Os britânicos vão celebrar neste fim de semana os 50 anos do turbulento reinado de Elizabeth II. Serão quatro dias de festa nas ruas e no palácio para uma rainha que ainda está de luto pela recente morte de uma irmã e de sua mãe. "É a festa dela. Após tudo o que ela passou, a rainha merece", disse o estudante Cameron Johnson, que organiza uma festa de rua com seus amigos na zona leste de Londres na segunda-feira.
Como acontece com muitos britânicos, seu afeto pela rainha aumentou com as recentes mortes da rainha-mãe, aos 101 anos, e da princesa Margaret. A rainha também sofreu um golpe com o fracasso nos casamentos de três filhos e com o assédio da imprensa sobre os escorregões da família real.
As celebrações começam no sábado, com um concerto de música clássica no palácio de Buckingham. No domingo, enquanto milhões de ingleses estiverem acompanhando a estréia do seu país na Copa, a rainha participará de uma cerimônia religiosa. Em toda a Grã-Bretanha, haverá missas especiais por ela.
A segunda-feira será o dia das festas de rua e de um show com estrelas da música pop nos jardins do palácio. O cerimonial proibiu os músicos, entre eles o metaleiro Ozzy Osbourne, de gritar ou dizer palavrões no palco.
Na terça-feira, último dia das celebrações, a rainha participa de uma missa de Ação de Graças na catedral de São Paulo, seguida por uma parada de 20 mil pessoas comandada pela gangue de motoqueiros Hell's Angels. Um coral gospel de 5 mil pessoas, o maior do mundo, cantará no evento.
As manifestações de respeito e patriotismo que marcaram o jubileu de prata, em 1977, já não existem mais, mas o afeto pela monarquia milenar permanece, especialmente entre pessoas idosas e os mais pobres. "O jubileu de 1977, o casamento de Charles e Diana... Parece que foi ontem", comentou Janet Kew, 68, que decora sua casa, no norte da Inglaterra, com objetos alusivos à realeza.
Os republicanos naturalmente não vêem graça nessa festa. Nesta semana, a entidade radical Demos publicou um panfleto pedindo a abdicação dela aos 80 anos. Outro grupo quer fazer uma festa chamada Executem a Rainha, em que uma guilhotina vai decapitar uma representação de Elizabeth 2a..
A rainha sabe que seu país está passando por muitas mudanças, e em suas últimas viagens procura conhecer comunidades pobres ou de imigrantes. "Em toda essa interminável mudança, só a rainha continua a mesma - uma pequena voz de calma no olho da tempestade", disse o documentarista real William Shawcroos.