Domingo, 02 de junho de 2002, 00h58
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Luiza Dantas/CZN
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A atriz que hoje interpreta a estilista Antônia em Desejos de Mulher é bem diferente da Mariana Lima que estreou em O Rei do Gado, em 1996. A saída do anonimato direto para a novela das oito da Globo foi um susto que ela não estava preparada para enfrentar. Hoje, Mariana sabe lidar melhor com o assédio decorrente de seu trabalho na televisão, mas a repercussão de Liliana, sua personagem de estréia na tevê, ainda a impressiona. "Eu tinha medo de me expor, sofri com o assédio nas ruas, não conseguia dar autógrafo, não sabia me relacionar com a imprensa", lembra. Longe da telinha desde 1998, quando interpretou a Branca Bela de Serras Azuis, na Band, Mariana garante que o afastamento não foi planejado. Integrante do grupo Teatro da Vertigem, de São Paulo, a atriz passou um ano e meio envolvida com a criação do espetáculo Apocalipse 1,11, que viajou um ano em temporadas no Brasil, em Portugal e na Dinamarca. A peça, dirigida por Antônio Araújo, acabou responsável também pela volta de Mariana às novelas. O convite para atuar em Desejos de Mulher veio depois que Euclydes Marinho assistiu a seu trabalho no teatro. Com Antônia, Mariana celebra uma nova fase em sua carreira. Para ela, fruto da proximidade dos 30 anos, que completa em agosto. "Estou mais consciente de estar fazendo um trabalho na tevê. É tudo mais tranqüilo: dar entrevistas, falar com as pessoas nas ruas", comemora. Entre outras coisas, a atriz conseguiu se livrar de parte de seu "sentimento trágico diante da vida", e hoje sente-se mais calma, mais sábia e menos "febril" com as coisas que deseja. Antes, ficava desesperada a cada vez que não conseguia alguma coisa, e chegou a pensar que nunca mais faria televisão. "Tudo era nunca mais. Mas a vida é cheia de surpresas, não existe isso, tudo muda", ensina, serena. A alegria com a chegada da maturidade confunde-se com o prazer que tem conseguido tirar do trabalho. "Tenho prazer em ler, fazer e ver a novela. Tenho gostado de ir para o estúdio, de falar sobre o trabalho, de a personagem ter crescido", conta. Na sinopse, Antônia era uma simples assistente de Andréa - Regina Duarte. A personagem cresceu com o envolvimento com Bruno - José de Abreu -, que a leva a trair a estilista, deixando às claras sua personalidade dúbia. É assim, aliás, que Mariana define Antônia. Para a atriz, apesar de muito ambiciosa, ela não é uma vilã. É uma pessoa de princípios, que perde o controle das coisas quando se apaixona por Bruno. Mariana se diverte com as surpresas provocadas pela personalidade complexa de Antônia. "Quando chega um capítulo novo eu penso: para onde está indo esta criatura?", brinca. A personagem ainda deve surpreender muito a atriz. Nos próximos capítulos, ela chega a se casar com Bruno. Além disso, o fracasso de seu próximo desfile vai praticamente levar o estúdio à falência. Enquanto Antônia apronta suas surpresas, Mariana já trabalha em projetos para depois da novela. Em outubro, ela estréia no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, o monólogo A Paixão Segundo G. H., da obra de Clarice Lispector. A peça está em fase de ensaios e é dirigida pelo marido da atriz, o ator Enrique Diaz. Mergulhada no universo de Clarice, Mariana aproveitou para escrever o curta Restos de Carnaval, adaptado de um conto da escritora. "Sempre escrevi muito para mim mesma, nada para ser publicado", revela. O contrato com a Globo, assinado por obra, termina em agosto, junto com Desejos de Mulher. Por isso, Mariana não sabe quando volta às novelas. Mas, agora que aprendeu a curtir o trabalho na televisão, não pretende parar mais. Sem ansiedades, é claro. "Sei que depende muito de mim. Conheço mais o mercado, posso produzir minhas próprias coisas, não preciso ficar esperando um telefonema", avalia, segura.
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Renata Petrocelli TV Press
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