais temeu pela sua vida?

    Sarajevo foi o lugar mais perigoso que conheci. Quando andava pelas ruas, não sabia de onde vinham os tiros. Em Angola, corri até mais risco de vida. Cheguei a ser capturado por guerrilheiros da Unita e fiquei, por mais de cinco horas, sob a mira das armas. Mas, em Sarajevo, temi pela minha vida. Depois que voltei para Londres, ainda acordava, assustado, no meio da noite.

    André Bernardo/ TV Press

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